DCM.- Jair Bolsonaro, com ajuda de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, recorreu a um interlocutor com acesso ao ministro Alexandre de Moraes para mandar uma espécie de “pedido de clemência” dias antes do julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível. A informação é do colunista Rodrigo Rangel, do Metrópoles.
A tentativa foi feita por intermédio do deputado federal Antonio Carlos Rodrigues (PL). O parlamentar é muito próximo de Valdemar Costa Neto e, dentro do partido, é tido como um canal entre ele e Moraes. Vale destacar que o bolsonarista e o ministro se conhecem há tempos e cultivam boa relação.
O pedido foi feito recentemente em um encontro em São Paulo com Valdemar. Antes, o ex-capitão autorizou que a súplica fosse feita em nome dele. Bolsonaro queria que Moraes “pegasse leve”. Ele ainda mandou dizer que não leva para o lado pessoal as diferenças com o ministro e que, assim como Moraes, ele sofre com ataques e ameaças.
Bolsonaro, no entanto, tinha consciência de que o apelo a Moraes não funcionaria, uma vez que o veredicto dependia também dos votos dos outros ministros da Corte. Mesmo diante disso, ele quis fazer o gesto para, ao menos, “frear o ímpeto” do magistrado no julgamento.
A tentativa de fazer a mensagem chegar ao magistrado, aparentemente, não funcionou. Até a última quinta-feira (29), Rodrigues sequer havia dado retorno dizendo se havia conseguido entregar o recado.
Durante o julgamento, Moraes defendeu que a Justiça não pode criar “o precedente avestruz”. A teoria, criada nos Estados Unidos, trata do agente infrator que finge não enxergar a ilicitude para fingir que não sabia que determinado ato seria um crime.
“A Justiça Eleitoral, como toda a Justiça, pode ser cega, mas não é tola. Nós não podemos criar de forma alguma o precedente avestruz: todo mundo sabe o que ocorreu, todo mundo sabe o mecanismo utilizado para obtenção de votos, só que todos escondem a cabeça embaixo da terra”, afirmou o magistrado.
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