Ao utilizar o lema “Deus, Pátria e Família” como forma de divulgar seu novo partido Aliança pelo Brasil (APB), o presidente Jair Bolsonaro é responsável por trazer o mote do integralismo, movimento fascista, ultranacionalista e conservador fundado na década de 1930, de volta ao debate público. Desta forma, conforme afirma o historiador Odilon Caldeira Neto, autor do livro “Sob o Signo do Sigma – Integralismo, Neointegralismo e o Antissemitismo”, o APB se mostra simpático aos ideais do movimento fascista, partilhando de diversos valores em comum.
“Ao utilizar esse lema, Deus, Pátria e Família, a Aliança pelo Brasil se coloca na extrema-direita e direita radical brasileira, partilhando de alguns valores aproximados ao integralismo. Não significa que seja integralista, mas que partilha de valores comuns”, explica Caldeira Neto, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, citando a visão de uma sociedade hierarquizada, conservadora e religiosa como pontos similares.
Os próprios movimentos neointegralistas comemoraram o uso do lema pelo presidente em seu novo partido. “Mais uma demonstração do quanto estão vivos os ideais essencial e sadiamente cristãos e brasileiros do Integralismo”, afirmou a Frente Integralista Brasileira (FIB), em rede social.
No entanto, o grupo também fez questão de ressaltar as diferenças com o novo partido de Bolsonaro. Para eles, enquanto a Aliança de Bolsonaro insistir na “defesa de um radical liberalismo econômico”, ela estará “não apenas distante do Integralismo neste quesito, como também da própria Arena e do general Médici”.