Há dez dias que a família de Nadejda Tolokonnikova deixou de ter notícias dela. A integrante do grupo Pussy Riot cumpre uma pena de dois anos devido a uma performance da sua banda numa igreja de Moscovo em fevereiro de 2012, cantando uma música contra Putin.
Em 21 de outubro, Nadejda, que tinha feito greve de fome em protesto contra as condições prisionais, foi transferida da colónia penal na república russa de Mordóvia para um destino desconhecido, informa o jornal britânico The Independent.
“Ninguém sabe nada. Não há provas de que esteja viva, não sabemos o seu estado de saúde. Está doente? Foi agredida?”, questiona o pai, Andrei Tolokonnikov.
O marido, Petya Verzilov, tem protestado regularmente na porta da colónia penal. “Pensamos que a transferiram para uma cidade grande para escondê-la. Parece que se cansaram destes protestos.” E acrescentou: “Querem cortar as suas ligações com o mundo exterior.”
Perigo de vida
No dia 19 de outubro, Nadejda Tolokonnikova disse acreditar que a sua vida estava em perigo, numa carta publicada na Internet.
“Temo pela minha vida, porque não sei o que (…) os carrascos do sistema prisional da Mordóvia vão fazer comigo”, disse na carta enviada à sua advogada.
“Se encontrassem a Nadejda hoje na rua, não a reconheceriam”, escreveu no seu blogue a advogada Violetta Volkova, que visitou a cantora na prisão e divulgou a carta.
Nadejda Tolokonnikova entrou em greve de fome a 23 de setembro, para protestar contra as condições em que está detida, que descreveu como estando perto da “escravatura”, acusando o diretor adjunto da prisão, Iuri Kuprianov, de a ter ameaçado de morte após a publicação de outra carta sobre as condições de detenção, que fazem lembrar testemunhos sobre o Gulag soviético.
Essa greve de fome terminou a 1 de outubro, por motivos de saúde, tendo Nádia sido hospitalizada.
Transformam-nos em bestas enraivecidas
“Exijo que a minha segurança seja garantida e que eu seja transferida para outra região. Na Mordóvia fazem coisas terríveis aos prisioneiros. Esmagam-nos, destroem-nos e destroem tudo o que há de humano dentro [de nós]. Transformam-nos em bestas enraivecidas”, escreveu.
Acrescentou estar também preocupada com a vida dos outros prisioneiros, que lhe contaram “coisas terríveis”, dando como exemplo o caso de uma mulher que enviou uma carta para o Ministério Público e para a Comissão de Direitos Humanos e que, por causa disso, foi espancada e posta numa cela de isolamento.
Fonte: Esquerda.net.