Quatro itens impedem acordo entre empresa e trabalhadores do transporte público em Blumenau
Reunião de quinta-feira mantém possibilidade de greve na cidade
Por Morgana Michels e Tatiana Santos.
Quatro itens de discordância entre empregados e patrões freiam as negociações e aumentam o risco de uma greve no transporte público. Plano de saúde, anuênio, folga casada e alteração da data base são os aspectos que impedem o acordo.
O cenário de divergências foi resultado da terceira rodada de negociações, na manhã de quinta-feira, entre representantes do Consórcio Siga e do Sindicato dos Empregados das Empresas Permissionárias do Transporte Coletivo Urbano de Blumenau e Gaspar (Sindetranscol).
Para o assessor sindical do Sindetranscol, Ricardo Freitas, a reunião teve poucas diferenças entre a proposta apresentada na semana retrasada.
— Nós abrimos mão do salário base em troca de outros benefícios, mas é nítido que não há interesse em evoluir na negociação. Parece que eles querem a greve para justificar um aumento da tarifa do transporte coletivo, como forma de pressionar a prefeitura e acusar o sindicato pelo reajuste. Vamos fazer a assembleia, pois é uma formalidade legal, mas é quase certo que os trabalhadores não vão aceitar a proposta — diz Freitas, acrescentando que o sindicato está sempre aberto para negociar, mesmo que seja sábado ou domingo.
Quanto a greve ser utilizada para justificar o aumento da tarifa, o presidente do Serviço Autônomo Municipal de Trânsito e Transportes de Blumenau (Seterb), Rudolf Clebsch, garante que o aumento é uma coisa normal e que deve ocorrer anualmente:
— Uma coisa não tem, absolutamente, nada a ver com a outra. O sindicato jamais seria culpado pelo aumento da tarifa, pois é inerente ao processo. As despesas com funcionários impactam na definição do valor da tarifa, mas eles são trabalhadores e também merecem aumento.
O presidente conversará ainda hoje com o prefeito para avaliar o que pode ser feito caso a greve se confirme, pois não existe frota de ônibus disponível para substituir os que ficarão parados. Na próxima terça-feira, a assembleia dos trabalhadores no sindicato vai discutir a proposta apresentada pelo Siga em três horários: às 9h, 15h e 19h.
Para Freitas, se a proposta for rejeitada, e não houver contraproposta, é possível que haja uma paralisação assim que a greve for decretada. Já o Siga, que foi representado pelo advogado José Carlos Muller, alega que algumas das exigências dos empregados são impraticáveis.
Uma delas é a folga casada, onde os trabalhadores ficariam um final de semana por mês em casa. Segundo ele, a concessão implicaria na contratação de mais 246 pessoas para suprir a falta dos funcionários:
— As empresas não têm condições de ter mais este gasto. Estamos há 22 meses sem poder aumentar o valor da passagem. Elas estão no vermelho.
Muller ressalta que o Siga aceitou outras exigências do sindicato, como aumento no vale alimentação, auxílio-creche, abono de falta e auxílio funeral. Em relação à folga, o advogado alega que foi concedido quatro dias consecutivos para as festas de final de ano. Nesse caso, os trabalhadores seriam divididos em duas turmas, uma para trabalhar no Natal e outra no Ano Novo.
Quanto a uma nova negociação, o advogado declara que o Siga não pode ir além do que já foi ofertado e que vai deixar a Justiça resolver o impasse caso os trabalhadores optarem por greve.
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