O ano de 2012 foi escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Ano Internacional das Cooperativas. Enquanto forma de organização democrática, as cooperativas podem ser utilizadas como um meio de redução da pobreza, inclusão econômica e social de grupos que historicamente são
excluídos da sociedade capitalista como, por exemplo, os indígenas, as mulheres e os pequenos agricultores.
Para Milton Fornazieri, da coordenação de produção nacional do MST e presidente da Confederação Nacional das Cooperativas de Reforma Agrária no Brasil (Concrab), essa decisão da ONU se torna uma oportunidade para que esse modo de organização avance com mais força. “É um reconhecimento do processo cooperativo que está presente no mundo inteiro e isso pode incentivar sua continuidade”, acredita.
Fornazieri explica que há duas formas de organizar a produção: a individual –e que a cada dia vem se torna mais difícil-, e a outra é de maneira organizada e coletiva. “Dentro desse campo (organizada) é que entra a cooperativa. Ela é uma ferramenta que expressa o trabalho cooperado. Outro elemento central é a aglutinação do trabalho que existe não só dentro dos assentamentos, mas também entre os assentamentos”, pontua.
São diversos os benefícios trazidos por essa prática, principalmente para os pequenos produtores rurais, que encontram nas cooperativas uma força maior para negociar e compartilhar seus alimentos. De acordo com a ONU, há no mundo mais de 800 milhões de associado, gerando cerca de 100 milhões de empregos – 20% a mais do que gera as empresas multinacionais. Nesse sentido, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) aponta o modelo de cooperativas enquanto uma premissa essencial para eliminar a fome dos cerca de 1 bilhão de famintos que existem no mundo inteiro.
No entanto, de acordo com Fornazieri, apenas esse reconhecimento da ONU não é suficiente para que esse modelo de produção se desenvolva com mais vigor. É necessário que haja, sobretudo, políticas públicas mais eficazes voltadas para o setor, “principalmente junto ao Ministério da Agricultura, que visa apenas às grandes cooperativas tradicionais, que de cooperação tem pouca coisa além do nome”, ressalta.
Isso implica na mudança do modelo predominante de agricultura praticado no Brasil e na maior parte do mundo: o agronegócio, cuja base produtiva não se respalda na produção de alimentos, e sim no monocultivo de commodities voltada para o mercado externo, com a utilização de enormes quantidades de agrotóxicos, sem a geração de grandes quantidades de emprego e se utilizando da mão de obra barata, fomentando a precarização do trabalho.
O MST e as cooperativas
Atualmente, são mais de 130 cooperativas do MST em todo Brasil, organizadas basicamente em quatro modelos. A primeira são as cooperativas de base ou de produção, onde a produção é organizada coletivamente pelas famílias.
Depois, há as cooperativas centrais que geralmente se especializam na comercialização de produtos e prestação de serviços, chamadas regionais, com o foco no desenvolvimento de algum trabalho coletivo.
Outro tipo de cooperativa são as Centrais, que são organizadas entre os estados, numa escala maior que as anteriores.
Por último, trata-se de um modelo que foco a organização técnica, com o objetivo de prestar serviços nos assentamentos. Esse modelo visa auxiliar principalmente o desenvolvimento sustentável a partir da produção agroecológica, conciliando a proteção ambiental com o crescimento da produção e a geração de alimentos saudáveis.
Nesse sentido, as cooperativas servem como um instrumento que contribui na manutenção da população do campo no meio rural, inclusive dos jovens, além de criar condições dignas de vida aos camponeses, ao aumentar a qualidade de vida.
Da Página do MST www.mst.org.br
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