No Política para Leigos.
A organização humanitária Avós da Praça de Maio denunciou nesta segunda-feira a eliminação de um escritório responsável pela identificação de bebês roubados durante a ditadura argentina (1976-1983). A mudança veio à tona através da publicação do novo organograma do Ministério da Segurança na última sexta-feira. O grupo exige do presidente Mauricio Macri a reabertura imediata do centro de recolhimento de amostras de sangue para investigações sobre crianças desaparecidas.
“Este setor tem tido um papel fundamental na pesquisa documental e na produção de relatórios para auxiliar as investigações criminais por crimes contra a humanidade”, indicou a organização em um comunicado.
O órgão estima que cerca de 500 bebês tenham sido roubados ao nascerem em prisões clandestinas — e, em seguida, entregues sob outra identidade. Este trabalho permitiu que 119 crianças fossem reencontradas até hoje.
O AGEJ foi criado a pedido das Avós para impedir que a coleta de amostras de sangue permanecesse nas mãos das forças de segurança, que “em muitos casos agiram em cumplicidade com os apropriadores, forjando amostras para tornar impossível o reconhecimento” dos bebês roubados, indicou a agência.
As Avós pediram ao presidente Mauricio Macri que adote as medidas necessárias para reverter a decisão. Caso contrário, a organização humanitária ameaça denunciar esta medida ante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Esta não é a primeira briga entre a organização e o governo de centro-direita de Macri, que tomou posse em 10 de dezembro. Em janeiro, a remoção do neto recuperado Horacio Pietragallia Corti da presidência do Arquivo Nacional da Memória que funcionava na ex-Esma, a maior prisão clandestina mantida pela ditadura, também causou tensão entre as duas partes.
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