“Enquanto existe fome, enquanto existe guerra, o MST vai lutando pela Terra!”. Foi com este grito de ordem que trabalhadores rurais de toda a Bahia saíram em marcha neste último sábado (10/05), reivindicando a desapropriação de terras e a implementação de um modelo agrário que reparta o chão a toda sociedade.
Tendo como destino a governadoria do estado, os trabalhadores cruzaram o Centro Administrativo da Bahia (CAB) dialogando com a sociedade sobre a morosidade do estado diante da Reforma Agrária e na apuração dos diversos casos de violência no campo.
A ação é resultado de uma pauta de reivindicações entregues à governadoria do estado, ao Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e à Secretaria de Educação.
A marcha acontecia paralela a uma reunião com representantes do MST de diversas regiões Bahia com o governador Jaques Wagner (PT).
No dia 6 de maio, cerca de três mil Sem Terra saíram em marcha do município de Camaçari a Salvador. Ao chegarem na capital, ocuparam o Incra na última quinta-feira (8/05).
De acordo com os Sem Terra, as diversas demandas apresentadas por eles são pontos de pauta antigos, como o acesso a políticas públicas de convivência com seca, melhores infraestruturas para os assentados, reforma e construção de novas escolas no campo.
Violência no Campo
Há mais de um ano que o militante do MST, Fábio Santos, foi assassinado, no dia 2 de abril de 2013, na cidade de Iguaí. Entretanto, as investigações do ocorrido não foram adiante.
Diante da situação, os trabalhadores rurais reivindicam a imediata apuração do crime. Indignada com a falta de respostas dadas diante do caso, Mara Ribeiro, da direção estadual do MST, entende que o estado acaba se tornando um dos culpados, já que não tomam providências e nem exigem respostas dos órgãos competentes.
Homenagens
Além de denunciar, cobrar e rememorar aqueles que tombaram na luta, esta atividade homenageou toda a classe trabalhadora com muitas músicas e gritos de ordem.
A véspera do dia mães, aos 73 anos Dona Eurides participou da marcha e representou todas as mães presente, tendo suas experiências de vida relatadas e seu desejo de conquistar a terra.
“A única coisa que quero é um pedaço de chão para criar meus netos e tataranetos”, disse Dona Eurides com muita alegria por estar em luta.
Respostas
Em resposta as reivindicações dos camponeses, o superintendente do Incra, Luiz Gugê, afirmou que será criado um cronograma de visitas aos assentamentos e acampamentos de todo o estado baiano.
O governador Jaques Wagner, diante das demandas encaminhadas pelos trabalhadores, se comprometeu em cumprir boa parte da pauta entregue, dando ênfase na construção e reforma de unidades escolares existentes na maioria das comunidades rurais.
Também se comprometeu em agilizar apuração do assassinato de Fábio Santos. “Afirmo a todos vocês que no máximo em 30 dias será apresentado um relatório final com o nome dos assassinos de Fábio, e com certeza os mesmos serão presos”, disse.
Além destas questões pautadas, o governador reafirmou o compromisso de receber os trabalhadores. “Eu recebo os Sem Terra porque é minha obrigação atender os anseios da classe trabalhadora”.
Para Márcio Matos, da direção estadual do MST, esta jornada de luta garantiu conquistas importantes para todos.
“Cada conquista dada aqui é um passo a frente na luta pela Reforma Agrária em nosso país. Não podemos esquecer que estas conquistas são de todos os trabalhadores Sem Terra que marcharam de Camaçari a Salvador, enfrentando muito sol quente, chuva e noites mal dormidas”, destaca.
Terminando esta atividade, os Sem Terra retornaram ao Incra, onde estavam acampados, e desocuparam o espaço voltando aos seus respectivos assentamentos e acampamentos.
Foto: Manuela Hernandez.
Fonte: MST