Apesar de pressão de Brasil e Argentina, Uruguai diz que vai passar Presidência do Mercosul à Venezuela

O governo uruguaio afirmou nesta última quinta-feira (08/07) que passará a presidência do Mercosul à Venezuela, apesar de pressões contrárias de Brasil, Paraguai e Argentina, que tentam evitar a passagem. 

Em um comunicado divulgado no site de seu Ministério das Relações Exteriores, o governo de Tabaré Vásquez, que atualmente preside o bloco, diz que “reitera sua posição no sentido de proceder a passagem da presidência, de acordo com as normas vigentes do Mercosul”.

Segundo a nota, “em cumprimento com as responsabilidades inerentes a sua função e tendo em conta as diferenças existentes”, as autoridades uruguaias trabalharão para “analisar e buscar caminhos de encontro que, por meio do diálogo respeitoso e profundo, levem a superar os importantes problemas que enfrenta, neste momento, o processo de integração regional”.

De acordo com as normas do Mercosul, a troca de presidência no bloco deve ocorrer a cada seis meses em um sistema de rodízio entre os países-membros e, em julho, a deveria ser passada à Venezuela.

Uma reunião está prevista para segunda-feira (11/07) entre os chanceleres do Uruguai, Argentina, Brasil e Paraguai para tratar sobre a situação política na Venezuela. 

A reunião foi convocada pelo Paraguai, único país do bloco regional que deu seu apoio explícito ao secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro, no processo de aplicação da Carta Democrática da entidade contra a Venezuela.

Os venezuelanos foram integrados ao bloco em 2012, após a suspensão do Paraguai devido ao golpe que destituiu o então mandatário Fernando Lugo. 

Serra e Fernando Henrique tentam impedir passagem

Na terça-feira (05/07), o ministro das Relações Exteriores brasileiro, José Serra, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tiveram uma reunião em Montevidéu com Tabaré Vásquez e o chanceler uruguaio, Rodolfo Nin Novoa.

O objetivo foi tentar postergar a passagem da liderança do Mercosul ao governo de Nicolás Maduro, que estava programada para ocorrer na terça-feira (12/07).

“Não estamos pedindo para não respeitar as regras, mas que se possa discutir, mais adiante, se a Venezuela fez a lição de casa para ingressar no Mercosul”, disse Serra em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo após a reunião.

A chanceler da Venezuela, Delcy Rodriguez, criticou as declarações de Serra, as quais classificou como “insolentes e amorais”.

Segudo ela, o ministro brasileiro “se soma à conjuntura da direita internacional contra a Venezuela e vulnera princípios básicos que regem as relações internas”. 

Rodríguez criticou também o afastamento da presidente Dilma Rousseff, fato que “vulnera a vontade de milhões de cidadãos”.

Foto: Reprodução/Opera Mundi

Fonte: Opera Mundi

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