Gráfico da Oxfam revela crescimento acelerado da desigualdade.
Em 2010, eram necessários 388 mega-bilionários para igualar a riqueza de metade da população do planeta. Em 2015, este número caiu para 62
Retrato de um sistema em degradação moral: nove das dez pessoas mais ricas do mundo estão envolvidas com trabalho escravo e infantil, superexploração, espionagem e patrocínio de golpes de Estado.
Por Mauro Lopes.*
Teve grande repercussão o estudo divulgado pela OXFAM segundo o qual 1% das pessoas mais ricas do mundo detêm mais riqueza que as demais 99%. No mesmo estudo, indicou-se que apenas 62 multimilionários têm riqueza equivalente à da metade da população do planeta. Veja aqui a íntegra do estudo em português. Agora, um conselheiro da entidade, que reúne 17 organizações não-governamentais, o russo Mikhail Maslennikov demonstrou como essa concentração é fruto de ação meticulosa das elites globais – veja a entrevista em português, veiculada pelo Outras Palavrasclicando aqui.
A BBC Brasil apresentou em reportagem quem são os 62 multimilionários que controlam metade da riqueza mundial – leia aqui se quiser. Na reportagem da BBC há algo que é uma febre nas redes: listas. O texto apresentou os “Top Ten”, os 10 mais ricos. É uma lista reveladora do caráter do capitalismo. Da dezena listada, nove são conhecidos por práticas que incluem uso de mão de obra escrava, superexploração de trabalhadores e espionagem a serviço da agência americana de segurança (NSA).O sistema ideológico do capitalismo enfia na cabeça e coração das pessoas histórias de “heróis” que fizeram fortuna com base em sua criatividade, genialidade, perseverança, intuição… É o que nos é vendido na mídia tradicional, pelo sistema escolar e acadêmico dominante, consultorias, publicidade… Mas os pés de barro desses “gigantes” ficam ocultos.
Vejamos a lista dos “10 mais”:
1. Bill Gates (US$ 79 bi) – a Microsoft é alvo de seguidas denúncias de uso de mão de obra em condições análogas à escravidão na Ásia, além de uso de crianças nas linhas de montagem – leia aqui.
2. Carlos Slim (US$ 77 bi) – empresas do império de telecomunicações do mexicano têm sido acusadas de condições degradantes de trabalho, especialmente em terceirizadas sob sua contratação, inclusive no Brasil – leia aqui.
3. Warren Buffet (US$ 72,7 bi) – é um ícone dos defensores do capitalismo, endeusado por eles, logo depois do “primeiro deus” (o dinheiro, claro). Fez sua fortuna investindo em empresas ao redor do mundo. Em 2015, sua holding firmou parceria com a 3G Capital, uma dessas empresas de fusões e aquisições ao estilo das mais selvagens dos anos 80: sua especialidade é fundir empresas e cortar milhares e milhares de pessoas. Buffet chegou a confrontar-se com acionistas de sua holding para defender as práticas de sua nova sócia – leia aqui.
4. Amancio Ortega (US$ 64,5 bi) – a Zara e outras empresas de Ortega são as líderes mundiais da chamada “fast fashion” (moda rápida), baseada em uso de mão de obra em condições análogas à escravidão no Brasil, Ásia e África – leia aqui.
5. Larry Ellison (US$ 54 bi) – sua empresa, a Oracle, está sob investigação na China pela acusação de ter colaborado com a NSA (agência de segurança do governo americano) no hackeamento das redes de universidades chinesas e de Hong Kong, do Ministério de Segurança Pública e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Conselho de Estado – leia aqui.
6. Charles Koch (US$ 42,9 bi) – ele e seu irmão David, proprietários de empresas de petróleo e outras, são grandes financiadores das articulações de direita golpistas na América Latina, de cientistas que se opõem às evidências do aquecimento global e do livre porte de armas – leia aqui.
7. David Koch (US$ 42,9 bi) – irmão de Charles, o sexto da lista.
8. Christy Walton (US$ 41,7 bi) – os irmãos Walton, controladores da Walmart (terceira maior empresa do planeta) implantaram desde sua fundação, em 1962, uma política de salários irrisórios e veto a qualquer tentativa de organização de seus trabalhadores –leiaaqui.
9. Jim Walton (US$ 40,6 bi) – irmão de Christy, a oitava da lista.
10. Liliane Bettencourt (US$ 40,1 bi) – a L’Oreal e sua controladora são as únicas sobre as quais não pesam acusações/evidências de maus tratos às pessoas ou ação contra seus direitos.
O caráter do capitalismo pelos seus “ídolos”.
Por fim, uma leitura imperdível se você quer entender o processo de concentração da renda e a impossibilidade de uma solução de paz e humana no contexto do capitalismo Um artigo do professor Ronaldo Herrlein Jr. Da UFRGS – leia aqui.
Fonte: Outras Palavras