Banco do Desenvolvimento e Banco Central da Alemanha teriam arrecadado quantia em juros sobre empréstimos à Grécia, enquanto Banco Central Europeu coletou juros de mais de 1,1 bilhão de euros sobre dívida grega em 2016.
Desde 2009, início da crise financeira na Grécia, a Alemanha lucrou 1,3 bilhão de euros (equivalentes a R$ 4,7 bilhões) em decorrência de empréstimos e programas de compras de dívidas gregas.
Segundo dados do Ministério das Finanças da Alemanha reportados pelo jornal alemão Suddeutsche Zeitung, o Banco do Desenvolvimento do país (KfW) teria arrecadado 393 milhões de euros em juros de um empréstimo feito à Grécia no valor de 15,2 milhões de euros em 2010.
Ainda de acordo com o ministério, entre os anos de 2010 e 2012 o Banco Central da Alemanha acumulou 952 milhões de euros oriundos de um regime de compra da dívida estatal grega organizado pelos bancos centrais dos países da zona do euro.
Já o Banco Central Europeu coletou juros de mais de 1,1 bilhão de euros em 2016 sobre os 20 bilhões de euros de bônus da dívida grega dos quais é titular, segundo o Suddeutsche Zeitung.
Um acordo firmado entre os países da zona do euro previa que todos os lucros obtidos com os empréstimos à Grécia retornariam ao Banco Central grego. Porém, a operação de devolução dos lucros foi interrompida em 2015, ano em que foi eleito como premiê grego o esquerdista Alexis Tsipras. De acordo com o jornal francês Les Echos, a suspensão da restituição se deu por razões políticas, devido às tensões entre Tsipras e a troika (Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu, credores da Grécia).
Sven Christian Kindler, porta-voz do Partido Verde no Parlamento alemão, afirmou que “pode ser legal o que a Alemanha está fazendo com a Grécia, mas não é legítimo num sentido moral de solidariedade”.
“Os juros acumulados devem ser devolvidos à Grécia. Não é possível que Wolfgang Schäuble [ministro das Finanças alemão] queira recuperar o orçamento alemão com lucros vindos da Grécia”, disse Manuel Sarrazin, também membro do Partido Verde no Parlamento alemão.
Após pressão dos países da zona do euro, o governo grego sancionou medidas de austeridade buscando controlar os gastos estatais. No ano passado, Schäuble afirmou que a Grécia deveria intensificar a austeridade se quisesse permanecer na zona do euro e descartou perdoar a dívida grega.
Em junho, ministros da zona do euro concordaram em liberar 8,5 bilhões de euros em empréstimos para a Grécia para ajudar o país a pagar empréstimos anteriores de quase 7,3 bilhões de euros.
Fonte: Controvérsia.