Apenas 2 entre 12 questões de História no Enem foram sobre História do Brasil

O que significou a prova de ciências humanas no ENEM?

Reprodução Instagram jafneto1971

Em post no Instagram o Professor de Histo?ria na Unicamp Jose? Alves Freitas Neto questiona a prova do ENEM, aplacada no ultimo domingo.

O que significou a prova de ciências humanas no ENEM?

A prova do ENEM deve ser pensada como política pública e seus temas e propostas dialogam com a sociedade, com as experiências escolares e a forma como se planejam para o futuro.


Não analiso a prova em seus aspectos técnicos ou operacionais. Mas como docente da área de História fiquei indignado com a prova e me indago: quem se beneficia com aquelas questões?
Num ano em que as desigualdades escolares ficaram ainda mais amplas houve a opção por uma prova que, em História, optou apresentar apenas 2 questões de História do Brasil entre 12. A maior parte do nosso ensino escolar privilegia, como é natural, a história de nosso país. Portanto, optaram deliberadamente para o que é menos usual, como império babilônico, por exemplo. A quem isso interessa? Os especialistas em sistemas de avaliação defendem que temas amplamente compartilhados beneficiam estudantes que não frequentaram as melhores escolas. O motivo é simples: de alguma forma todos nós sabemos algo sobre escravidão ou ditadura e podemos, a partir de excertos, inferir certas informações. Mas a dança francesa ou o debate sobre biografia não é algo frequente na conversa das pessoas e isso se traduz num processo que amplia a exclusão.
O outro ponto é que a prova calou-se sobre as grandes questões e temas mais próximos dos séculos XIX e XX. O silêncio, em História, é mais revelador do que o que se afirma. Queremos ignorar os reais problemas de nossa sociedade? Ignorar o passado escravocrata e o autoritarismo ditatorial?
Não houve guerra mundial, fascismo ou guerra fria no século XX?
O ENEM é o exame educacional mais importante e ele direciona escolhas de escolas e materiais didáticos. Será este o projeto: ficaremos com qual modelo de História? Aquele que instiga a reflexão e a conexão com as pautas do presente e, por extensão, nos faz pensar criticamente sobre o que somos e onde estamos parece estar sepultado no projeto do ENEM.
Não podemos passar pano: não foi uma prova “sem polêmicas”, foi uma prova da memorização e sem vinculação com o presente. Foi uma prova arcaica e que desmerece outras excelentes edições do ENEM.
@anpuhbrasil deveria manifestar-se.

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