Levantamento do Banco Central (BC) revelou que empresas de apostas esportivas online receberam R$ 3 bilhões em Pix de beneficiários do Bolsa Família em agosto deste ano. O valor equivale a 20% do valor total repassado pelo programa no mês passado.
O estudo foi feito a pedido do senador Omar Aziz (PSD-AM). O parlamentar acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR) para tentar tirar do ar os sites de bets até que as empresas de apostas sejam regulamentadas.
Segundo o levantamento, a média dos valores gastos por pessoa é de R$ 100. Além disso, 5 milhões de pessoas pertencentes ao programa enviaram os recursos. Desse total, 70% são chefes de família, ou seja, quem de fato recebe o valor transferido pelo governo. Eles foram responsáveis por enviar R$ 2 bilhões, ou 67% do valor, para as bets.
As cifras podem ser ainda maiores, já que a pesquisa do BC considera somente os recursos pagos pelos apostadores usando o sistema de pagamentos do banco, não levando em conta meios como cartões de débito ou crédito, por exemplo.
“Esses resultados estão em linha com outros levantamentos que apontam as famílias de baixa renda como as mais prejudicadas pela atividade das apostas esportivas. É razoável supor que o apelo comercial do enriquecimento por meio de apostas seja mais atraente para quem está em situação de vulnerabilidade financeira”, afirma em nota o BC.
Em declaração nesta terça-feira (24), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, alertou que o montante é “bastante preocupante” e interfere na inadimplência das famílias.
O Bolsa Família destinou R$ 14,1 bilhões para mais de 20 milhões de beneficiários no mês passado. É de R$ 681,09 o valor médio pago por família no mês.
No total, cerca de 24 milhões de pessoas físicas participaram de jogos de azar e apostas em agosto, de acordo com o BC. Os gastos variam de R$ 100 a R$ 3 mil mensais. O órgão pondera que os dados são preliminares devido à dificuldade da identificação das empresas.
Edição: Nicolau Soares