Por Débora Mabaires, Buenos Aires, para Desacato.info.
(Português/Español).
“Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo.” A frase pertence a Abraham Lincoln, aquele presidente estadunidense que aboliu a escravidão quando exerceu, segundo ele próprio dizia, “o governo do povo, pelo povo e para o povo”. E é precisamente por isso, que acabou assassinado.
O capitalismo selvagem não perdoa os governantes populares, os humilha, os injuria, os boicota o os assassina. Cada vez que um governo popular é substituído por um de direita, se limitam o anulam os direitos civis e trabalhistas, retrotraindo aos trabalhadores, a uma situação de semiescravidão.
É isto o que o governo de Mauricio Macri está fazendo ao pé da letra na Argentina.
O desemprego que gerou demitindo milhares de trabalhadores federais nos primeiros cem dias de governo tem gerado uma grande instabilidade trabalhista também no setor privado, como consequência da recessão econômica. Argentina crescia em dezembro de 2015 ao 2,1 % anual. Hoje, abril de 2016, com as medidas de “abertura econômica” que impus Macri, a atividade econômica caiu em 3 % em média.
E não é que sobrassem funcionários, senão que começa a faltar Estado. Os planos de atenção sanitária estão sendo eliminados, ao ponto de não reconhecer aos aposentados o direito ao transplante de órgãos, e a falta de medicação para tratar o câncer começa a ser evidente.
Com uma pressão econômica brutal sobre as províncias, Mauricio Macri conseguiu que os deputados e senadores votassem a favor de um desvantajoso acordo com os fundos abutres, contra aqueles que a Argentina vinha batalhando desde 2001. Pagaremos um 50% a mais do que indicou a sentença do tribunal de Nova York, mais as custas por honorários de advogados, inclusive, aqueles que gerados em processos que os abutres tinham perdido.
A traição ao mandato popular de alguns deputados e senadores da Frente para a Vitória, que responde a Cristina Fernández de Kirchner, fraturaram a única oposição que tinha o governo de Mauricio Macri; e isto lhe dá um cheque em branco para a espoliação da nossa terra.
A situação econômica começa a ser complicada para muitos trabalhadores, portanto tem cada vez mais protestos nas ruas, que são meticulosamente apagados dos jornais e os meios de comunicação. O grupo de assessores do presidente Mauricio Macri lhe aconselharam não comparecer a atos públicos, pelo que, no dia 2 de abril, aniversário da recuperação das Ilhas Malvinas em que se homenageia os veteranos, o presidente optou por comparecer muito cedo de manhã para deixar um pequeno buquê de flores e tirar uma foto em solidão. Na imprensa tinha sido informado que Macri faria um ato no prédio “Libertad”, sede do comando do Exército argentino, a quase 2 km de distância do local. A foto difundida oficialmente pelo governo é um deboche aos ex-combatentes e ao povo argentino: no fundo se observa a chamada “Torre dos Ingleses”.
Enquanto a vicepresidenta da nação, Marta Gabriela Michetti, fez uma encenação e tirou uma foto com um suposto veterano de guerra, que nunca esteve nas Ilhas Malvinas.
O governo da pantomima, já começa a rachar.
A persecução a jornalistas e a mídia que não é condescendentes com sua política começa a não ser suficiente para silenciar a estrondosa bateria de medidas antipopulares, a perda de direitos humanos, e a queda do salário real.
No domingo à noite, os argentinos ficamos sabendo que o Consórcio Internacional de Jornalistas (ICIJ) tinha realizado uma investigação sobre contas em paraísos fiscais; que foi publicada no jornal alemão Süddeustche Zeitung . Se conheceu mundialmente como “Os papéis do Panamá”; e entre os titulares de empresas com contas offshore, se encontra Mauricio Macri, que não tinha declarado estas contas.
A explicação que tentou dar para lavar sua imagem, o compromete ainda mais. Disse que a conta foi criada para uma sociedade fantasma, FLEG S.A. fazer negócios no Brasil e que nunca a tinha utilizado. Parte do gabinete saiu a reforçar esta teoria, porque a conta se encontra inativa desde o ano 2009. E apenas algumas horas mais tarde, ficamos sabendo que Mauricio Macri é diretor de outra empresa “KAGEMUSHA S.A.” aberta em 1981, que ainda funciona. Chama a atenção que essa conta tivesse sido aberta quando ele era da diretoria de Severl, que administrava as empresas de automóveis Fiat e Peugeot ; justo quando os militares da ditadura argentina compravam armas triangulando a compra desde a França, passando pelo Peru, e desviando o carregamento para a Argentina através da Fiat. Essas armas foram utilizadas na Guerra pelas Malvinas.
No ano seguinte, em 1982, o Estado argentino estatizou as dívidas de muitos empresários, entre elas as do grupo dos Macri. Eram dívidas realmente? Uma das equipes que o Presidente Macri desmantelou, era a que analisava os documentos da origem da dívida externa dentro do Banco Central da República Argentina; em que algumas investigações prévias mostraram que algumas empresas tomavam créditos em casas matrizes europeias e o anotavam como dívida estrangeira. Outras, tomavam créditos com bancos no exterior, e depositavam o dinheiro em outra conta nesse mesmo banco, mas nos balanços só aparecia a dívida, que mais tarde, estatizaria o governo da ditadura, aumentando a carga da dívida externa para todos os argentinos.
Por enquanto, só temos os nomes dos diretores e das empresas no Panamá. Os movimentos dessas contas terá que ser investigado para saber que tipo de lavagem de ativos se realizou com elas.
Porém, este escândalo internacional tenta ser minimizado não só pela mídia que dá proteção ao presidente e muitos de seus funcionários, mas também pelo chamativo silêncio do Poder Judiciário e a oposição.
Enquanto Macri nos submete à escravidão do pagamento de uma dívida que os argentinos não usufruímos, e tenta dissimular sua responsabilidade; a verdade aparece e começa a ser urticante para esta marionete das corporações e também para seus protetores.
Parece que é verdade aquilo de que não se pode enganar a todos todo o tempo.
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Tradução: Tali Feld Gleiser, para Desacato.info.
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La verdad amanece
“Se puede engañar a algunos todo el tiempo y a todos algún tiempo, pero no se puede engañar a todos todo el tiempo”. La frase pertenece a Abraham Lincoln aquel presidente estadounidense que abolió la esclavitud cuando ejerció, según él mismo decía, “el gobierno del pueblo, por el pueblo y para el pueblo”. Y es precisamente por ello, que terminó asesinado.
El capitalismo salvaje no perdona a los gobernantes populares, los denigra, los injuria, los boicotea o los asesina. Cada vez que un gobierno popular es reemplazado por uno de derechas, se limitan o anulan los derechos civiles y laborales, retrotrayendo a los trabajadores, a una situación de semi esclavitud.
Esto es lo que el gobierno de Mauricio Macri está haciendo a pie y juntillas en Argentina.
El desempleo que generó al despedir a miles de trabajadores estatales en los primeros cien días de gobierno, ha generado gran inestabilidad laboral también en el sector privado, como consecuencia de la recesión económica. Argentina crecía en diciembre de 2015 al 2,1 % anual. Hoy, abril de 2016, con las medidas de “apertura económica” que impuso Macri, la actividad económica cayó en un 3 % en promedio.
Y no es que sobraran empleados, sino que empieza a faltar Estado. Los planes de atención sanitaria están siendo eliminados, al punto de no reconocerle el derecho al transplante de órganos a los jubilados, y la falta de medicación para tratar el cáncer empieza a notarse.
Con una presión económica brutal sobre las provincias, Mauricio Macri logró que los diputados y senadores votaran a favor de un desventajoso acuerdo con los fondos buitres, contra quienes la Argentina venía batallando desde 2001. Les pagaremos un 50% más de lo que la sentencia del tribunal de Nueva York indicó, más los gastos por honorarios de abogados, inclusive, aquellos que se generaron en juicios que los buitres habían perdido.
La traición al mandato popular de algunos diputados y senadores del Frente para la Victoria, que responde a Cristina Fernández de Kirchner, fracturaron a la única oposición que tenía el gobierno de Mauricio Macri; y esto le da un cheque en blanco para la expoliación de nuestra tierra.
La situación económica empieza a ser acuciante para muchos trabajadores, por lo que a cada vez hay más protestas callejeras, que son meticulosamente borradas de los diarios y medios masivos de comunicación. El grupo de asesores del presidente Mauricio Macri, le aconsejaron no concurrir a actos públicos, por lo que, el día 2 de abril, aniversario de la recuperación de las Islas Malvinas en que se rinde homenaje a los veteranos, el presidente optó por concurrir muy temprano a la mañana a dejar un pequeño ramo de flores y sacarse la foto en soledad. En la prensa se había informado que Macri haría un acto en el edificio Libertad, sede del comando del Ejército argentino, a casi 2 km de distancia de allí. La foto difundida oficialmente por el gobierno es una burla a los ex combatientes y al pueblo argentino: de fondo se observa la llamada “Torre de los Ingleses”.
Mientras la vicepresidenta de la nación, Marta Gabriela Michetti, hizo una puesta en escena y se fotografió con un supuesto veterano de guerra, que nunca estuvo en las Islas Malvinas.
El gobierno de la pantomima, ya empieza a resquebrajarse.
La persecución a periodistas y medios de comunicación que no son condescendientes con su política, empieza a no ser suficiente para silenciar la atronadora batería de medidas antipopulares, la pérdida de derechos humanos, y la caída del salario real.
El día domingo por la noche, los argentinos nos enteramos que el Consorcio Internacional de Periodistas (ICIJ) , había realizado una investigación sobre cuentas en cuevas fiscales; y que fue publicada en el diario alemán Süddeustche Zeitung . Se conoció mundialmente como “Los papeles de Panamá”; y entre los titulares de empresas con cuentas off shore, se encuentra Mauricio Macri, que no había declarado estas cuentas.
La explicación que intentó dar para lavar su imagen, lo compromete aún más. Dijo que la cuenta fue creada para una sociedad fantasma, FLEG S.A. hacer negocios en Brasil y que nunca la había utilizado. Parte del gabinete, salió a reforzar esta teoría, porque la cuenta se encuentra inactiva desde el año 2009. Y apenas unas horas más tarde, nos enteramos que Mauricio Macri es director de otra empresa “KAGEMUSHA S.A.” abierta en 1981, que se encuentra operativa. Es llamativo que esa cuenta se abriera cuando él era directivo de Sevel, que administraba las automotrices Fiat y Peugeot ; justo cuando los militares de la dictadura argentina compraban armas triangulando la compra desde Francia, pasando por Perú, y desviando el cargamento hacia Argentina a través de Fiat. Esas armas, fueron utilizadas en la Guerra por Malvinas.
Al año siguiente, en 1982, el Estado argentino, estatizó las deudas de muchos empresarios, entre ellos las del grupo de los Macri. ¿Eran deudas realmente? Uno de los equipos que el Presidente Macri desmanteló, era el que analizaba los documentos de origen de la deuda externa den el Banco Central de la República Argentina; en los que algunas investigaciones previas, mostraron que algunas empresas tomaban créditos en casas matrices europeas y lo anotaban como deuda extranjera. Otras, tomaban créditos con bancos en el exterior, y depositaban el dinero en otra cuenta en ese mismo banco, pero hacían figurar en los balances sólo la deuda, que más tarde, estatizaría el gobierno de la dictadura, abultando la carga de la deuda externa para todos los argentinos.
Por ahora, sólo tenemos los nombres de los directivos y de las empresas en Panamá. Habrá que investigar los movimientos de esas cuentas, para saber qué clase de lavado de activos se realizó con ellas.
Sin embargo, este escándalo internacional intenta ser minimizado no sólo por los medios que le dan protección al presidente y muchos de sus funcionarios, sino también por el llamativo silencio del Poder Judicial y la oposición.
Mientras Macri nos somete a la esclavitud del pago de una deuda que los argentinos no usufructuamos, e intenta disimular su responsabilidad, la verdad asoma y empieza a ser urticante para esta marioneta de las corporaciones y también para sus protectores.
Parece que es cierto aquello de que no se puede engañar a todos todo el tiempo.