O Exército do Zimbábue anunciou na madrugada desta quarta-feira que capturou o Presidente do país, Robert Mugabe, um dos mais velhos chefes de Estado do mundo e o homem que está há mais tempo no poder num país de África.
No que parece ser o primeiro golpe militar no país desde a chegada de Mugabe ao poder – primeiro em 1980 como primeiro-ministro, desde 1987 enquanto Presidente –, o Exército tomou a televisão estatal, ZBC, depois de uma madrugada em que a capital do país foi abalada por três explosões.
A partir da redação, dois soldados em uniforme anunciaram ao início desta quarta-feira que “a situação no país avançou para outro nível”. Rejeitando que haja um golpe militar em curso, os representantes das forças armadas garantiram que Mugabe e a sua família “estão a salvo” e que “a sua segurança está garantida”.
“Só estamos à procura de criminosos que rodeiam [o Presidente] e que estão a causar grande sofrimento económico e social ao país, queremos que sejam julgados”, declarou o principal locutor, identificado como o chefe do Estado-Maior do Exército, o major general S. B. Moyo.
Pouco conhecido do público em geral mas considerado um dos chefes militares mais próximos do general Constantine Chiwenga, o comandante máximo das tropas do Zimbabwe, Moyo avisou ainda que “qualquer provocação resultará numa resposta apropriada”. No início da semana, Chiwenga tinha exigido ao Presidente que pusesse fim à “purga” de ministros no seu governo.
Pelas 6h da manhã locais (menos duas horas em Lisboa), a vida na capital, Harare, parecia estar a decorrer com normalidade. Os correspondentes do “New York Times” na cidade dizem que alguns soldados continuam a ser avistados nas principais estradas que ligam à capital, mas que nenhum veículo está a ser parado.
Para já, não se sabe para onde Mugabe foi levado. A tensão entre as forças armadas e o Presidente, no poder desde a independência do país há 37 anos, acontece uma semana depois de o vice-presidente Emmerson Mnangagwa ter sido forçado a demitir-se – alegadamente para abrir caminho à primeira-dama, Grace Mugabe, para que venha a substituir o marido de 93 anos.
O general Chiwenga é amigo próximo de Mnangagwa, que a par de ter sido expulso do governo foi igualmente afastado do partido de Mugabe, o ZANU-PF. Ao “New York Times”, o ministro da Informação, Simon Khaya Moyo, disse esta manhã numa curta entrevista telefónica que “não sabe” se está em curso um golpe militar. “O que é que posso dizer? Não sei nada sobre isso.”
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