O cacique Aritana Yawalapiti, líder histórico do Xingu, morreu nesta quarta-feira (5) por complicações causadas pela covid-19.
Ele tinha 71 anos e estava internado havia duas semanas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital São Francisco, em Goiânia.
Aritana assumiu a liderança dos Yawalapiti na década de 1980, aos 19 anos, antes da criação do Parque Indígena do Xingu. Ele era um dos últimos remanescentes dos povos que caçavam e pescavam com arco e flecha na região.
O líder cresceu em torno dos irmãos Orlando e Cláudio Villas-Bôas, com que trabalhou conjuntamente para a criação da maior reserva indígena do mundo.
Enquanto um dos mais respeitados caciques do Xingu, ele passou a atuar na defesa dos direitos dos indígenas, especialmente em relação à demarcação de terras, preservação ambiental, saúde e educação.
Nos últimos anos, Aritana lutava contra a ameaça etnocultural promovida pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido). Em entrevista ao site De Olho nos Ruralistas, em março de 2019, ele foi enfático ao rebater declarações do presidente sobre “integrar” indígenas à sociedade capitalista.
“O governo tem uma dívida histórica com os indígenas. Tomaram tudo o que tínhamos, principalmente dos parentes de outras etnias: terra, madeira, riquezas minerais. Então, tem mais é que dar melhorias. E sem contrapartida. Queremos internet, televisão, dentista? Sim, precisamos! Mas que respeitem a nossa forma de vida”, disse à época.