Por Jeferson Miola
Ao comentar a respeito do assassinato por asfixia de Genivaldo de Jesus Santos cometido por agentes da Polícia Rodoviária Federal [PRF], o historiador e professor da UFRJ Francisco Carlos Teixeira da Silva recorda que antes da adoção das câmaras de gás na Alemanha dos anos 1930, os nazistas eliminavam pessoas em caminhões de gás.
“Os caminhões de gás nazistas antecederam as câmaras de gás [imagem a seguir]… Agora redescobertas pela polícia brasileira!”, comenta, com escandalizado espanto, o professor da UFRJ.
Na opinião dele, “os últimos eventos policiais no Rio de Janeiro e em Sergipe, na esteira de tantos outros, mostram que as polícias brasileiras se fascistizaram de vez. Estão dispostas e agem como tropas SS”.
“Não podemos esperar limites”, diz Francisco, alertando ainda que “no processo eleitoral [as forças policiais] estarão disponíveis para todas as provocações e crimes contra a democracia”.
Para ele, “o passado não é a fonte de inspiração. Nem 1954, nem 1961, nem 1964. Temos que ter mente as novas formas de golpes e ameaças contra a democracia, como se deu na Bolívia em 2019, com brutal violência”. No golpe perpetrado contra o governo Evo Morales, as polícias exerceram papel decisivo na conspiração e com notável violência, abrindo o caminho para as Forças Armadas consumarem o golpe.
O professor alerta que “as tropas de choque do bolso-fascismo são as forças policiais” e, na provável hipótese de tumulto e caos gerado deliberadamente pelos bolsonaristas e milícias, “as Forças Armadas chegarão ao final como ‘pacificadoras’”.
É fundamental, por isso, “manter as forças populares em alerta e chamar a população para a ampla mobilização”, pontua o historiador.
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