Milhares de argentinos saíram às ruas nesta sexta-feira (24/03), no Dia da Memória pela Verdade e Justiça, 41 anos após o golpe que instaurou uma ditadura militar no país (1976 – 1983) e deixou mais de 30 mil pessoas desaparecidas. Em ato em Buenos Aires, organizações de direitos humanos também denunciaram o “enorme retrocesso” e o “avassalamento de direitos humanos por parte do governo anti-popular de Mauricio Macri”.
“O mesmo plano econômico, a mesma luta. Paremos pela miséria planejada”, foi o lema de organizações como a Abuelas de la Plaza de Mayo e Madres Línea Fundadora, grupos formados por mulheres cujos familiares desapareceram durante a ditadura militar.
As marchas tiveram como palco a simbólica Plaza de Mayo, em frente à sede do Executivo argentino, e reuniram milhares de pessoas com bandeiras e cartazes com fotos de desaparecidos.
Em um documento conjunto, as organizações humanitárias reivindicaram a verdade sobre o destino dos desaparecidos, além de “justiça e castigo” para todos os responsáveis de delitos de lesa humanidade, tanto militares quanto civis. “Somos milhares nas ruas. O dia 24 de marco é uma data em que nosso povo lembra, reivindica, denuncia e fortalece a luta”, afirma o texto, lido por dirigentes de diferentes grupos de direitos humanos.
“Voltamos novamente a esta praça repudiar os crimes de lesa humanidade, milhares de desaparecimentos forçados e presos políticos, torturas, roubos de bebês, funcionamento de centros clandestinos de detenção, a censura, a mentira organizada, a pobreza programada, uma guerra pelas Malvinas com delitos de lesa humanidade, a dívida externa que provocou fome por décadas, o exílio”, declararam.
Os manifestantes também criticaram as declarações de Macri, que afirmou que “não tinha ideia” se foram “9 ou 30 mil” desaparecidos. O governo da Argentina assegurou através de um informe oficial assinado pelo secretário de Diretos Humanos, Claudio Avruj, em novembro do ano passado, que durante a última ditadura civil-militar foram assassinadas e desapareceram 7.300 pessoas. “Foram 30 mil. Ninguém, menos ainda o Estado, pode dizer outro número”, denunciaram as organizações de direitos humanos.
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Fonte: Opera Mundi.