Argentina: feminicídio de Úrsula e repressão da Polícia Bonaerense

Foto: reprodução

Por Leiza Benitez. Tradução: Júlia Vendramini, para Desacato.info.

Um novo feminicídio choca o país. Ontem, segunda-feira, 8 de Fevereiro, uma agente da maldita Bonaerense (Polícia Provincial de Buenos Aires) assassinou Úrsula, uma jovem de 18 anos que tinha denunciado repetidamente violência de género. Vizinhes e familiares se mobilizaram para pedir justiça, mas a resposta foi repressão.

Mais uma vez lamentamos um novo feminicídio. Úrsula, a jovem mulher da cidade de Rojas (província de Buenos Aires), foi esfaqueada até a morte por Matías Ezequiel Martínez, membro da polícia de Bonaerense. Úrsula diversas vezes denunciou o feminicida por violência de género, assédio e ameaças de morte. Há mais de sete meses que a jovem mulher vem alertando sobre o perigo que corria.

Este é outro feminicídio que poderia ter sido evitado. Durante o último fim de semana, Martínez, o feminicida, entrou num bar da zona para assediar e ameaçar Úrsula. Segundo o relato da sua mãe, a jovem tentou apresentar uma nova queixa por violação à restrição perimetral, mas o juiz que interveio no caso disse que não podia fazer nada por ser fim de semana. Por sua vez, ela estava à espera da entrega do botão anti-pânico que seria entregue ontem, o dia do feminicídio.

Quase como um relato unificado pelos feminicidas, Martinez chamou à um tio, disse-lhe “fiz uma cagada” e informou-lhe o local onde ele se encontrava: um terreno baldio a cerca de 13 quilómetros de Rojas.

Face a este terrível caso, a raiva explodiu e os vizinhos e familiares de Úrsula mobilizaram-se nas ruas de Rojas. O grito de justiça é também expresso nas redes sociais com a hashtag #JusticiaPorUrsula.

https://twitter.com/MiliiAlmiron/status/1359005513602727941

A mobilização terminou com uma repressão da Polícia de Buenos Aires comandada por Sergio Berni. Ficou claro à quem essa polícia protege. Gás lacrimogêneo e balas de borracha foram atiradas aos olhos das meninas que se mobilizavam.

Apesar da tentativa de parar a mobilização, é convocada uma nova marcha para exigir justiça para Úrsula e punição para o femicídio. A chamada será realizada na Plaza San Martin, em Rojas.

O patriarcado não terminou

O caso da Úrsula acrescenta-se aos 44 femicídios até a data deste ano. Reclamações e todo o tipo de alertas são ignoradas pelos governos todos os dias. A falta de verdadeiras políticas públicas de combate à violência deixa estes dados alarmantes. O sistema de (in)justiça cobre e protege os femicídios, e deixa as mulheres e os dissidentes em total vulnerabilidade. E para não mencionar os malditos bonaerenses, que reprimem famílias, vizinhos e amigos que com dor e raiva gritam por justiça.

Este sistema capitalista e patriarcal é responsável. O Estado, com o governo e todas as suas instituições, são cúmplices da violência de género e dos femicídios. Portanto, para alcançar justiça para Úrsula e para todas aquelas que nos faltam, temos de continuar nas ruas a exigir justiça por elas, ESI (educação sexual integral) eficaz para prevenir e orçamento suficiente para ajudar as vítimas, no caminho para derrubar este sistema que sustenta a opressão patriarcal e, portanto, é cúmplice dos femicídios.

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