Assassinato de onça parda retoma debate sobre PEC da Caça

O candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) é um dos defensores da regularização da caça.

Foto: Reprodução

Uma onça parda (Puma concolor) foi brutalmente assassinada por caçadores, em Santa Catarina. Pelas imagens, o crime foi cometido no último fim de semana e em alguma região de Rio Novo e Serra dos Alves, no município de Agrolândia. A revelação do vídeo feito pelos próprios assassinos retoma o debate sobre a regularização da prática no Brasil. O projeto de lei 6268/2016, de autoria do deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), regulamenta a caça de animais silvestres no Brasil, inclusive, dentro de unidades de conservação. Outro defensor da caça é o candidato à presidente Jair Bolsonaro (PSL).

No vídeo, o animal é perseguido e morto a pauladas, tiros e com o auxílio de cachorros, enquanto os caçadores que participam da ação comemoram entusiasmados o feito. A Polícia Civil já abriu um inquérito para apurar o crime. O vídeo pode ser visto aqui. A onça, conhecida também como “Suçuarana” e chamada, na região Sul do Brasil de “Leão Baio”, está ameaçada de extinção e é uma espécie que ocupa o topo da cadeia alimentar, por isso, tem papel essencial no equilíbrio de todo o ecossistema. Sua principal função é controlar a superpopulação de outros animais.

O homem que grava tudo e aparece em um dos vídeos segurando a cabeça do animal já morto é Lauri Sutil Narciso, ex-vereador do município catarinense de Agrolândia e hoje servidor público da prefeitura. Ele é um dos vereadores envolvidos no escândalo dos servidores públicos que foram passear em Foz do Iguaçu e fazer compras no Paraguai, em janeiro de 2006, usando dinheiro público. O município gastou, na época, o valor total de R$ 11.741,44 com o desvio. Todos, incluindo Lauri, foram na época condenados pela Justiça e obrigados a ressarcir o município. Eles também ficaram impedidos de exercer cargos políticos pelo período de oito anos.

Regulamentação da caça

projeto de lei 6268/2016, de autoria do deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), que regulamenta a caça de animais silvestres no Brasil, inclusive, dentro de unidades de conservação, for aprovado. A proposta prevê a viabilização do maior retrocesso da história de proteção à fauna brasileira, desde que a caça ficou proibida no país, em 1967.

Essa ideia, que tramita hoje na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, tendo como relator o deputado Nilto Tatto (PT- SP), prevê alterações na Política Nacional de Fauna para permitir o abate de animais silvestres e ameaçados de extinção em todo o território nacional. Ela propõe, ainda, a criação e manutenção de animais silvestres em criadouros comerciais e a criação de campos de caça esportiva e comercial no país – algo que, comprovadamente, potencializou a extinção de espécies em nações onde já foi implementado.

A caça é defendida pelo candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro. Em vídeo no Youtube, ele declara apoio a PEC da Caça, que é reivindicada pela Associação Nacional de Caça e Conservação. “Se Deus quiser, a partir do ano que vem, burocracia zero. Vamos implementar (a caça esportiva). Caçadores, parabéns, estamos juntos”, saúda. O deputado federal também é defensor da vaquejada.

Cartilha detalha abusos da proposta

Uma cartilha feita pelo movimento “Todos Contra a Caça” explica, no detalhe, as razões para o projeto de lei ser tão abusivo, violento e incoerente. O documento lembra, ainda, o sofrimento que a prática da caça causa a outros animais envolvidos nela, como os cachorros. “A caça com cães é especialmente cruel tanto para animais silvestres quanto
para os cães. A atividade tem o sofrimento e os maus tratos a animais intrinsecamente em sua prática, o que é expressamente vedado pelo Artigo 32º da Lei 9.605/98”, diz um trecho da cartilha, que pode ser acessada aqui.

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