Apagão no Amapá completa sete dias. Privatização pode ser cassada

Domingo (8) foi marcado por manifestações em Macapá, contra a falta de ações efetivas dos governos estadual e federal

No último sábado, a Justiça Federal determinou que o apagão no Amapá seja completamente solucionado, até a próxima terça (10). (Foto: Rudja Santos/Amazônia Real)

O apagão no Amapá completou sete dias nesta segunda-feira (9), com parte do fornecimento de energia, em 13 dos 16 municípios do estado, retomado no último sábado (7). O governo introduziu um rodízio com duração de 6 horas, por regiões, mas moradores já reclamam de instabilidade e falhas.

De acordo com o governo estadual, 89% da população do Amapá, ou seja, 765 mil pessoas foram afetadas pelo apagão, desde a última terça-feira (3), quando um incêndio atingiu a principal subestação do estado. O fornecimento de água potável e o acesso às telecomunicações foram prejudicados.

No último sábado, a Justiça Federal determinou que o apagão no Amapá seja completamente solucionado, até a esta terça-feira (10), com 100% da eletricidade restabelecida, sob pena de multa de R$ 15 milhões. Além disso, foi ordenada a instauração de um inquérito do Tribunal de Contas da União (TCU) e Polícia Federal (PF) para apurar o caso.

Já no domingo (8), centenas de manifestantes se reuniram na praça da Bandeira, centro de Macapá, em protestos contra a falta de ações efetivas na condução do apagão. A manifestação foi reprimida com balas de borracha pela força policial.

Segundo o Brasil de Fato, houve manifestações no bairro do Congós, Habitacional Jardim Açucena, Pedrinhas e Muca, todos localizados na periferia da capital. “O pessoal já estava com muita raiva, porque o governo daqui não fez nada pela gente, não deu nenhuma assistência. Aí, com anúncio dessa previsão de 10 dias, todo mundo entrou em desespero”, conta Benedita Alves, professora de sociologia e moradora do Conjunto Habitacional Açucena.

Cassação da privatização

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), prometeu cobrar da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) uma investigação rigorosa sobre as responsabilidades da empresa responsável pela subestação que pegou fogo. O senador defendeu que a concessionária Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE) tenha a concessão cassada, e o empreendimento deve ser assumido pela Eletronorte.

“Os amapaenses exigem a apuração das autoridades e que a responsabilidade de todos os fatos que levaram ao apagão no Estado seja rigorosamente investigada”, disse. “É fundamental que se investiguem as causas que acarretaram o incêndio na subestação no Amapá. E que os responsáveis sejam exemplarmente punidos para que essa tragédia nunca mais se repita”, completou o senador.

A Linhas de Macapá Transmissora de Energia pertencia à espanhola Isolux, que entrou em recuperação judicial, e hoje se chama Gemini Energy. A Gemini Energy detém 85,04% de participação na linha, e 14,96% são da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), autarquia do governo federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).

A empresa espanhola tem um histórico de maus serviços no setor elétrico e, mesmo assim, ganhou a concessão para distribuir energia no Amapá. A Isolux já deu um prejuízo de US$ 476 milhões ao estado norte-americano de Indiana, onde também prestava serviços, e acabou expulsa.

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