“Ataque à República!”, avisa uma voz nos alto-falantes das estações de trem e metrô, como vem fazendo desde ontem. A diferença é que nesta quinta-feira não há ninguém para intimidar, já que nem trens, metrôs ou aviões estão funcionando, e as pessoas aderiram à greve geral convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT).
O destino dos ônibus foi diferente. Em um movimento que outros sindicatos questionaram e acusaram de “boicote”, a Unión Tranviaria Automotor (UTA) não aderiu à greve e os ônibus funcionaram normalmente. Portanto, muitas pessoas não tiveram outra opção a não ser ir para o trabalho. Por exemplo, os funcionários do PAMI e da ARCA, entidades estatais que o Governo Nacional determinou que trabalhassem normalmente.
?Encerrado en su propia impotencia el gobierno juega al Estalinismo con mensajes en contra del #ParoGeneral en las estaciones de tren#paro #9Abril pic.twitter.com/vzqw7azo6p
— La Pelota Sindical (@lpsargentina) April 10, 2025
Aqueles que podiam parar, pararam. As ruas dos bairros são testemunhas desse fato. Lojas, quiosques e estabelecimentos comerciais abriram ao amanhecer com as portas fechadas, com cartazes alusivos à greve, como “A luta é uma só”, “Não ao ajuste” ou “Chega de Milei”. “O quiosque das ruas Alcorta com Obligado, que fica aberto o tempo todo, está fechado desde a meia-noite de hoje”, disse um morador de Villa Adelina, (província de Buenos Aires).
Essa é a terceira greve geral da CGT desde que Javier Milei assumiu o cargo, em um dia que contou com o apoio da CTA Autônoma e da CTA dos Trabalhadores.
A greve é a favor da “livre negociação, aprovação de todos os acordos de negociação coletiva, aumentos emergenciais para todas as pensões e aposentadorias, atualização do bônus e o fim da repressão selvagem dos protestos sociais”.
Para o governo, por outro lado, trata-se apenas de uma “greve política” sem “slogans claros”, em meio a uma situação de “menor agitação trabalhista” dos últimos tempos, com vários sindicatos grandes, como Caminhoneiros e Bancários, já tendo assinado seu acordo salarial.
Greve geral no contexto de eleições
A CGT procurou realizar essa medida de força no quarto mês do ano, antes de a política entrar totalmente no calendário eleitoral, mas os libertários se manifestaram para vinculá-la às eleições da cidade, a mais próxima da data da greve na quarta-feira.
Espera-se que a central, após essa greve, arquive por um tempo as medidas de força para que não se misturem com as eleições, algo que a organização cumpriu durante a administração anterior não peronista de Mauricio Macri, para evitar que as greves ocorressem em datas próximas à votação, informou a agência NA.