Faltando pouco mais de três semanas para o primeiro turno, a eleição para governadores ainda não engrenou. Ao menos é o que parece nos dizer o número de indecisos nas pesquisas para sucessão estadual. Todavia, se ainda há uma boa margem para mudanças e reviravoltas (principalmente na última semana de campanha), podemos visualizar alguns traços dos cenários que estão se apresentando. Veremos tal mosaico por regiões.
Centro-Oeste
UF | Governador | Aprov. do gov. | Desap. do gov. | Candidato do governo | Adversários | Rejeição cand. do gov. |
DF¹ | Agnelo Queiroz (PT) | 20% | 39% | Reeleição (19%) | Arruda(PR) 37%
Rollemberg(PSB)18% |
47% |
GO² | Marconi Perillo (PSDB) | 40% | 22% | Reeleição (38%) | Iris (PMDB) 28%
Vanderlan (PSB) 9% |
27% |
MT² | Sinval Barbosa (PMDB) | 17% | 37% | Lúdio Cabral (PT) 16% | Taques (PDT) 43%
José Riva (PSD) 13% |
8% |
MS² |
|
58% | 9% | Nelsinho Trad (PMDB) 16% | Delcídio (PT) 42%
Azambuja(PSDB) 22% |
17% |
¹.Datafolha
².Ibope
Dos quatro estados do Centro-Oeste, apenas um deve ter a eleição encerrada no primeiro turno, o Mato Grosso. O senador pedetista, Pedro Taques, construiu um bom arco de alianças, tem baixa rejeição (8%) e é o principal nome da oposição. O governo de Sinval Barbosa é mal avaliado, mas o seu candidato, Lúdio Cabral, que foi derrotado na eleição municipal de Cuiabá em 2012, tem carisma e pouca rejeição. O petista está crescendo, e deverá continuar numa curva ascendente a partir do momento que seu nome seja mais conhecido. No entanto, não deverá ser suficiente para impedir a vitória de Taques ainda no primeiro turno.
Nos outros três estados, há grande chance de segundo turno. Em Goiás, o atual governador, Marconi Perillo, tem uma avaliação de regular para boa, mas é também o candidato mais rejeitado. É provável que o tucano dispute a segunda fase da eleição com um velho conhecido, o pemedebista Iris Rezende. No entanto, não descartaria um acirramento pela disputa do segundo lugar. Vanderlan (PSB) e Gomide (PT) estão crescendo, possuem baixa rejeição e ainda estão sendo conhecidos pela população. Se tivesse havido uma composição para uma única chapa, as chances de tirar Iris da disputa seriam maiores. O ex-governador do PMDB estacionou em 28% e possui uma rejeição de 21%. O atual governador terá uma reeleição difícil seja contra quem for. Contra Iris Rezende, suas chances são maiores, por ter uma rejeição parelha.
No Mato Grosso do Sul, a eleição ainda está muito aberta. Mesmo o governo de Puccinelli sendo muito bem avaliado pela população, o senador Delcídio possui um alto índice de intenção de votos, crescendo dois pontos no último mês. Abatido por uma crise interna dentro do partido, Nelsinho Trad, do partido do governador, não consegue decolar. Vários prefeitos e parlamentares do PMDB, do PSDB e de outros partidos declararam apoio a Delcídio. Quem vem crescendo nas últimas pesquisas e pode disputar o segundo turno é o tucano Reinaldo Azambuja. Ainda há 11% de indecisos.
No Distrito Federal há uma grande indefinição. José Roberto Arruda lidera a disputa, mas deve ter o registro de sua candidatura cassado. As chances de reeleição de Agnelo Queiroz são baixíssimas, devido à má avaliação da sua gestão e à rejeição de quase metade dos eleitores. Em tese, Rodrigo Rollemberg é o favorito, e nas simulações de segundo turno já aparece na frente. Sem Arruda no pleito, deve confirmar seu nome no segundo turno. O tucano Pitiman (hoje com 4%) também deverá crescer bastante na reta final.
Nordeste
UF | Governador | Aprov. do gov. | Desap. do gov. | Candidato do governo | Adversários | Rejeição cand. do gov. |
AL² | Teotônio Vilela (PSDB) | 30% | 36% | Júlio Cézar (PSDB) 2% | Filho(PMDB) 42%
de Lira (PP) 23% |
11% |
BA² | Jacques Wagner (PT) | 32% | 26% | Rui Costa (PT) 24% | Souto (DEM) 46%
Lídice (PSB) 6% |
20% |
CE² | Cid Gomes (PROS) | 42% | 17% | Camilo (PT) 34% | Eunício (PMDB) 42%
Novais (PSB) 4% |
20% |
MA² | Roseana (PMDB) | 32% | 32% | Lobão Filho (PMDB) 30% | Dino (PCdoB) 42%
Pedrosa (PSOL) 2% |
23% |
PB² | Ricardo Coutinho (PSB) | 43% | 22% | Reeleição (33%) | C.Cunha (PSDB) 47%
Vital (PMDB) 4% |
33% |
PE¹ | João Lyra Neto (PSB) | 28% | 6% | Paulo Câmara (PSB) 39% | Armando Monteiro (PTB) 33% | 14% |
PI² | Zé Filho (PMDB) | 32% | 21% | Reeleição (22%) | Dias (PT) 49%
Mão Santa (PSC) 7% |
17% |
RN² | Rosalba Ciarlini (DEM) | 6% | 69% | Nenhum | H.E.Alves (PMDB)40%
Faria (PSD) 28% |
– |
SE² |
|
36% | 26% | Reeleição (41%) | Eduardo Amorim (PSC) 33% | 33% |
No Nordeste, muitas eleições podem terminar ainda no primeiro turno devido ao fato de que, em alguns estados, só duas candidaturas são competitivas. Em Pernambuco e no Sergipe, a boa avaliação dos governos deve garantir a reeleição dos seus candidatos. O ex-vice de Marcelo Deda, o peemedebista Jackson Barreto ultrapassou o senador Eduardo Amorim, e deve ganhar ainda no primeiro turno apesar da taxa de rejeição (33%). Na terra de Eduardo Campos, a vitória de Paulo Câmara é praticamente garantida. Ele foi ascendendo meteoricamente a partir do momento que as pessoas identificaram em sua figura o candidato do atual governo e de Eduardo.
No Ceará, a boa avaliação do governo de Cid Gomes tem impulsionado o crescimento do petista Camilo Santana. No estado, pode haver a realização do segundo turno, já que os candidatos menores somam 7%. A aprovação da gestão de Cid pode ser o fiel da balança. O petista é mais rejeitado do que Eunício, com 20% contra 15%. Na Bahia, a avaliação do governo Jacques Wagner é regular, e apesar do crescimento do seu candidato nas últimas semanas, ele ainda se encontra há mais de 20 pontos do ex-governador do DEM, Paulo Souto. Apesar de improvável, mesmo que ocorra segundo turno, Paulo Souto é amplo favorito, devendo trazer o estado de volta ao partido. A Bahia deve ser o único estado governado pelo DEM em 2015.
Apesar da rejeição em Teresina, onde não passou do terceiro lugar na última eleição municipal, o senador petista Wellington Dias é amplo favorito, e deverá ganhar ainda no primeiro turno. A avaliação do atual governador Zé Filho é boa, no entanto o seu adversário já foi governador do estado, quando foi muito bem avaliado. Caso semelhante ocorre na Paraíba, onde Ricardo Coutinho, apesar da rejeição de 33%, tem um mandato relativamente bem avaliado, mas enfrenta um candidato que já foi governador e é muito popular, o tucano Cássio Cunha Lima. Há quatro anos, Cunha foi o principal responsável pela vitória de Coutinho, e agora deverá desbancá-lo.
Apesar do crescimento de Lobão Filho nas últimas semanas, Flávio Dino possui todas as chances para derrotar o grupo de Sarney no primeiro turno. O atual governo não é bem avaliado. Em Alagoas, o governo de Teotônio é muito mal avaliado, e o partido teve problemas na indicação do sucessor, com desistências no caminho. O principal candidato da oposição, Renan Filho (filho de Renan Calheiros) deve vencer no primeiro turno se o escândalo da Petrobrás não lhe atingir. No Rio Grande do Norte, a gestão de Rosalba é tão mal avaliada que o comando do seu partido sequer permitiu-a de tentar reeleição, objetivando eleger uma bancada maior de deputados. A sucessão potiguar está longe de definida. Robinson Faria, vice-governador (mas rompido com Rosalba), tem crescido bastante e tem menor índice de rejeição do que Henrique Eduardo Alves (26% contra 29%), que pode ser afetado pelo escândalo da Petrobrás.
Norte
UF | Governador | Aprov. do gov. | Desap. do gov. | Candidato do governo | Adversários | Rejeição cand. do gov. |
AC² | Tião Viana (PT) | 62% | 14% | Reeleição (46%) | Bittar (PSDB)19%
Bocalom (DEM) 18% |
24% |
AM³ | José Melo (PROS) | 66% | 7% | Reeleição (38%) | Braga (PMDB) 48%
Ramos (PSB) 3% |
10% |
AP² | Camilo (PSB) | 13% | 65% | Reeleição (12%) | Waldez (PDT) 40%
Lucas (PSD) 15% |
68% |
PA² | Simão Jatene (PSDB) | 29% | 22% | Reeleição (40%) | Helder (PMDB) 40%
Carrera (PSOL) 2% |
30% |
RO² |
|
28% | 29% | Reeleição (28%) | Expedito (PSDB)27%
Cassol (PR) 15% |
27% |
RR² | Chico Rodrigues (PSB) | 29% | 27% | Reeleição (27%) | Neudo (PP) 32%
Portela (PT) 27% |
24% |
TO4 | Sandoval Cardoso (PR) | – | – | Reeleição (27%) | Marcelo(PMDB) 51%
Ataídes (PROS) 2% |
20% |
³.DMP
4.Vetor
No Norte, há um menor número de pesquisas sendo realizadas, portanto os resultados não estão atualizados com o decorrer do guia eleitoral. É provável que haja muitas mudanças e surpresas. No Pará, o governo de Jatene possui uma avaliação regular, e ele está empatado com o peemedebista Helder Barbalho no primeiro e no segundo turno. Será uma eleição voto a voto até o final.
No Amazonas, o governador José Melo está sendo impulsionado pela boa avaliação do governo de Omar Aziz e pelo apoio do prefeito de Manaus, Artur Virgílio. Apesar da imensa popularidade de Eduardo Braga no estado, a diferença entre os dois tem caído, e a eleição deverá se tornar acirrada na última semana. O renome de Braga no estado deve fazer diferença.
Em Tocantins, o peemedebista Marcelo Miranda (apoiado pela senadora Kátia Abreu) tem uma eleição fácil pela frente diante do governador Sandoval Cardoso, que assumiu depois da renúncia de Siqueira Campos (PSDB) e do seu vice, João Oliveira (DEM).
No Acre, apesar das pesquisas indicarem favoritismo de Tião Viana, não é a primeira vez que um candidato petista começa muito na frente e a eleição se acirra durante o caminho. Diria que é bastante possível a realização do segundo turno. Se for contra o tucano Márcio Bittar (que possui baixa rejeição), a reeleição de Viana pode se complicar. O PT governa o estado há 16 anos.
No Amapá, o atual governador, Camilo Capiberibe, tem ampla rejeição à sua gestão. O ex-governador, Waldez Goes, está na frente, mas só nas próximas pesquisas dará para dimensionar se é efeito ou não de recall. Lucas Barreto pode surpreender.
Sudeste
UF | Governador | Aprov. do gov. | Desap. do gov. | Candidato do governo | Adversários | Rejeição cand. do gov. |
ES² |
|
43% | 18% | Reeleição (30%) | Hartung (PMDB) 44%
Carlos (PT) 3% |
15% |
MG¹ |
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22% | 7% | Pimenta (23%) | Pimentel (PT) 34%
Delgado (PSB) 3% |
12% |
RJ¹ | Pezão (PMDB) | 24% | 15% | Reeleição (25%) | Garotinho (PR) 25%
Crivella (PRB) 19% |
19% |
SP¹ |
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42% | 18% | Reeleição (49%) | Skaf (PMDB) 22%
Padilha (PT) 9% |
20% |
Se faltam bons nomes aos eleitores cariocas, sobra emoção na reta final da disputa. Garotinho tem uma rejeição alta (46%), e se conseguir chegar ao segundo turno, perderá para qualquer oponente. O atual governador cresceu e passou a ser o favorito. No entanto, o candidato Crivella voltou a crescer, capturando votos do petista Lindberg, que viu sua candidatura naufragar num mar de processos. Pezão estará no segundo turno, mas pelas tendências apresentadas ainda não dá pra saber se será contra Garotinho ou Crivella. Um segundo turno contra Crivella será muito mais difícil.
Em São Paulo, Alckmin tem uma reeleição tranquila, que deverá ser liquidada ainda no primeiro turno. A aprovação à sua gestão está um pouco abaixo dos últimos governos tucanos no estado, no entanto o governador é ajudado pela falta de carisma de Skaf e pela rejeição ao PT. O cálculo do ex-presidente Lula para lançar Padilha foi o mesmo que se deu com Haddad em 2012: um nome novo, sem rejeição, com potencial eleitoral para crescer durante a campanha. No entanto, havia duas variáveis diferentes: a gestão de Alckmin é bem avaliada, ao contrário da de Kassab, e a rejeição ao PT subiu imensamente no estado depois dos protestos de 2013 e da má gestão de Haddad. Um nome carimbado, como o de Marta Suplicy, não teria qualquer chance de vitória, mas poderia produzir um segundo turno. Padilha chegará aos dois dígitos, mas a sua rejeição hoje é de 36%.
No Espírito Santo, Renato Casagrande até tem um governo bem avaliado, mas o seu adversário é Paulo Hartung, que saiu do comando do estado em 2010 como um dos governadores mais bem avaliados do país, elegendo justamente Casagrande como sucessor, por uma larga margem de votos. O peemedebista deve confirmar o favoritismo, possivelmente no primeiro turno.
Uma das eleições estaduais mais emblemáticas é a de Minas Gerais. O governo legado pelos tucanos não é mal avaliado, mas Pimenta da Veiga está demorando a dar sinais de crescimento. Em 2010, Anastasia cresceu num ritmo muito mais acelerado. Neste estágio da corrida, ele e Hélio Costa já estavam dividindo a liderança . Entretanto, há um grande número de indecisos (23%), e o efeito da máquina partidária contará muito na reta final. Para mim, o tucano ainda é levemente favorito. Pretendo tratar melhor dessa eleição num texto específico.
Sul
UF | Governador | Aprov. do gov. | Desap. do gov. | Candidato do governo | Adversários | Rejeição cand. do gov. |
PR¹ | Beto Richa (PSDB) | 47% | 15% | Reeleição (44%) | Requião (PMDB) 28%
Gleisi (PT) 10% |
16% |
RS¹ | Tarso Genro (PT) | 32% | 23% | Reeleição (28%) | Ana Amélia (PP) 37%
Sartori (PMDB) 11% |
24% |
SC² |
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44% | 16% | Reeleição (43%) | Bauer (PSDB) 19%
Vignatti (PT) 7% |
13% |
No Sul, deveremos ter pouquíssimas surpresas. Beto Richa e Raimundo Colombo, com governos bem avaliados, devem se reeleger ainda no primeiro turno. No Rio Grande do Sul, ocorrerá segundo turno, com amplo favoritismo da senadora Ana Amélia sobre o petista Tarso Genro. Dificilmente o cenário da região irá mudar.
Elton Flaubert é mestrando em História na UFPE, com o projeto “As ideias se esvoaçavam em meio a sua marcha: modernidade, cultura, raça e província na formação da obra de Sílvio Romero (1865-1880)”.
Fonte: http://www.amalgama.blog.br/09/2014/as-eleicoes-para-governador/