Alerta da ONU: com a pandemia aumentará o trabalho escravo no Brasil

Crédito de imagens: sintrajufe.org.br, hypeness.com.br e Agencia Br

Por Gilson Dantas.

No Brasil, o trabalho escravo é uma realidade constante e sinistra. Mas o alerta que veio da ONU, no dia de ontem, é que trabalho escravo vai disparar no Brasil com a pandemia.

Hoje o trabalho escravo se estende desde as grandes capitais até as grandes plantações pelo interior do Brasil e abarca muitos milhares de brasileiros. E, como informa a notícia, no Brasil, permanentemente, “trabalhadores têm sido resgatados em fazendas de gado, soja, algodão, café, frutas, erva-mate, batatas, na derrubada de mata nativa, na produção de carvão para a siderurgia, na construção civil, em oficinas de costura, em bordeis, entre outras atividades”.

Também na construção civil e em lojas clandestinas, em capitais brasileiras, onde migrantes – negros e asiáticos, por exemplo – são submetidos a todo tipo de brutalidade trabalhista.

Nesse tipo de trabalho estão envolvidas grandes empresas como a Sadia, a Perdigão, as Pernambucanas, a Marisa, a Renner e outras. Confira a lista aqui.

Na notícia de ontem, da UOL, o relator da ONU, Tomoya Obokata, argumenta que a pandemia está cortando milhões de empregos formais e adverte do risco de “significativamente, mais pessoas sejam empurradas para a escravidão agora e no longo prazo”.

Para ele, “os trabalhadores socialmente mais vulneráveis estão em situação ainda mais precária por conta do aumento do desemprego relacionado ao fechamento de empresas em meio ao coronavírus”.

O alto funcionário da ONU também lembra que é muito difícil encontrar e identificar o as vítimas do trabalho escravo por conta da “natureza clandestina desses crimes” e tudo ficará pior pela transferência de recursos públicos para salvar empresas e “a economia”.

E, acrescentamos, pela falta de um projeto de geração de empregos em massa com os recursos que o governo vem destinando para as grandes empresas e o capital financeiro.

O trabalho forçado “envolve cerceamento do direito de ir e vir, servidão por dívida (um cativeiro atrelado a dívidas, muitas vezes fraudulentas), condições degradantes (trabalho que nega a dignidade humana, colocando em risco a saúde e a vida) ou jornada exaustiva (levar ao trabalhador ao completo esgotamento dado à intensidade da exploração, também colocando em risco sua saúde e vida)”[Sakamoto]. E “desde 1995, mais de 54 mil pessoas foram resgatadas por grupos especiais de fiscalização” no Brasil.

Em busca recente, ano passado, “só em Pernambuco, foram descobertas quase 800 vítimas de trabalho escravo. Considerando o perfil dos resgatados no estado, 80% eram trabalhadores agropecuários e 28% estavam na fabricação de açúcar”.

Novamente, e pelo Brasil afora, a cor do trabalho escravo é negra.

Documento oficial citado na notícia de ontem, mostra que “há muito mais negros entre os trabalhadores libertados da escravidão contemporânea do que sua proporção na sociedade, dada à vulnerabilidade histórica desse grupo. Pois, se por um lado, o trabalhador escravizado contemporâneo é o pobre, por outro, o pobre tem cor de pele. E ela é principalmente negra no Brasil”[Sakamoto]. E obviamente, há muito mais trabalho escravo submerso no Brasil do que o que é denunciado.

Para a patronal escravista que manda no Brasil, a verdade é que nunca houve “lei Áurea”[imposta pela luta do povo negro] e nem vai haver enquanto houver capitalismo, já que a escravidão moderna é funcional para a acumulação do capital, isso se vê todos os dias.

O problema com a pandemia, no capitalismo brasileiro, é que está liquidando amplamente com o trabalho formal, com o trabalho informal e precário, está promovendo fome nas favelas e bairros pobres [onde cesta básica decente por parte do governo nunca chega e nem ele garante renda de 2 mil reais para os sem-renda] e portanto, o mundo da pandemia e, mais ainda, pós-COVID-19 é o mundo do trabalho escravo por todo lado.

Certamente a resposta popular, a reação do movimento sindical, das massas através dos seus organismos ad hoc é que vai dar a última palavra a essa política de espoliação, escravização e extermínio do povo negro, da família trabalhadora pobre.

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