Aqui estão imagens da exposição que o Masp censurou aos menores de 18 (com o contexto)

Por Mauro Albano.

Depois das reações a uma exposição sobre sexualidade em Porto Alegre a uma perfomance no Museu de Arte Moderna de São Paulo, o Masp abriu a “Histórias da sexualidade” na última sexta (20) com uma inédita proibição à entrada de menores de 18 anos — mesmo se acompanhados dos pais ou responsáveis.

Mauro Albano/BuzzFeed News

Para justificar a restrição, a primeira do tipo desde sua inauguração há 70 anos, o museu evocou uma portaria do Ministério da Justiça segundo a qual menores não podem acessar a “diversão ou espetáculo” com classificação etária de 18 anos.

O ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Carlos Ayres Britto disse ao BuzzFeed News que a proibição é inconstitucional e pode ser considerada censura.

“Histórias da sexualidade” foi concebida em 2015 e conta com cerca de 300 obras, entre pinturas, fotos, esculturas, textos e vídeos.

Há peças do acervo do Masp e outras reunidas apenas para a exposição. Elas não estão organizadas cronologicamente, e sim em nove núcleos temáticos: 1) Corpos nus, 2) Totemismos, 3) Religiosidades, 4) Performatividades de gênero, 5) Jogos sexuais, 6) Mercados sexuais, 7) Linguagens, 8) Voyeurismos e 9) Políticas do corpo e ativismos.

Abaixo estão algumas das principais obras, todas com seu devido contexto — explicações extraídas do catálogo” Histórias da sexualidade”, publicado por ocasião da exposição.

1) CORPOS NUS

A banhista e o cão griffon, de Pierre-Auguste Renoir

Divulgação/MASP

“Em A banhista e o cão griffon – Lise à beira do Sena (1870), de Pierre-Auguste Renoir (1841-1919), a modelo Lise, primeira namorada do pintor, assume posição semelhante à da Afrodite de Praxiteles. De pé, com a cabeça inclinada para a direita, ela esconde o sexo com a mão esquerda. Dessa maneira, Renoir reproduz e amplia a intenção do artista grego, procurando associar o corpo nu feminino a um ideal de beleza, expresso pela simetria e proporção das formas.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

Moema (1866), de Victor Meirelles

Divulgação/MASP

Yanomami (1974), de Claudia Andujar

Claudia Andujar – Divulgação/MASP

“O corpo idealizado e morto da Moema (1866), de Victor Meirelles (1832-1903), difere temporal e tematicamente quando em contraste com o registro do corpo em descanso envolto na fumaça da aldeia yanomami, fotografado por Claudia Andujar (Yanomami, 1974). As duas obras, ainda que tenham proximidade formal, apresentam leituras muito distintas do corpo indígena. Moema, a personagem do épico poema ‘Caramuru’ de frei José de Santa Rita Durão (1722-1784), encontra-se morta na praia depois de se afogar ao seguir a embarcação de Diogo Álvares, por quem estava enamorada, e que retornava a Portugal. Representada como uma Vênus índia, Moema reitera a concepção do nu feminino europeu, adaptado à paisagem do indigenismo romântico brasileiro da época de Pedro II. O corpo feminino presente nessa pintura acadêmica carrega uma contradição básica: o conflito entre a imagem do indígena construída durante o Império: uma heroína, mas também passiva diante dos brancos; ama um português, mas é assassinada pela violência dos colonizadores. Com esse gesto, ela exemplifica o modelo reiterado no Segundo Reinado brasileiro, quando a indígena que oferece seu corpo deve morrer para que a nação possa nascer. Em registro muito diverso daquele realizado por Meirelles, o corpo do yanomami fotografado por Andujar encontra-se em descanso na intimidade de seu cotidiano. No interior da maloca, o homem deitado na rede encara a câmera de maneira franca. Nessa imagem está clara a horizontalidade e a igualdade de posições: de um lado o ‘pretenso modelo’ que interage na imagem que dele se captura; de outro, o olhar da fotógrafa que se deixa seduzir e incorporar pelo universo do outro.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

2) TOTEMISMOS

Guanaroca [Primeira mulher] (esculturas rupestres) (1981), de Ana Mendieta

Divulgação/MASP

“Na obra Guanaroca [Primeira mulher] (esculturas rupestres) (1981), Ana Mendieta faz referência à deusa indígena homônima, que teria sido a primeira mulher a surgir na Terra. A obra é um registro da escultura realizada pela artista em uma rocha no Parque de Jaruco, na cidade de Havana, em Cuba, que representa o contorno de um corpo de mulher, tendo entre as pernas uma grande vagina — um modo de estabelecer a relação do solo (da terra) com a origem da vida e o corpo feminino.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

Xannayonnx Portal (2016), de Cibelle Cavalli Bastos

Bruno Leão

Xannayonnx Portal (2016), de Cibelle Cavalli Bastos, é uma escultura mole e de grandes proporções, que simula a genitália híbrida imaginada pela artista numa tentativa bem-humorada de ultrapassar a noção de gênero como condicionante para a identidade.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

3) RELIGIOSIDADES

Gaye com folhas Gu (2015), de Ayrson Heráclito

Divulgação/MASP

“A relação da sexualidade com o sagrado está representada em Gaye com folhas Gu (2015), de Ayrson Heráclito. O torso nu na fotografia representa a divindade Ossain do candomblé, senhor das folhas e das florestas, que com elas realiza curas e milagres. Religiosidade e sexualidade, a partir da interdição e do incitamento, fazem parte de uma estrutura recorrente em nossa sociedade, e que se apresenta a partir de múltiplas formas nas obras de arte.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

Séries Parahereges I (1986) e Parahereges II (1988), de Léon Ferrari

Eduardo Ortega

“A hipocrisia, o conservadorismo e o poder abusivo praticados pela religião católica são temas dos trabalhos de Léon Ferrari (1920-2013). Nas séries ParaheregeI (1986) e Parahereges II(1988), Ferrari realizou intervenções inserindo recortes e colagens de ilustrações eróticas e pornográficas sobre reproduções de imagens da iconografia católica retiradas das gravuras de Albrecht Dürer (1471-1528). Nessas séries, o artista transporta o ato sexual para o domínio do sagrado, evidenciando a entrega ao êxtase profano e à blasfêmia e assim desafia a moral e a ética religiosas.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

São Sebastião na coluna (circa 1500-10), de Pietro Perugino

Divulgação/MASP

“Constantemente, as imagens religiosas produzidas em sociedades de base cristã podem ser lidas como objetos de incitamento sexual, ao mesmo tempo em que procuram conter e silenciar o desejo. Na vasta produção imagética da Igreja Católica, o exemplo mais explorado, em sua conexão com a sexualidade, talvez seja o corpo seminu de são Sebastião. Segundo a tradição cristã, são Sebastião foi um oficial romano que, ao se converter ao cristianismo, acabou condenado à morte. Foi se inspirando nessa imagem que alguns artistas do século 20 se propuseram a realizar uma releitura homoerótica de são Sebastião, destacando o corpo nu coberto por flechadas do santo católico, bem como seu semblante de traços delicados.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

4) VOYEURISMOS

Heaven [Paraíso] (1997), de Tracey Moffatt

Divulgação/MASP

“Em Heaven [Paraíso] (1997), de Tracey Moffatt, adentramos o mundo masculino do surfe. Observamos homens se trocando antes de entrarem no mar em uma praia da Austrália. Ao filmar os surfistas seminus, a artista desafia certa convenção histórica do olhar masculino, que sempre colocou as mulheres no lugar de objeto desejado e observado. Na obra de Moffatt é a mulher quem assume o lugar de voyeur e tem prazer com esse ato. Ao mesmo tempo, invertendo a dinâmica da história da arte clássica, a artista coloca os corpos masculinos em situação de vulnerabilidade: são eles que se sentem expostos e desconfortáveis — tomados numa situação transitória, enquanto trocam de roupa. Tudo parece muito distante da posição icônica do surfista, potente e detentor do controle de seus gestos e de suas pranchas — simbolicamente fálicas.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

O banho de Diana (1559-60), de François Clouet

Divulgação/MASP

“Em O banho de Diana (1559-60), de François Clouet (circa 1510-1572), a narrativa e? revelada em suas três etapas: Diana, deusa grega da caça e da lua, conhecida por sua castidade, é surpreendida por Acteon, que a observa durante seu banho; enfurecida por conta da audácia do herói, ela o transforma em um cervo e em seguida Acteon é devorado por cães. Esse exemplo, que talvez se constitua no primeiro de voyeurismo retratado na histo?ria da arte, é também um caso raro em que, na narrativa clássica, a figura feminina exerce poder sobre a figura masculina.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

Sem título (1971), de José Antônio da Silva

Divulgação/MASP

“Em Sem título (1971), de José Antônio da Silva (1909-1996), a personagem feminina parece estar desavisada e inadvertida diante do fato de estar sendo observada. O voyeur oculto olha pela janela sem ser percebido pela mulher representada, mas é revelado ao espectador que, se torna de certa forma cúmplice da espreita.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

5) LINGUAGENS

Semiótica Gay, um estudo fotográfico do código visual entre homens homossexuais – série “Moda de rua” (1977/2015), de Hal Fischer

Divulgação/MASP

“A série de fotografias Gay Semiotics, A Photographic Study of Visual Coding Amongst Homosexual Men -“Street Fashion” [Semio?tica Gay, um estudo fotográfico do código visual entre homens homossexuais – série “Moda de rua”] (1977/2015)], de Hal Fischer, representa um retrato poderoso da comunidade gay masculina da cidade de Sa?o Francisco nos Estados Unidos, em meados da década de 1970. A associação entre palavra e imagem, um recurso semiótico explorado por diversos artistas da geração de Fischer, surge aqui como forma de descrição de diferentes códigos de comunicação visual. Nesse caso, o vestuário e certos detalhes dele — como o uso de lenços, brincos e chaves — são explorados tal qual mensagens sexuais e sinalizam, por exemplo, comportamentos passivos ou ativos.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

Jornal Dobrabil (1977-81), de Glauco Mattoso

Divulgação/MASP

Jornal Dobrabil (1977-81) é um trabalho que mescla as experimentações da poesia concreta, a irreverência da poesia marginal e o humor escrachado do teatro do absurdo. O projeto foi desenvolvido por Glauco Mattoso, que fez a publicação circular de maneira informal e anônima durante cinco anos. De caráter ativista, e em prol da causa homossexual e da resistência cultural à ditadura militar, o Jornal Dobrabil (referência ao Jornal do Brasil, periódico de maior trânsito à época no país) é uma publicação feita a partir de uma colagem de textos próprios, releituras de poemas conhecidos e imitações satíricas de notícias. Nele, Mattoso faz críticas aos costumes conservadores da sociedade brasileira assim como à política ultraconservadora de seu contexto social. ‘Oprimido, sim, mas nunca reprimido’, escrevia Mattoso.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

Deaf Dude [Cara surdo] (2003), Dean Sameshima

Divulgação/MASP

“Na série Deaf Dude [Cara surdo] (2003), Dean Sameshima reproduziu fotografias de uma revista pornográfica dos anos 1980, em que um modelo, supostamente surdo, discursava sobre sexo por meio da língua de sinais. O artista criou, assim, um arquivo de imagens (dezessete no total) que pode ser lido de diferentes maneiras. Em primeiro lugar, como uma forma quase didática de descrever o ato sexual em diferentes formas. Em segundo, uma espécie de crítica visual à inexistência de uma linguagem mais subversiva e radical, que tenha sido criada pela comunidade gay, e sem esconder preconceitos e estereótipos ainda vigentes.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

6) PERFORMATIVIDADES DE GÊNERO

Experiência n.3, Flávio de Carvalho (1899-1973)

Divulgação/MASP

“Diante de valores conservadores da sociedade brasileira, a diluição das fronteiras entre masculino e feminino configura uma forma de resistência e de ativismo e é o que representa a performance Experiência n.3, idealizada e realizada por Flávio de Carvalho (1899-1973) em 1956. O artista desfilou pelas ruas do centro de São Paulo vestindo saia de pregas, blusa de mangas bufantes, meia arrastão e sandálias — peças tidas como parte do vestuário feminino e que compunham o que Carvalho chamou de new look: uma proposta de traje masculino mais adaptado ao clima tropical. O new look foi resultado de pesquisas sobre a história da indumentária no Brasil, e questionava, de forma lúdica e irônica, a relação das roupas com o tipo de colonização experimentada no país. A performance colocava em questão, ainda, temas centrais sobre a relação do corpo com o espaço, com a cidade e com sua história.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

Magnolia with Mirror [Magnólia com espelho],1986, de Graciela Iturbide

Divulgação/MASP

“O ensaio fotográfico de Graciela Iturbide, Magnolia with Mirror [Magnólia com espelho],1986 desenvolveu-se num período de dez anos durante o qual a artista viveu entre os indígenas de Juchitán, em Oaxaca, México. Magnólia é o retrato de um muxe, indivíduo que não se identifica nem com o gênero masculino nem com o feminino. A sociedade de Juchitán é frequentemente descrita como um matriarcado, em que as mulheres dominam a economia e são chefes de famílias. Ali, a homossexualidade e o terceiro ge?nero sa?o amplamente aceitos.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

Roberta Close (1986), Adir Sodre?

Divulgação/MASP

“No trabalho Roberta Close (1986), Adir Sodre? representa uma das primeiras mulheres transexuais a ter destaque na esfera pu?blica brasileira. Close, que, ao nascer, foi identificada com o sexo masculino, teve a alterac?a?o do seu nome social e de sua identidade de ge?nero feminina reconhecida pelo governo brasileiro em 2005, apo?s anos de batalha judicial. Nesse retrato bem-humorado da modelo ha? clara refere?ncia a? Olympia (1863) de E?douard Manet (1832-1883): ela traz os mesmos tamancos que escapam dos pe?s e posa num ambiente decorado e repleto de cores. A Ve?nus pop de Sodre?, que ele nomeia de “Ninfa neomoderna” enfatizando o cara?ter mitolo?gico de musa, do mesmo modo que Olympia, na?o usa disfarces; e? uma personagem real com seu corpo hermafrodita e sua bissexualidade expli?cita.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

7) MERCADOS SEXUAIS

Bailarina de catorze anos (1880), de Edgar Degas

Divulgação/MASP

“Na Paris do se?culo 19, o mercado da prostituic?a?o estava em plena ascensa?o e encontrava-se frequentemente associado ao mundo do espeta?culo. Com uma populac?a?o urbana em acelerado crescimento, Paris registrava um número relativamente extenso de mulheres que tinham a prostituic?a?o como atividade principal ou secunda?ria; eventualmente qualquer mulher desacompanhada que se encontrasse no espac?o pu?blico poderia ser considerada “prostituta”. A modelo de Edgar Degas (1834-1917) que posou para sua escultura Bailarina de catorze anos(1880) era Marie Van Goeuthen, cuja histo?ria foi contada como a de uma menina pobre para quem a danc?a significava uma forma de escapar da prostituic?a?o. Muitos historiadores afirmam, no entanto, que ela não conseguiu construir uma carreira muita longa no mundo do espeta?culo e tenha eventualmente frequentado bares e cafés de prostituição. O mundo efervescente da noite parisiense do se?culo 19 — e suas representac?o?es — pode ser visto como aquele do espeta?culo e do lazer, narrativa que esconde o duro trabalho feminino que o sustentava, com milhares de bailarinas, garc?onetes, danc?arinas, cantoras e prostitutas, todas elas vistas como ‘mulheres de vida fa?cil’.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

Fotografias documentais de Juca Martins

Divulgação/MASP

“A série de fotografias documentais de Juca Martins, exibidas pela primeira vez na exposição Histórias da sexualidade, retrata a detenc?a?o de prostitutas e travestis durante a ‘Operac?a?o Limpeza’, promovida pelo delegado Jose? Wilson Richetti, no centro de Sa?o Paulo, em 1980. O foto?grafo testemunhou com suas lentes este que acabou sendo caracterizado como um dos principais eventos de perseguic?a?o a gays, le?sbicas, travestis e prostitutas no Brasil, e que levou a? prisa?o de mais de 1.500 pessoas. Um ato pu?blico foi enta?o organizado, como forma de reagir a? repressa?o e pedir provide?ncias. O evento correspondeu, por sua vez, ao marco de inaugurac?a?o do Movimento Homossexual Brasileiro, e instituiu, na data de 13 de junho, o ‘Dia Nacional de Luta Homossexual’.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

8) JOGOS SEXUAIS

Himeneu travestido assistindo a uma danc?a em honra a Pri?apo (1634-38), de Nicolas Poussin

Divulgação/MASP

“Uma das obras de destaque do acervo do MASP, e que faz parte da exposic?a?o, e? a tela Himeneu travestido assistindo a uma danc?a em honra a Pri?apo (1634-38). De autoria de Nicolas Poussin (1594-1665), ela retrata a histo?ria de Himeneu, divindade da boa fortuna dos casais que, para se aproximar da amada, ‘transvestiu-se’ de mulher em uma festividade em homenagem a Pri?apo, deus da fertilidade na cultura cla?ssica ocidental — representado pela esta?tua que se encontra no centro da pintura. Em Roma, nas festividades em homenagem a Pri?apo, eram admitidas somente mulheres, que se vestiam de bacantes, tocavam instrumentos e colocavam flores diante da imagem da divindade.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

Nus (1919), de Suzanne Valadon

Divulgação/MASP

“Na pintura Nus (1919), de Suzanne Valadon (1865-1938), uma mulher deitada de bruc?os sobre a grama le?, enquanto outra, sentada, arruma os cabelos e insinua seu tamanco amarelo entre as pernas da colega que com ela divide o ambiente. A cena e? sutil, e a primeira modelo parece tocar, levemente, o corpo da amiga com os pe?s, o que nos da? espac?o para interpretar uma relac?a?o homossexual.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

Cena de interior II (1994), de Adriana Varejão

Foto: Eduardo Ortega / Acervo Atelier Adriana Vareja?o / Cortesia Atelier Adriana Vareja?o

Esse óleo sobre tela de Adriana Varejão também foi exposto na “Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”, em Porto Alegre, que acabou sendo cancelada após protestos e acusações de incentivo à pedofilia e à zoofilia. Na exposição do Masp, o texto ao lado da obra faz uma ressalva, depois de descrever a cena: “Não se trata de apologia de tais práticas, mas de seu registro ficcional”.

9) POLÍTICAS DO CORPO E ATIVISMOS

Eduardo Kac / Movimento de Arte Pornô

Divulgação/MASP

“O Movimento de Arte Porno? no Rio de Janeiro realizava performances e happenings que reivindicavam a liberdade a partir da presenc?a do corpo nu, em contexto de repressão da sociedade, em plena ditadura civil-militar. Eduardo Kac e Cairo Trindade, integrantes desse grupo, criaram o Manifesto do Movimento de Arte Porno?, em maio de 1980, documento que foi publicado no zine Gang nu?mero 1, em setembro de 1980. O manifesto propunha ‘todo mundo nu’ e advogava ‘pelo striptease na arte’. A performance do Movimento de Arte Porno? aconteceu na praia de Ipanema em 13 de fevereiro de 1982 (sessenta anos apo?s a realizac?a?o da Semana de Arte Moderna de 1922 em Sa?o Paulo) e representou a u?ltima grande intervenc?a?o pu?blica do movimento, que culminou com uma passeata nudista pela praia e um mergulho coletivo no mar.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”)

I Want a Dyke for President [Quero uma sapata?o para presidente] (1992), de Zoe Leonard

Divulgação/MASP

“Na carta I Want a Dyke for President [Quero uma sapata?o para presidente] (1992), Zoe Leonard proclama a emerge?ncia de se eleger para a preside?ncia dos Estados Unidos uma le?sbica, uma mulher negra, uma pessoa soropositiva, algue?m que tenha sofrido um aborto aos dezesseis anos ou que tenha perdido seu amor por causa da AIDS. A artista questiona tambe?m em que momento o povo norte-americano aprendeu a ter um palhac?o ou um ladra?o como presidente da Repu?blica [referindo-se, naquela e?poca, ao rece?m-eleito George H. W. Bush]. Essa carta de Leonard, apesar de ter sido escrita em 1992, e? ainda extremamente atual — na?o somente para os Estados Unidos, como em todo o mundo. Os trabalhos feitos por grupos arti?sticos e ativistas no passado dialogam com uma nova gerac?a?o, que ainda hoje convive com a discriminação das minorias.” (Catálogo “Histórias da sexualidade”).

Fonte: Buzzfed

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