Por Tiago Barbosa.
Esse homem da foto tem duas pernas amputadas, está sobre uma cadeira de rodas e usa um instrumento rudimentar para atirar pedras. Para as tropas israelenses, é um terrorista.
Fadi Abu Saleh, de 30 anos, é um dos mais de 60 palestinos massacrados por protestar na Grande Marcha do Retorno contra a instalação da embaixada norte-americana em Jerusalém.
Foi abatido por um sniper – atirador especializado em tiros de longa distância – de um exército abastecido pelos EUA com mais de 3 bilhões de dólares anualmente.
O palestino havia perdido as pernas em 2008, justamente em decorrência de um bombardeio israelense na Faixa de Gaza.
O corte dos membros inferiores, indicaram os médicos, se tornou única saída para a sobrevivência.
O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, e a Casa Branca repetiram o mantra de sempre para encobrir a força desproporcional e o uso de armas letais contra civis e culparam, novamente, a insurgência palestina pela carnificina.
Enquanto isso, a mudança da sede da embaixada satisfez o capricho eleitoral de Donald Trump, à revelia da comunidade internacional.
Vídeos na internet colocaram, lado a lado, imagens da atrocidade dos ataques aos palestinos e a pompa da indiferença na solenidade realizada no aniversário de 70 anos da criação do estado israelense.
Barbárie escancarada.
É até aviltante falar em violência do outro lado do mundo quando a gente descarta, todos os dias, milhares de vidas jovens, negras e pobres sob o céu de um Brasil maculado por desigualdade e criminalidade.
Mas a morte desse palestino é simbólica por representar em tudo o desprezo absoluto dos poderosos pela vida dos flagelados: tanques contra cadeira de rodas, bombas contra pedras, militares contra gente.
É o expediente de qualquer estado covarde para calar, à força, a voz dos oprimidos.
O horror, de fato, não faz distinção geográfica.