Por James Ratiere para Desacato.info
Eu tropecei em mim mesmo, cai e fiquei ali, sentindo a dor e a frustração tomar meu corpo. Aqui, tudo vai tomando uma propensão gigante, se assomando e minha cabeça passa a ter uma discussão interna, ali no chão.
Preciso resolver comigo mesmo o porquê me deixei cair, qual o motivo de fazer-me tropeçar naquele exato momento em que estava perto de chegar.
Choro, me xingo, coloco-me pra baixo e vou girando numa crescente de emoções que vão solidificando o negativo de mim mesmo. Nesta batalha, o impostor ganha e fico me sentindo a pior pessoa do mundo, aquela que não tem merecimento de nada, que é medíocre, que nunca chegou a lugar algum por si mesma.
Minha garganta fecha e a sensação de cair num vazio turbulento é claustrofóbico. O corpo vai se contraindo e a respiração ficando difícil.
Tropecei em mim mesmo por querer chegar depressa, me dói o tempo, me dói saber que nada disso é real, que tudo acontece na minha mente enquanto estou sentado no chão da cozinha me balançando e repetindo “vai passar, precisa passar”.
Tento pensar coisas boas, família, amigos, todas as conquistas até aqui, tento respirar fundo e lentamente, indo e vindo, pausadamente.
Na minha cabeça, eu vou me levantando do chão, limpo a poeira, verifico as feridas que a queda deixou e finalmente olho para o ponto de chegada. Era apenas o término de um artigo, mas foi o estopim para tudo isso que eu senti.
Primeira crise de ansiedade, primeiro dia de muitos em que eu me senti alguém tão coco da mosca do coco do cavalo do bandido do filme de faroeste, que aquilo me paralisou.
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James Ratiere é estudante de Jornalismo e escritor nas horas vagas desde os 14 anos.
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