Havana, 30 out (Prensa Latina) A volta à cena da lenda do ballet cubano Alicia Alonso deu um toque de distinção ao 23 Festival Internacional de Ballet de Havana.
Com 90 anos de idade e acompanhada por dois de seus antigos partenaires, Lázaro Carreño e Jorge Vega, a diretora do Ballet Nacional de Cuba (BNC) apresentou Un retrato para el recuerdo (Um retrato para a memória), título da peça não anunciada a fim de surpreender os amantes da dança reunidos nesta capital.
Alonso foi outra vez uma atriz excepcional, inspirou ovações ao longo de sua apresentação e minutos depois, ninguém pôde ficar sentado.
As primeiras figuras, já retiradas, Marta García, María Elena Llorente, Orlando Salgado e Osmay Molina, também acompanharam à prima ballerina assoluta no palco e demonstraram a classe com a qual há anos eram capazes de conquistar ovações no mesmo Grande Teatro de Havana.
A gala em seu conjunto esteve dedicada a prestar homenagem ao compositor e pianista cubano Ernesto Lecuona em comemoração do centenário de estreia de La comparsa, uma de suas obras que melhor expressa a mestiçagem característica desta ilha do Caribe.
A coreografia de Alberto Méndez, Tarde en la siesta (Tarde de cochilo), sobre um conjunto de partituras de Lecuona, reviveu imagens da mulher cubana de princípios do século XX e deu a Viengsay Valdés, Sadaise Arencibia, Anette Delgado e Yanela Piñera a oportunidade de exibir seus particulares dotes histriônicos.
Na La comedia y danzata (A comédia e dançata) de Alicia Alonso, os jovens Grettel Morejón, Serafín Castro, Alejandro Silva e Miguel Anaya demonstraram estar prontos para tarefas maiores, especialmente a bailarina, tecnicamente precisa e com domínio de uma enorme capacidade expressiva.
A estreia em Cuba de Interludio en el limbo (Interlúdio no limbo), do coreógrafo portorriqueño Carlos Santos, pôs em evidência a necessidade do BNC de dançar mais obras contemporâneas.
Suite Lecuona, da mexicana Glória Contreras, demonstrou a boa saúde da Oficina Coreográfica da Universidade Nacional Autônoma do México.
Enquanto o dúo de amor de Espartaco, do russo Yuri Grigorovich, interpretado por bailarinos da ópera de Bucareste, entregou um momento refrescante neste início de Festival. Horas antes, no Teatro Nacional de Cuba, o Ballet Preljocaj da França não satisfez todas as expectativas, mas deixou exposta a capacidade do criador, Angelin Preljocaj, de articular imagens de poderosa plasticidade e simbolismo.
Sem dúvidas, o atrativo da jornada foi a volta à cena de Alicia Alonso, com esse impulso admirável de viver, viver, viver.
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