Com o objetivo de barrar a entrada de refugiados no país, a Dinamarca cancelou, a partir desta quarta-feira (09/09) e por tempo indeterminado, o trânsito de trens com destino à Alemanha e a rodovia que liga ambos os países no norte alemão. O anúncio ocorre um dia após o governo dinamarquês publicar, em jornais libaneses, um anúncio com o objetivo de desestimular os pedidos de refúgio no país nórdico.
A companhia ferroviária dinamarquesa DSB afirmou que as viagens entre Flensburg, na Alemanha, e Padborg, na Dinamarca, foram suspensas por tempo indeterminado, em ambas as direções. Também foi suspenso o percurso entre Puttgarden, na Alemanha, e Rodby, na Dinamarca.
De acordo com comunicado no site da DSB, “não é possível viajar de trem até a Alemanha”. Segundo o comunicado, “a polícia está trabalhando na fronteira”.
Segundo a emissora alemã Deutsche Welle, os passageiros foram pegos de surpresa e o cancelamento afetou mais de 15 trens que faziam o percurso entre Aahrus, no norte da Dinamarca, e a cidade alemã de Hamburgo. Essa linha passa no trecho entre Padborg e Flensburg.
Um dos passageiros, que viajava no trem com destino a Hamburgo, disse à DW que as pessoas foram obrigadas a descer no município dinamarquês de Tinglev e foram avisadas de que a fronteira estava fechada por causa do fluxo migratório. Os passageiros deveriam então fazer o percurso de ônibus.
Já o fechamento da rodovia em ocorreu após cerca de 300 refugiados tentarem seguir viagem a pé. “Sabemos que muitos querem ir para Suécia, mas, naturalmente, não podemos deixar isso acontecer”, afirmou o porta-voz da polícia dinamarquesa Carsten Andersen.
A Dinamarca já havia declarado que migrantes que se recusarem a pedir asilo no país seriam enviados de volta à Alemanha.
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Refugiados
Por outro lado, mais de duas centenas de refugiados permaneceram, por horas, em dois trens no porto de Rødby, no sul da Dinamarca, por se recusarem a ser registrados pela polícia dinamarquesa, mantendo o objetivo de seguir viagem até a Suécia.
Os solicitantes de asilo penduraram cartazes nas janelas dos trens nos quais se lia, em inglês, “Dinamarca, não” e “Suécia”. Eles apelam à política da Suécia, favorável aos refugiados, e à presença de familiares ali para não serem registrados na Dinamarca.
Divisão de responsabilidades
O presidente da CE (Comissão Europeia), Jean-Claude Juncker, exigiu também, hoje, que os Estados-membros da União Europeia recebam 120 mil refugiados que chegaram na Itália, na Grécia e na Hungria, número que se soma aos 40 mil propostos em maio, e insistiu que a distribuição deles deve ter caráter “obrigatório”.
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Juncker propôs ainda a criação de um fundo de emergência de 1,8 bilhão de euros (cerca de R$ 7,75 bilhões) para ajudar a África e reduzir a instabilidade da região e evitar que mais gente precise sair de seus países.
“Hoje, propomos um segundo mecanismo de emergência para alocar outras 120 mil pessoas de Itália, Grécia e Hungria. Isto tem que ser obrigatório”, afirmou Juncker em seu primeiro discurso sobre o “estado da União” no plenário do PE (Parlamento Europeu) em Estrasburgo, na França.
Além disso, sugeriu a uma lista de “países de origem seguros” para agilizar o processo de gestão de pedidos de asilo. A lista se refere a países que, em princípio, não cabe a concessão de asilo, já que seus cidadãos não correm perigo. Nessas nações estão Albânia, Macedônia, Montenegro, Sérvia, Turquia, Bósnia-Herzegovina e Kosovo.
(*) Com Efe e Deutsche Welle
Fonte: Opera Mundi.