Arrombasse Eike!


Por Raul Longo.

“Arrombasse!” é um elogio, uma exaltação do Manézinho da Ilha a quem pratica um feito memorável.

Equivale ao “arrebentou a boca do balão!” de outras paragens.

Guga ganhou o campeonato internacional de tênis, espalharam out door por toda a cidade: “Arrombasse Guga!” Pois agora quem merece a homenagem é o Eike Batista que conseguiu fazer a elite econômica de Florianópolis se unir com os populares da região, dos quais sempre foram tão distantes quanto ocorre entre as mesmas classes em qualquer outro lugar.

Mais que isso, Eike conseguiu pôr os assinantes do Diário Catarinense, do grupo RBS e porta voz dessa elite, contra o jornal pelo qual sempre se sentiram bem representados e seguros de terem seus privilégios defendidos contra revindicações dos que nunca têm quem divulgue seus direitos.

Vejam aí nas correspondências ao DC de dois moradores do bairro das elites, se é ou não é o caso de prestar a justa homenagem ao incrível e histórico feito do bilionário:

Prezado editor

Refiro-me à matéria “RICOS X BILIONÁRIO”, publicada na edição de hoje

do Diário Catarinense.

Sinto-me indignado com a discriminação preconceito e desinformação com

o que este assunto foi tratado.

Primeiro porque generaliza a condição social dos moradores de Jurerê

Internacional, classificando-os como “ricos que moram em casas que chegam

A custar R$ 6,5 milhões”. Mesmo que isso fosse verdade, mesmo que a grande

maioria dos moradores seja da classe média, não posso entender que haja

qualquer impedimento para uma pessoa ou grupo defender o meio-ambiente. Um

caso clássico de discriminação, impensável para uma imprensa que paute sua

linha editorial pelo equilíbrio e imparcialidade.

Segundo porque desde que este assunto veio à tona o Diário Catarinense,

tanto em matérias jornalísticas como na coluna Informe Econômico, tem-se

dedicado à defesa deste projeto, mesmo sem conhecer pareceres técnicos de

especialistas no assunto. A editoria de um jornal desta importância

suponho ser conduzida por profissionais que aprenderam estas elementares regras e

juraram defendê-las e praticá-las. Daí que só posso entender haver algum

interesse superior do Diário, não explicitado, mas que leva os seus

editores a conduzir desta forma as suas pautas

Por outro lado, minimizar a Jurerê Internacional o terrível e

Irreversível dano que este estaleiro poderia causar a toda Baia Norte e também a

importantes Reservas Naturais Federais é de uma miopia jornalística

lamentável e irresponsável. A comunidade de Jurerê Internacional é apenas

mais um grupo de oposição a este estaleiro, somando-se a Ponta das Canas,

Canasvieiras, Canajurê, Jurerê Tradicional, Daniela, Sambaqui, Cacupé,

Beira Mar Norte, Beira Mar Continental, Barreiros, Biguaçú, estendendo-se até

Governador Celso Ramos, sem contar o mar em si e suas atividades

pesqueiras, de maricultura, de lazer e esportivas. Então por que caracterizar como

“inimigo” do estaleiro apenas Jurerê Internacional, a não ser para dar

imagem negativa a este movimentos de oposição, caracterizando-o com uma

luta de ricos contra a criação de empregos, contra a economia local? Saibam que

há estudos em diversos órgãos de classe afirmando que serão perdidos, por

exemplo, 30 mil empregos na área do turismo, enquanto o estaleiro segundo

sua matéria criaria 14 mil (será?). É muita inocência acreditar que estes

empregos seriam criados sem haver perdas em outros setores. Por que o

jornal não faz matérias mostrando os impactos negativos deste projeto. Agora,

para isso, os seus repórteres terão que ir atrás da informação, não receberão

nenhum press-release do tipo que recebem da OSX e que sem maior análise

repetem para o público. Assim fica também fácil entender que vêm à publico

somente as informações da OSX com os números que desejarem mostrar. Eles

entregam tudo pronto para vocês, não?

O estaleiro certamente propõe medidas que eliminem o risco de danos, mas a

British Petroleum deve ter apresentado medidas semelhantes no Golfo do

México assim como outros projetos com risco de dano ambiental, e depois,

houve algum erro de operação, e o desastre ecológico foi terrível. Por

isso, por ser um estaleiro uma indústria muito suja, em todo o mundo é colocado

junto a um grande porto, onde o mar já está comprometido.

Concordo que o estaleiro tenha as suas razões para querer a implantação de

seu estaleiro. Estas estão apresentadas nos estudos em análise ora no

ICMBio e estão sendo avaliadas pelos técnicos. Mas o público que não tem acesso a

estes estudos técnicos só pode se posicionar através da imprensa, cabendo

a esta, como é o seu dever, ser imparcial mostrando claramente prós e

contras do projeto e abstendo-se de posições tendenciosas com a de hoje quando

tenta reduzir a importância do movimento de oposição a uma ação de moradores de

casas de até R$ 6,5 milhões.

Obrigado

Carlos Aristides Magnus

Senhores Editores do DC

Prezado Carlos

Faço minhas as palavras do Carlos Magnus. A matéria em questão – DC de 06.11.2010 é nitidamente tendenciosa e incompatível com um veículo de comunicação que quer ser respeitado como informativo e isento.

Se os moradores de Jurerê Internacional, Daniela e outros bairros de Florianópolis se aliaram a pescadores e maricultores em defesa de toda a Baía Norte (e isto é verdade e muito nos orgulha), ao que parece o DC de aliou ao Sr. Eike Batista, não se sabe em troca de que.

A matéria também é tendenciosa ao insinuar que as Associações seriam coniventes em suas localidades com obras e ações contrárias ao meio ambiente, por existirem (como existem em toda a cidade) construções em locais indevidos e em áreas de preservação. Posso assegurar, como presidente que fui da Associação de Proprietários e Moradores de Jurerê Internacional – AJIN, que temos denunciado às Autoridades Públicas todas as irregularidades (que são muitas), tendo os Dirigentes da Associação sofrido inclusive ameaças e prejuízos pessoais e familiares por sua atuação corajosa em defesa do respeito à lei e ao meio ambiente. É o caso, inclusive, da ampliação que o El Divino Beach está fazendo, avançando visivelmente uns 10 metros na área de marinha (33 metros de restinga), que é área de preservação permanente (APP). Foram expedidos ofícios à SUSP, Floram, SPU, neste caso e em inúmeros outros… e os Órgão Públicos responsáveis nada fazem, são coniventes, sucumbem às pressões do poder econômico. O Secretário da SUSP chegou a dizer no Programa Conversas Cruzadas, da TVCom, que a Prefeitura faz mesmo o que quer, e que os descontentes se quiserem procurem a Justiça… Não deveriam ser os Órgãos Públicos os primeiros a cumprir e fazer cumprir a lei???

O DC de que lado está?! Queremos uma imprensa livre, honesta, isenta, que retrate em suas páginas todos os lados da questão, e não apenas a mensagem encomendada pela OSX. Chamamos para uma assembleia comunitária todos os técnicos da área (não ligados à OSX) e nenhum deles entende viável o estaleiro no local previsto, dentro da Baía Norte. Porque o DC não houve também estes técnicos, todos mestres e doutores estudiosos do assunto??? A coluna de Economia do DC é nitidamente parcial e pró-OSX. Traz todos os dias alguma nota favorável à OSX. A que preço?

Atenciosamente,

Luiz Carlos Zucco

Ex-Presidente da AJIN

3 COMENTÁRIOS

  1. daz um banho ô…
    mais uma do manezês, mas para o desacato.info e sua fiel e incansável luta. Parabens pela formação / de-formação que oferecem.

    • Oi Marcelo, parabéns lhe reencontrar, agora através do mundo virtual. Grande Abraço para você. Raúl Fitipaldi.

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