A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou nesta quinta-feira (16) a aplicação da vacina da Pfizer para imunização das crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19. Serão administradas duas doses, com intervalo de 21 dias, cada uma com 10 microgramas para essa faixa etária. A dose destinada equivale a um terço da indicada ao grupo de 12 anos ou mais, tem o mesmo princípio ativo, mas algumas diferenças na composição.
De acordo com a Anvisa, o frasco do imunizante deverá ter coloração laranja para diferenciação do produto aplicado em adultos. A decisão, que precisará ainda ser publicada no Diário Oficial da União (DOU) para começar a valer, estabelece também a necessidade de treinamento dos profissionais de saúde para evitar eventuais erros.
A autorização do uso foi baseada em estudos submetidos pela Pfizer que atestam a segurança e eficácia do imunizante em 90% no grupo. Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, a agência também levou conta os resultados da aplicação da vacina em outros países. Estados Unidos, França, reino Unido, Alemanha, Espanha, Coreia, Austrália e Holanda já imunizaram a população de maiores de cinco anos.
Conforme reportado pela RBA, desde novembro um grupo de mais de 50 especialistas de 19 instituições e 3 redes nacionais de pesquisadores em saúde pública e educação cobram a inclusão de crianças menores de 11 anos no plano de vacinação como medida de segurança para a retomada das aulas presenciais.
Vacina para crianças: falta comprar
Mas, apesar da urgência e da decisão, o Ministério da Saúde ainda não vai começar a vacinar as crianças imediatamente porque ainda não há doses específicas para este segmento. A pasta prevê agora a imunização de 70 milhões de crianças. À Folha de S. Paulo, a farmacêutica confirmou que nenhuma dose pediátrica foi enviada ao Brasil. Segundo o jornal, a estimativa é que as doses comecem a chegar apenas no próximo mês.
Há, contudo, o risco de que a medida enfrente a resistência do presidente Jair Bolsonaro. Apoiadores de seu governo têm atacado os imunizantes e principalmente sua aplicação nos mais jovens. Em outubro, um dos diretores da Anvisa chegou a ser ameaçado de morte por e-mail para impedir a inclusão das crianças na bula do imunizante. O presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) Renato Kfouri alerta, porém, que “só a covid mata mais do que todas as doenças do calendário vacinal infantil somadas”, apontou ao Estadão.
Nesta quarta-feira (15), o Instituto Butantan, responsável pela vacina da Coronavac, também anunciou que fez um novo pedido para a liberação do imunização ao grupo. Em agosto, a Anvisa negou autorização alegando falta de dados suficientes.