Por Inês Castilho.
A agricultura paulista cresceu 90,4% entre 1990 e 2012, numa média de 3,1% por ano. Pesquisa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) mostra também que houve concentração da renda e da propriedade da terra, queda do número de trabalhadores – com o aumento do número de tratores. Os ganhos de produtividade foram acompanhados pelo crescimento de renda, apesar do declínio da população rural. E São Paulo se tornou um imenso canavial.
O estudo coordenado pelo professor Paulo Cidade, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), chama-se “Contribuição da Fapesp ao desenvolvimento da agricultura no Estado de São Paulo“. Com participação da pesquisadora Maria Auxiliadora de Carvalho, do Instituto de Economia Agrícola (IEA), outra instituição de pesquisa ligada ao governo de São Paulo, e considera a agricultura de São Paulo “mais eficiente que a do resto do país”.
Resumimos as tendências em quatro fenômenos:
1) Pouca diversidade. Apenas 25 produtos responderam por 99,2% do valor da produção agrícola do estado entre 2010 e 2012. A alta concentração é liderada pela cana-de-açúcar, com 59,3%, seguida pela laranja, com 12,6%. Ou seja, apenas essas duas commodities responderam por mais de 70% do valor da produção no período. O estado é o principal produtor nacional de cana-de-açúcar e laranja, com 58% e 76,2% da produção brasileira.
2) Concentração da terra. O número de estabelecimentos rurais no estado diminuiu cerca de 30% entre o Censo Agropecuário de 1970 e o de 2006, passando de 327 mil para 228 mil unidades. A área média desses estabelecimentos rurais passou e 62,5 para 74,5 hectares, indicando tendência de concentração da propriedade da terra.
3) Êxodo rural acentuado. A população rural teve uma queda de 4,8 milhões, em 1960, para 1,7 milhão em 2010. (O estado tem, hoje, 44 milhões de habitantes.) A queda no número de trabalhadores rurais foi precedida pelo aumento da mecanização nas lavouras: o número de tratores saltou de 67 mil, em 1970, para 170 mil, no censo de 1995-96, oscilando par 145 mil em 2006.
4) Produtividade. Esse corte de trabalhadores não teve reflexos sobre a produtividade. Essa é uma “tendência considerada normal nas regiões desenvolvidas, nas quais menos pessoas produzem mais, devido ao aporte de tecnologia”, afirmou Maria Auxiliadora à Agência Fapesp. Entre 1994 e 1997 a renda per capita rural paulista equivalia a 21% da urbana. Em 15 anos, dobrou: entre 2000 e 2002 passou a equivaler a 42% da urbana. E foi para 53% entre 2010 e 2012. (A variação no Brasil foi de 21% para 33%, depois 31%.)