O governo fascista de Israel, a partir do dia 06 último, intensificou os ataques ao leste da cidade de Rafah, no Sul da faixa de Gaza. Os ataques a Rafah aconteceram pouco depois do Hamas ter aceitado os termos de uma proposta de cessar-fogo, negociada pelos governos de Egito e Catar, com a participação inclusive dos EUA. O governo de Israel, que se encontra em uma imensa encalacrada política, rejeitou a proposta.
Em Rafah estão 1,4 milhão de refugiados de outras áreas do território, padecendo de fome e sede e vivendo em barracas de lona. Israel começou a bombardear Rafah, mesmo com os apelos de praticamente o mundo todo, inclusive dos países que financiam o massacre, EUA à frente. Israel já iniciou um ataque por terra a uma população que já está vivendo em condições sub-humanas. O pretexto para mais essa monstruosidade é o de que Rafah seria o último bastião de resistência do Hamas.
Segundo o governo de Israel, das 24 brigadas do Hamas, que existiam no início do conflito, restam 4, que estariam escondidas em Rafah. Pelos antecedentes, toda a explicação é mentirosa. Mentir é da natureza do sionismo desde o seu nascimento, no final do século XIX. Lembrem-se dos 40 bebês decapitados, e outras atrocidades supostamente cometidas pelo Hamas, calúnias já amplamente desmentidas pela imprensa internacional.
A operação em Rafah é tão absurda, que até os Estados Unidos, que sustentam política e financeiramente Israel desde a sua fundação, está contra uma operação “em larga escala” do exército israelense na região. O argumento falacioso dos EUA é que não foi elaborado um plano humanitário para os refugiados da região. O que é de uma hipocrisia atroz, porque não tem como proteger uma população desarmada, morando em barracas de lona, de um exército com instinto assassino e muito bem equipado. O fato é que, principal cúmplice do genocídio, Joe Biden está preocupado com sua reeleição, e não com a matança em larga escala de crianças palestinas. Um banho de sangue em Rafah talvez seja a última pá de cal na combalida campanha de reeleição de Biden.
Dos quase 2,3 milhões de habitantes de Gaza, mais de 1,4 milhão foram se refugiar em Rafah, que, segundo o governo de Israel, seria um local “seguro”. Antes do conflito viviam na cidade em torno de 250 mil pessoas. Os campos de refugiados no entorno de Rafah estão superlotados, falta comida, água potável, remédios. Israel não deixa chegar alimentos e outros bens de primeira necessidade. Segundo a ONU, atualmente Israel deixa entrar em Gaza cerca de 3% do volume médio diário de suprimentos incluindo água, alimentos e produtos médicos, que entravam em Gaza antes do conflito. Segundo a organização para suprir minimamente as necessidades, é preciso pelo menos 100 caminhões por dia. Mesmo com apenas 3% dos suprimentos, não pode entrar combustível, que praticamente não existe mais na Faixa de Gaza. O que significa falta total de água e fechamento, por exemplo, das padarias.
Em Rafah estão precariamente instalados cerca de 600 mil meninas e meninos, que não tem para onde escapar. Numa ofensiva por terra do exército de Israel em Rafah, aqueles que não morrerem pelas balas e granadas, podem morrer de sede ou de fome. Nessa guerra, desde o início acontece uma coisa rara na história dos conflitos: mulheres e crianças são mortas mais do que homens e os feridos são apenas o dobro dos mortos. Isso reflete a agressividade dos sionistas, que querem matar ou expulsar a todos. Qual o mérito de matar e aleijar crianças, numa guerra absolutamente desigual?
Os sionistas destruíram praticamente 100% dos hospitais de Gaza e matam de propósito doentes e feridos, assim como médicos e enfermeiros. O exército bem armado de Israel já destruiu 80% das moradias, todas as universidades, a maioria das escolas, mesquitas e igrejas. A infraestrutura da Faixa de Gaza, foi toda liquidada, incluindo instalações de água, poços etc. O objetivo é a limpeza étnica, como está fartamente documentado, inclusive por historiadores judeus. Ou seja, o assassinato ou a expulsão de todos os palestinos da sua terra, é uma estratégia, desde o início. É aquilo que membros do governo de Israel tem dito desde sempre. Os palestinos têm uma de duas opções: ir embora ou serem assassinados. Desde a Nakba, em 1947 e 1948, tem sido assim.
Cerca de 75% dos habitantes de Gaza têm menos de 18 anos, isto é, são crianças. Portanto, o ataque aos alvos civis tem a intenção deliberada de matar crianças, não é um efeito colateral da guerra. O “problema” demográfico está na raiz do comportamento do movimento sionista, desde antes da fundação de Israel em 1948. Atualmente, no interior das fronteiras da Palestina histórica, do Rio Jordão ao Mar Vermelho, existem 7 milhões de judeus e mais de 7 milhões de palestinos. Além disso, há outros 7 milhões de palestinos no exterior, na chamada diáspora palestina. Nesse quadro, tudo indica que os sionistas elegeram mesmo as crianças como alvo dos ataques em Gaza.
Antes de 7 de outubro, mais de 80% da população vivia abaixo da linha da pobreza e a taxa de desemprego em geral é de 50% (entre os jovens essa taxa chega a 65%). Não existe estatística atualizada neste momento, mas obviamente, com o conflito esses indicadores todos escalaram. Israel sempre impediu qualquer possibilidade de progresso econômico e social na Palestina. Fez isso através de muitas ações, como o confisco permanente de terras palestinas, água e outros recursos naturais.
Nas inúmeras invasões da Cisjordânia e Gaza, quando havia o cessar-fogo, os soldados israelenses, na saída, iam destruindo estabelecimentos, pequenas empresas perto das fronteiras, negócios muito pequenos e simples. Mas atenção: não é uma simples crueldade fascista dos militares. Faz parte da estratégia geral de limpeza étnica. Os sionistas aprenderam muito com os ingleses desde, pelo menos, a década de 1930.
Desde 2006 (18 anos), não houve nenhum dia em Gaza que tivesse tido eletricidade durante 24 horas seguidas. Sem energia elétrica não tem produção de riquezas, não tem como erguer nem mesmo uma pequena economia. O combustível também sempre foi controlado pelos israelenses, já antes do conflito. Agora não existe mesmo. Já antes da guerra, conexão com a internet, energia elétrica para as empresas, combustível para os estabelecimentos, tudo estava totalmente racionado.
Faz parte da política de dominação, liquidar a economia do povo palestino. Para o invasor, não pode haver geração de riqueza e renda, porque a população pode se reerguer. Independentemente do que acontecer nos próximos meses na Palestina (e não será coisa boa), Netanyahu e os outros assassinos já perderam essa guerra. Em 7 meses de guerra, a máscara de Israel caiu por terra, como revela o movimento dos estudantes norte-americanos, que tende a se espalhar pelo mundo. Inclusive pelo Brasil, como já começa a acontecer.