Quem cultiva a terra sabe que vêm de suas mãos os alimentos que contribuem para a imunidade e, na hora da doença, permitem que o organismo se reestabeleça. Cientes desse compromisso, agricultores assentados da reforma agrária em Santa Catarina têm feito, desde o início da pandemia por covid-19, doações significativas a quem tem fome, está doente ou cuida dos enfermos. No total, desde o início da pandemia, já foram mais de 73 toneladas de alimentos doados.
Em Caçador, no Meio Oeste do estado, o Hospital Maicé é referência para o tratamento de covid-19 na região e foi um dos atingidos pelo agravamento da contaminação em 2021. Por isso, as dez famílias do assentamento Hermínio Gonçalves dos Santos que já faziam doações regulares ao hospital, intensificaram as remessas.
As entregas de frutas, verduras e legumes chegam a ser de uma tonelada por semana, de acordo com a necessidade relatada pela administração. “Nós temos um volume bem grande de refeições, tanto para os funcionários quanto para pacientes e acompanhantes, por isso essa doação deles, de alimentos fresquinhos e de qualidade, é de extrema importância para a instituição”, revela a irmã Elizabeth Lima, diretora do hospital.
Para os agricultores Neusa e Jacemir Buffon, o ato de doar não é isolado, mas faz parte da própria concepção de pertencimento à uma sociedade carente. “Solidariedade não é você dar o que sobra, é repartir o que tem. O hospital é uma entidade que precisa ser reconhecida porque é lá que cada um vai na hora que mais precisa”, explica Buffon. A irmã Elizabeth relata que atitudes como as dos assentados têm comovido a direção. “Essa sensibilidade das pessoas tem colocado o hospital como um alvo do bem, despertando um efeito cascata de solidariedade”, comemora.
Dia Mundial da Saúde
Em Curitibanos, no Planalto catarinense, os assentados aproveitaram o Dia Mundial da Saúde (7 de abril) para entregar ao Hospital Regional Hélio Anjos Ortiz mais de 8 toneladas de alimentos. As doações foram arrecadadas em assentamentos de Correia Pinto, Curitibanos, Fraiburgo, Lebon Régis, Ponte Alta e São Cristóvão do Sul. As entregas desse ano se somam às mais de 65,4 toneladas doadas pelos assentamentos em Santa Catarina no ano de 2020.
Muito além das doações, o impacto da produção de alimentos nos assentamentos para amenizar o sofrimento na pandemia passa também pelos mercados institucionais. Por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do Governo Federal, a assistência social das prefeituras compra dos assentados para alimentar famílias em vulnerabilidade social em diversos municípios do estado, como é o caso de Correia Pinto, na região serrana.
“Os agricultores habilitados para a merenda como nós entraram num edital do PAA que a prefeitura fez para ajudar as famílias mais necessitadas por causa da pandemia”, conta Liliane Gonçalves Ferreira, do assentamento Pátria Livre. Para Liliane e para as milhares de famílias assentadas no estado, contribuir com alimentação de qualidade nesse momento é a oportunidade de mostrar a importância da produção da agricultura familiar e da reforma agrária no sustento do País.
Assessoria de Comunicação do Incra/SC
(48) 3733-3557
[email protected]
incra.gov.br/sc
twitter.com/incrasc
facebook.com/incrasc