De “abençoado” a “excomungado”, o alimento granulado à base de restos de comida não entrará mais no cardápio dos estudantes e das famílias carentes de São Paulo. Nesta quinta-feira 16, o prefeito João Doria afirmou que a distribuição da chamada “farinata” está totalmente descartada. “Dada a polêmica, entendemos que não seria adequado insistir no projeto”, afirmou o prefeito.
A desistência oficial veio semanas após o ápice da polêmica com o produto, chamado por muitos de “ração humana”. A empresa Plataforma Sinergia, responsável pela produção da “farinata”, retirou de seu site os logos de supostos parceiros após vários deles negarem apoio ao alimento granulado.
A falta de informações nos órgãos de vigilância sobre o produto feito a partir de restos de arroz, feijão, batata e tomate próximos do vencimento também reforçou a desconfiança sobre sua segurança e valor nutricional. Em meio às críticas de nutricionistas e de cidadãos, Doria já dava sinais de que desistiria da ideia, mas preferiu manter-se em silêncio nas últimas semanas até se manifestar contra o produto nesta quinta 16.
Em lugar da “farinata”, Doria agora promete ampliar um política incentivada por seu antecessor, o petista Fernando Haddad: a compra de alimentos orgânicos. A prefeitura informou que investiu neste ano 4,5 milhões de reais em verduras, hortaliças e outros alimentos. Segundo a atual administração, Haddad teria investido 2,8 milhões em seu último ano de mandato.
Antes de desistir totalmente da “farinata”, Doria havia recuado sobre integrar o alimento à merenda escolar. O anúncio de que o produto seria distribuído a estudantes causou mal estar com a Secretaria de Educação, que sequer havia sido informada.
Até o padrinho político de Doria, hoje seu concorrente interno como candidato tucano à Presidência, ironizou o afilhado à época. Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, fez propaganda do programa estadual de alimentação pelo Twitter enquanto o correligionário sofria com as críticas. “O Bom Prato garante refeição balanceada, de qualidade e saborosa por 1 real para quem precisa”, escreveu o governador.
Seja por estar mais permeável a críticas da sociedade, seja pelos danos que a campanha da “farinata” produziu sobre sua popularidade, Doria pelo menos entendeu o recado e parece ter moderado seu apetite político.
Fonte: CartaCapital