Por Débora Fogliatto. Há um ano, moradores e apoiadores da Ocupação Saraí, no centro de Porto Alegre, realizaram a primeira Defesa Pública, evento cultural para chamar atenção para a situação das famílias que ali viviam. Alguns meses depois, em julho do ano passado, conquistaram a desapropriação do prédio para moradia popular, mas até hoje o pagamento do valor não foi efetuado e o processo segue pendente.
A desapropriação foi conseguida após intensa mobilização popular nas redes sociais e nas ruas da cidade, pedindo que o governo do Estado decretasse a utilização do prédio para moradia popular. Até então, o imóvel pertence à Risa Administração e Participações LTDA, que não concordou em negociar com os moradores, mesmo com a intervenção da administração estadual à época.
O prédio está ocupado há 19 meses e já havia sido ocupado outras três vezes ao longo dos anos, por estar sem destinação oficial há mais de uma década. Atualmente, 20 famílias vivem no local, enquanto outras oito foram encaminhadas para o aluguel social após tratativas com governos do Estado e município em 2014.
Pela lei, a Procuradoria Geral do Estado pode entrar com o processo a qualquer momento, dois anos após a assinatura do decreto. “Nós nos reunimos com o secretário [de Obras, Saneamento e Habitação] Gerson Brumann e ele nos passou que a questão está nas mãos da Casa Civil esperando orientação. Mas eles dizem que não têm dinheiro para continuar a desapropriação”, lamenta Ceniriani Vargas, coordenadora do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM).
Para pressionar a nova administração a tomar as medidas, ativistas já estão se mobilizando para realizar ações parecidas com as do ano passado. Esta semana, ocorreu um bate-papo com “mini mutirão” para fazer faixas para o evento de sábado, e apoiadores voltaram a se reunir para pensar em alternativas.
No evento, haverá apresentação de bandas, serigrafia, brechó, comes e bebes para vender, artesanato e atividades para as crianças. A Defesa Pública da Saraí está marcada para as 15h deste sábado (25) na rua Caldas Júnior, esquina com a Avenida Mauá, onde fica a ocupação.
Foto: Reprodução/Sul 21
Fonte: Sul 21
