Por Pascal Thibaut, correspondente da RFI em Berlim.
Com o reconhecimento, a Alemanha se destaca de outros países colonizadores, que resistem a admitir seus erros e, muitas vezes, crimes. Mas, para que Berlim se pronunciasse, foram necessários cinco anos de complexos diálogos para que os dois países pudessem chegar a um acordo.
“Classificaremos agora oficialmente esses incidentes pelo que eles são: um genocídio”, declarou o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas. “Vamos pedir perdão à Namíbia pelas atrocidades cometidas”, reiterou.
O governo da Namíbia também reagiu, classificando a iniciativa de Berlim como “um passo na boa direção”. “É a base da segunda etapa, que consiste em apresentar desculpas, seguidas de reparações”, afirmou o porta-voz da presidência namibiana, Alfredo Hengari.
Segundo ele, o presidente Hage Geingob organizará, nas próximas semanas, reuniões com representantes das etnias Hereros e Namas sobre “as modalidades colocadas em prática do que foi estabelecido com a Alemanha”.
Potência colonial nos final dos anos 1800, a Alemanha reprimiu violentamente revoltas destas duas comunidades entre 1904 e 1908, com massacres em massa e campos de concentração. Cerca de 100 mil pessoas foram vítimas deste que é considerado o primeiro genocídio do século 20. Atualmente, as tribos Hereros e Namas representam cerca de 7% da população do país, contra 40% antes das atrocidades.
Programa de mais de € 1 bilhão
Os crimes cometidos durante a época colonial prejudicaram as relações entre os dois países durante décadas. O pedido oficial de perdão, que poderá ser feito em breve pelo presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, diante do Parlamento da Namíbia, deve apaziguar as tensões.
Oficialmente, o reconhecimento do genocídio não abre o caminho para indenizações ou compensações. No entanto, o acordo estabelecido entre os dois países determina que € 1,1 bilhão será repassado durante 30 anos para apoiar projetos de infraestrutura benéficos às populações Herero e Nama.
O compromisso ainda deve ser ratificado pelos parlamentos dos dois países. A previsão é que ele seja concluído antes das eleições legislativas alemãs, no próximo mês de setembro.
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