Português/Espanhol. Apesar das 11 mil observações cidadãs apresentadas, as denúncias de que relatórios dos organismos técnicos que revisaram o projeto foram mudados e a inabilidade de quatro ministérios, o apoio explícito do governo de Sebastián Piñera e da mídia, foi aprovado em meio de um forte contingente policial o projeto HidroAysén. Convocou-se uma marcha Plaza Italia, Santiago.
…Desde a semana passada os sinais do Governo eram que o projeto de construir cinco centrais hidroelétricas nos rios Baker e Pascua na região de Aysén era firmemente apoiado por Sebastián Piñera.
Após três anos de tramitação, três exigências de maior informação a Colbún-Endesa para que esclarecessem aspectos do Estudo de Impacto Ambiental apresentado e um lobby das companhias de eletricidade que salpica a funcionários das administrações de Michelle Bachelet e o mesmo Piñera, o projeto foi aprovado na tarde de esta segunda-feira pelos integrantes da Comissão de Avaliação Ambiental (CEA) da região de Coyhaique.
A aprovação foi por 11 votos a favor e 1 abstenção. Os votos a favor do projeto foram de Pilar Cuevas, prefeita da Região de Aysén; Alejandro Escobar, Seremi de Transportes; Mónica Saldías, Seremi de Energia; Rodrigo Solís, Seremi (s) do Minvu; Raúl Rudolphi, Seremi de Agricultura; Geoconda Navarrete, Seremi de Mideplan; Claudio Vallejos, Seremi de Saúde; Carolina Bascur, Seremi (s) de Economia; Carola Alvarado, Seremi (s) do Meio Ambiente; Bolívar Ruíz, Director do CEA e Quemel Sade, Seremi do MOP.
Nos últimos dias da semana passada a prefeita regional foi chamada a Santiago para coordenar o anúncio; a mídia, como El Mercurio e La Tercera, elogiavam o projeto e criminalizavam os opositores; e centenas de policiais eram enviados para uma cidade de não mais de 50 mil habitantes.
Até no ambiente da Bolsa durante a manhã desta segunda, as ações de Colbún, Endesa e sua matriz Enersis eram as que tinham mais transações na Bolsa de Comércio de Santiago. As ações da Colbún subiam 2,75% a $145,70 e as de Endesa avançavam 1,87% a $893, enquanto os de Enersis registravam um leve retrocesso de 0,46% a $198,61.
A cereja do bolo foi colocada pelo ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter, quem horas antes da votação disse que “para o país seria bom que se aprovasse”, dando um claro sinal para os funcionários de seu governo que votariam horas mais tarde.
Sara Larraín, de Chile Sustentable, considera que “este processo está super manipulado. Seis dos relatórios técnicos que avaliavam o projeto foram mudados; cinco seremis se inabilitaram por terem relação com a empresa e não foram levadas em conta as 11 mil observações cidadãs. Há uma irregularidade absoluta que submete o país ao domínio dos projetos lucrativos de um setor social, em contra do interesse nacional”.
“A maioria dos que tomaram a decisão têm conflitos de interesse. A institucionalidade ambiental ficou ao serviço de um mega-projeto”- acrescentou o senador Guido Girardi. O senador Fulvio Rossi disse que “os serviços públicos são cativos das decisões políticas. Na aprovação de HidroAysén não houve rigorosidade técnica nem critérios científicos, senão que primaram os critérios políticos”.
A cidadania por sua parte rejeita o projeto apesar da milionária campanha investida pelas elétricas em publicidade. Uma pesquisa feita por Ipsos a mediados de abril revela que um 61,1 % da população rejeita HidroAysén. Ao estudo se soma a II Pesquisa de Percepção e Atitudes em relação ao Meio Ambiente da Universidade Andrés Bello, que concluiu que 79% dos chilenos qualificaram negativamente a construção do polêmico projeto Hidroaysén e 69% dos pesquisados acredita que o Governo não está preocupado com o meio ambiente.
A CICATRIZ DA METADE DO CHILE
O projeto de Endesa e Colbún propoe construir cinco centrais hidrelétricas nos rios Baker e Pascua de 2.750 megavátios (MW) de potência. Seu custo de implantação se aproxima dos 7.500 milhões de dólares, considerando uma linha de transmissão de 2.300 quilômetros. Só para as represas se contempla um investimento de 4 mil milhões de dólares.
As centrais inundarão seis mil hectares, dos quais 18,8 hectares pertencem ao Parque Nacional Laguna San Rafael.
Mesmo que o projeto apresentado não inclua a linha de alta tensão, cujo recorrido final se apresentará em dezembro, se estima que são necessárias 5.750 torres de 70 metros de altura (equivalentes a prédios de 20 a 25 andares) a cada 400 metros.
Estas torres fragmentariam 6 parques nacionais, 11 reservas nacionais, 26 áreas prioritárias de conservação, 16 umedais e 32 áreas protegidas privadas.
Como as torres contemplam que na faixa de 2.300 quilômetros tenha um ancho de 100 metros, se desmatariam 23.000 hectares de total desmatamento, quatro vezes a mais que os hectares que serão alagados pelas represas.
A ARMADILHA DO DESENVOLVIMENTO ENERGÉTICO
O Governo, a mídia e as empresas elétricas defendem o projeto argumentando que o ‘desenvolvimento do país’ exige que se duplique a matriz energética nos próximos 10 anos. Numa entrevista ao jornal La Tercera, Piñera disse que “se não houver energia hidroelétrica, então haverá mais centrais com carvão”.
É claro que esse argumento oblitera o monopólio energético no Chile e que as necessidades são para a atividade industrial.
Endesa e Colbun dominam o 74% do Sistema Interconectado Central (SIC). Com a aprovação de HidroAysén aumentarão para 80%. O SIC da energia para o 90% da população do país. As outras 48 empresas geradoras têm uma participação de apenas 26 por cento.
De acordo com os números Instituto Nacional de Estatísticas, dos 58.427 Gwh gastos em 2009, o consumo residencial é de 15%; o comercial alcança 12%; o agrícola 2% e o industrial, 26%, enquanto as mineradoras consumem 34%.
“O tamanho desse monopólio impede que outros atores entrem no sistema de geração elétrica – acusa Larraín – Continuam falando que os renováveis são mais caros porque querem seguir controlando o negócio com o monopólio que eles têm e, de passagem, manter escravizado o desenvolvimento energético a seus próprios interesses”.
No ano 2010 só com um 3% de projetos renováveis não convencionais o país economizou 129 milhões de dólares. Se se tivesse cumprido a meta que estabeleceu Bachelet de que ao término de seu mandato um 5% da energia produzida corresponderia a este tipo, teríamos economizado 165 milhões de dólares a mais.
O negócio para HidroAysén é grande: se Colbún e Endesa conseguem gerar 19 mil gigavátios por hora em um ano ganhariam um bilhão 500 mil dólares anualmente, com custos de geração que não superam os 600 milhões de dólares.
Versão em português: Tali Feld Gleiser.
APROBADO PROYECTO HIDROAYSÉN
Pese a las 11 mil observaciones ciudadanas presentadas, las denuncias de que informes de los organismos técnicos que revisaron el proyecto fueron cambiados y la inhabilidad de cuatro ministerios, el apoyo explícito del gobierno de Sebastián Piñera y de los medios masivos, fue aprobado en medio de un fuerte contingente policial el proyecto HidroAysén. Para esta tarde a las 19 horas está convocada una marcha de rechazo en Plaza Italia.
Las fichas estaban echadas. Desde la semana pasada las señales del Gobierno eran que el proyecto de construir cinco centrales hidroeléctricas en los ríos Baker y Pascua en la región de Aysén era firmemente apoyado por Sebastián Piñera.
Después de tres años de tramitación, tres exigencias de mayor información a Colbún-Endesa para que clarificaran aspecto del Estudio de Impacto Ambiental presentado y un lobby de las compañías eléctricas que salpica a funcionarios de las administraciones de Michelle Bachelet y el mismo Piñera, el proyecto fue aprobado la tarde de este lunes por los integrantes de la Comisión de Evaluación Ambiental (CEA) de la región de Coyhaique.
La aprobación fue por 11 votos a favor y 1 abstención. Los votos a favor del proyecto fueron de Pilar Cuevas, Intendenta de la Región de Aysén; Alejandro Escobar, Seremi de Transportes; Mónica Saldías, Seremi de Energía; Rodrigo Solís, Seremi (s) del Minvu; Raúl Rudolphi, Seremi de Agricultura; Geoconda Navarrete, Seremi de Mideplan; Claudio Vallejos, Seremi de Salud; Carolina Bascur, Seremi (s) de Economía; Carola Alvarado, Seremi (s) de Medio Ambiente; Bolívar Ruíz, Director del CEA y Quemel Sade, seremi del MOP.
Los últimos días de la semana pasada la intendenta regional fue llamada a Santiago para coordinar el anuncio; los medios masivos, como El Mercurio y La Tercera, alababan el proyecto y criminalizaban a los opositores; y cientos de policías eran desplegados en una ciudad de no más de 50 mil habitantes.
Incluso en el ambiente bursátil durante la mañana de este lunes, las acciones de Colbún, Endesa y su matriz Enersis eran las más transadas en la Bolsa de Comercio de Santiago. Los papeles de Colbún subían 2,75% a $145,70 y los de Endesa avanzaban 1,87% a $893, mientras los de Enersis registraban un leve retroceso de 0,46% a $198,61.
La guinda de la torta la puso el ministro del Interior, Rodrigo Hinzpeter, quien horas previas a la votación dijo que “para el país sería bueno que se apruebe”, dando una clara señal a los funcionarios de su gobierno que votarían horas más tarde.
Sara Larraín, de Chile Sustentable, considera que “este proceso está súper manipulado. Seis de los informes técnicos que evaluaban el proyecto han sido cambiados; cinco seremis se han inhabilitado por tener relación con la empresa y no se tomaron en cuenta las 11 mil observaciones ciudadanas. Hay una irregularidad absoluta que somete al país al dominio de los proyectos lucrativos de un sector social, en contra del interés nacional”.
“La mayoría de quienes tomaron la decisión tienen conflictos de interés. La institucionalidad ambiental se ha puesto al servicio de un megaproyecto”- agregó el senador Guido Girardi. Por su parte, el senador Fulvio Rossi, dijo que “los servicios públicos son cautivos de las decisiones políticas. En la aprobación de HidroAysén no ha habido rigurosidad técnica ni criterios científicos, sino que han primado los criterios políticos”.
La ciudadanía por su parte rechaza el proyecto pese a la millonaria campaña invertida por las eléctricas en publicidad. Una encuesta hecha por Ipsos a mediados de abrl acusa que un 61,1 % de la población rechaza HidroAysén. Al estudio se suma la II Encuesta de Percepción y Actitudes hacía el Medio Ambiente de la Universidad Andrés Bello, que concluyó que el 79% de los chilenos calificó negativamente la construcción del polémico proyecto Hidroaysén y el 69% de los encuestados cree que el Gobierno no está preocupado por el medioambiente.
LA CICATRIZ DE MEDIO CHILE
El proyecto de Endesa y Colbún plantea construir cinco centrales hidroeléctricas en los ríos Baker y Pascua de 2.750 megawatts (MW) de potencia. Su costo de implementación se acerca a los US$ 7.500 millones, considerando una línea de transmisión de 2.300 kilómetros. Sólo para las represas se contempla una inversión de US$ 4 mil millones.
Las centrales inundarán seis mil hectáreas, siendo 18,8 hectáreas de estas del Parque Nacional Laguna San Rafael.
Si bien el proyecto presentado no incluye la línea de alta tensión, cuyo recorrido final se presentará en diciembre, se estima que son necesarias 5.750 torres de 70 metros de altura (equivalentes a edificios de 20 a 25 pisos) cada 400 metros.
Estas torres fragmentarían 6 parques nacionales, 11 reservas nacionales, 26 sitios prioritarios de conservación, 16 humedales y 32 áreas protegidas privadas.
Como las torres contemplan que en la franja de 2.300 kilómetros tenga un ancho de 100 metros, se deforestarían 23.000 hectáreas de total deforestación, cuatro veces más que las hectáreas que serán inundadas por las represas.
LA TRAMPA DEL DESARROLLO ENERGÉTICO
El Gobierno, los grandes medios y las empresas eléctricas defienden el proyecto argumentando que el ‘desarrollo del país’ exige que se duplique la matriz energética en los próximos 10 años. En una entrevista al diario La Tercera, Piñera dijo que “si no hay energía hidroeléctrica, entonces lo que va a haber serán más centrales a carbón”.
Claro que dicho argumento oblitera el monopolio energético en Chile y que las necesidades son para la actividad industrial.
Endesa y Colbun dominan el 74% del Sistema Interconectado Central (SIC). Con la aprobación de HidroAysén aumentarán a un 80%. El SIC da energía al 90% de la población del país. Las otras 48 empresas generadoras tienen una participación de apenas un 26 por ciento.
Según cifras del Instituto Nacional de Estadísticas, de los 58.427 Gwh gastados el 2009, el consumo residencial es del 15%; el comercial alcanza el 12%; el agrícola un 2% y el industrial el 26%. En tanto que las mineras consumen el 34%.
“El tamaño de dicho monopolio impide que otros actores entren al sistema de generación eléctrica – acusa Larraín – Siguen diciendo que las renovables son más caras porque quieren seguir controlando el negocio con el monopolio que tienen y, de paso, mantener esclavizado el desarrollo energético a sus propios intereses”.
El año 2010 sólo con un 3% de proyectos renovables no convencionales el país se ahorró 129 millones de dólares. Si se hubiese cumplido la meta que puso Bachelet de que al término de su mandato un 5% de la energía producida correspondería a este tipo, nos habríamos ahorrado 165 millones de dólares más.
El negocio para HidroAysén es grande: si Colbún y Endesa logran generar 19 mil gigawatts por hora en un año ganarían unos mil 500 millones de dólares anualmente, con costos de generación que no superan los 600 millones de dólares.