Desmonte da área da Cultura que vem sendo promovido pelo governo Bolsonaro já leva artistas a adoecerem; “Quando veio o fim do patrocínio, vi que não ia dar mais”, dona do tradicional teatro carioca Rival
A atriz Ângela Leal revelou em entrevista publicada pelo jornal O Globo, na última semana, que infartou após saber que a Petrobras cancelou o patrocínio que mantinha ao seu teatro, o Rival, no Rio de Janeiro, desde 2001.
“Acabei passando o dia 31 na UTI, acho que foi acúmulo. Eu já tinha tido um câncer, estava muito fragilizada e, quando veio o fim do patrocínio, vi que não ia dar mais”, revelou a atriz de 72 anos.
Tradicional teatro da Cinelândia fundado pelo pai de Ângela Leal, Américo Leal, e que a atriz administra desde os anos 90, o Rival foi só mais um entre as centenas de equipamentos culturais que, em meio ao desmonte da Cultura que vem sendo promovido pelo governo de Jair Bolsonaro, perderam o apoio da Petrobras.
O teatro, que foi fundado na década de 30 e passou a ser polo de visibilidade de travestis nos anos 70, só não fechará as portas porque, após a perda do patrocínio da Petrobras, a Refinaria de Manguinho se disponibilizou a apoiar o espaço.
Regina Duarte
Na mesma entrevista em que revelou o infarto, Ângela Leal ainda comentou sobre a nomeação da atriz Regina Duarte para a secretara especial de Cultura do governo Bolsonaro. Regina foi nomeada após a exoneração de Roberto Alvim, que perdeu o cargo após a publicação de um vídeo nazista.
“Eu não conheço a Regina de agora, eu conheço a Regina de 40 anos atrás, que era uma pessoa muito doce, muito afável. Atualmente eu vejo posicionamentos dela que não são os mesmos que os meus, mas acho que a base da democracia é você respeitar o outro”, afirmou.