Por Sílvia Agostini.
As Greves no Brasil (de 1968 aos dias atuais), livro da Coleção Porque Cruzamos os Braços, lançada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos que completou 60 anos em dezembro passado, foi tema de debate realizado na manhã deste dia três de fevereiro em Florianópolis, na sede da Federação dos Empregados no Comércio de SC (FECESC).
O debate deu início a uma série de atividades de formação planejadas pelo Departamento em Santa Catarina para esse ano e os próximos.
Participaram dirigentes de sindicatos de categorias de base estadual, de base municipal da Grande Florianópolis, de Blumenau e Joinville e a intenção de José Álvaro Cardoso, supervisor técnico do Dieese estadual é ampliar o número de presentes sem perder a qualidade da discussão.
LIVRO AS GREVES NO BRASIL É O PRIMEIRO DA COLEÇÃO
O livro organizado por Carlindo Rodrigues e Eduardo Noronha é composto por depoimento de 12 lideranças sindicais conhecidas durante greves das décadas de 60, 70, 80 e 90 imprescindíveis para conquistas de direitos garantidas na Constituição Federal em 1988, como o 13º salário, férias, estabilidade das gestantes e licença maternidade, assim como no processo de abertura política pós- Ditadura Militar. Entre os entrevistados na obra estão o ex-presidente Lula (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC), Luiz Gushiken (Sind. Bancários de São Paulo, Osasco e Região), Luiz Dulci (União dos Trabalhadores no Ensino de Minas Gerais), José Ibrahin (Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco-SP) e Eunice Cabral ( Sind. Costureiras de São Paulo).
Apesar de muitas dificuldades vividas por conta dos governos ditatoriais, os trabalhadores conseguiram organizar grandes greves seja por reposição de salários, por melhores condições de trabalho ou ainda por readmissão de outros trabalhadores. Em sua entrevista, Lula diz que nos anos 60, trabalhadores de algumas indústrias automobilísticas chegavam a ter dez aumentos reais de salário por ano (devido à inflação), enquanto outros, nenhum. Hoje, de acordo com os dirigentes presentes no debate, apesar de o direitos à livre manifestação ser garantido na Constituição, organizar um movimento grevista parece ser mais difícil. A construção que mídia faz do movimento sindical e das greves foi apontada como um dos principais problemas para conseguir o apoio e a solidariedade da população, mesmo que a paralisação seja por melhorias de um serviço público.
Para a confecção da Coleção Por que Cruzamos os Braços, publicada pela editora Cortez, foram entrevistadas 60 lideranças sindicais e as entrevistas restantes serão publicadas em outras obras da Coleção. O valor do livro é de R$ 35 e cada entidade associada ao Dieese receberá um exemplar de cada livro.
REPENSAR O SISTEMA
A partir da leitura do livro, Moacir Rubini, da direção do Dieese-SC e da Federação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de SC, diz que está mais convencido da necessidade de repensarmos conceitos, nosso estilo de vida e o sistema: “- O sistema capitalista faz com que nunca nos sintamos saciados, por isso devemos trabalhar uma mudança na sociedade. … É preciso unificar as lutas do movimento sindical respeitando as diferenças, pela causa dos trabalhadores e por justiças sociais”, afirma.
Sueli Adriano, também diretora do Dieese-SC e presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Blumenau, chamou a atenção para o fato de o movimento sindical estar presente nas lutas comuns da população.
Os interessados em participar dos próximos debates devem ficar atentos ao convite, que deve sair ainda neste semestre.
Fonte: Sindaspi/SC