A máquina de propaganda sionista não para de criar slogans para tentar enganar o mundo sobre o suposto poderio militar e moral das suas forças armadas. Já inventaram que as Forças de Defesa de Israel (IDF, da sigla em inglês) são as “mais morais do mundo”, “o exército mais bem treinado do mundo” e “uma fera de aço invencível”.
No entanto, essas mentiras sionistas vêm sendo desmoralizadas, dia após dia, pelos fracassos retumbantes da sua máquina militar em Gaza e na frente Norte, na qual a resistência palestina e o Hezbollah libanês vêm impondo seguidas derrotas a “Israel” e promovendo o esgotamento dos planos operacionais baseados na força militar excessiva, destruição da infraestrutura e dezenas de milhares de mortes e feridos.
E notem que o Hezbollah declara que suas ações no Norte da Palestina ocupada, são para distrair as forças do inimigo e pressioná-lo a parar a agressão sionista na Faixa de Gaza, através do uso de uma tática militar moderna, com elevada flexibilidade operacional e com constante ritmo de combate, conforme os objetivos traçados no discurso do secretário-geral Sayyed Hassan Nasrallah, em 3 de novembro.
“Israel” contabiliza um infortúnio sem medidas, ao não conseguir alcançar a vitória total prometida por Netanyahu. Nem expulsou o Hamas de Gaza e nem recuperou os reféns israelenses. Ao contrário disso, além de derrota militar, política e moral em Gaza, “Israel” vem perdendo o Norte da Palestina ocupada, com a destruição de seus postos militares e a evasão massiva de colonos judeus.
Há exatos oito meses, “Israel” vem empreendendo uma guerra genocida de contra o povo palestino na Faixa de Gaza, utilizando toda sua capacidade e utilizando todo tipo de armas, munições e bombas internacionalmente proibidas, bombardeando indiscriminadamente escolas, hospitais e áreas protegidas pelo Direito Humanitário Internacional.
A resistência palestina humilhou “Israel” com as ações do 7 de outubro, quando controlou de maneira inédita os assentamentos e as bases militares sionistas durante um dia inteiro. A “Inundação de Al-Aqsa” é o enfrentamento que precisava ser feito contra o inimigo e aconteceu na hora certa. A resposta que precisava ser dado, depois de 76 anos de ocupação. A guerra em Gaza é uma situação em que não há saída para o regime sionista. Foi um golpe decisivo, uma ferida da qual “Israel” não será curado e nem o imperialismo poderá salvá-lo.
Nas últimas semanas tem se evidenciado críticas de ex-chefes militares sionistas e analistas, sobre a incapacidade de “Israel” responder à altura, nem ao Hamas nem ao Hezbollah, ao ponto do ex-vice-chefe do Conselho de Segurança sionista durante a guerra de 2006, Haim Tomer, declarar que dificilmente “Israel” vença uma guerra contra o Líbano, “nem rapidamente, nem nunca”.
Enquanto a resistência libanesa possui capacidades para defender o Líbano de forma independente, com seus milhares de mísseis de precisão que podem destruir em segundos alvos estratégicos em qualquer ponto de “Israel”, os sionistas não dispõem no seu arsenal das armas necessárias para uma guerra com o Hezbollah, que depende da remessa de armas pelos Estados Unidos, tanto para a guerra em Gaza, quanto no Líbano.
O regime sionista parece não ter aprendido nem tirado lições dos fracassos de 7 de outubro, tampouco resolvido os problemas dentro das tropas, com o declínio alarmante de um exército exausto e com baixa taxa de alistamento, falta de disciplina, perspectiva ou estratégia política, além do isolamento internacional de “Israel”, que é rejeitado e expulso de todos os fóruns e partes do mundo.
“Israel” sabe que uma aventura massiva contra o Líbano poderá significar o seu fim. Vários meios de comunicação israelenses fizeram críticas ao exército sionista pelo prolongamento da guerra em Gaza e pela sua incapacidade de enfrentar o Hezbollah no Norte, os mísseis do Iêmen e do Iraque e o aumento dos ataques a partir da Cisjordânia.
Os chefes sionistas sabem que não há esperança de vitória absoluta em Gaza. E que a situação está se tornando pior no Norte, na qual o exército israelense perde continuamente sua capacidade militar com a destruição de dispositivos de vigilância e espionagem, e inúmeras baterias do sistema antimíssil Iron Dome, instalados nas numerosas bases militares ao longo da extensa fronteira com o Líbano.
Some-se a tudo isto, a atual crise enfrentada pelo gabinete sionista, que num só dia teve a baixa de quatro integrantes, entre eles o chefe do Gabinete de Guerra, Benny Gantz, que saiu cobrando a realização de eleições para formação de novo governo sionista, o que representa um duro golpe no primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que vem celebrando a vitória de pirro no resgate de quatro prisioneiros israelense na Faixa de Gaza.
Está em gestação uma série de perigos para a continuidade da ocupação sionista. Uma aventura de “Israel” em solo libanês custaria um enorme preço em perdas humanas e econômicas, levando ao colapso da economia sionista se o Hezbollah atacar as instalações industriais, especialmente as empresas tecnológicas, que geram bilhões de dólares anualmente.
Um ataque ao Líbano causará um desastre para a existência de “Israel”, que já se mostrou incapaz de travar uma guerra em grande escala contra um inimigo mais formidável que o Hamas, com grande capacidade militar, e com combatentes muçulmanos e cristãos dispostos ao sacrifício da própria vida por uma causa baseada na justiça e na luta contra a opressão.
Sayid Marcos Tenório é historiador, especialista em Relações Internacionais e vice-presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal). Autor do livro Palestina: do mito da terra prometida à terra da resistência (Anita Garibaldi/Ibraspal). Twitter/X: @soupalestina
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