Por Jaqueline Deister.
Soberania alimentar está no poder de decidir. O agricultor ter a liberdade de escolher o que cultivar com acesso garantido à água, terra e sementes e, por sua vez, o consumidor ter a informação completa do alimento que compra. De acordo com a Via Campesina Internacional, a Soberania Alimentar é o direito dos povos de definir suas próprias políticas e estratégias sustentáveis de produção, distribuição e consumo, garantindo o direito à alimentação para toda a população.
Raul Krauser é militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Ele atua no setor de produção no município de São Gabriel da Palha, no interior do Espírito Santo. De acordo com o técnico em agropecuária, pensar na cadeia produtiva de um sistema que se baseia na Soberania Alimentar é criar estratégias que beneficiem tanto produtor, quanto consumidor.
“Para nós a estratégia do abastecimento é fazer chegar à mesa do povão alimento de qualidade e saudável a um preço viável. O preço que é vendido o alimento do agronegócio é muito baixo porque ele é fortemente subsidiado pelo Estado e sociedade de maneira geral. Quando a gente trabalha a produção alternativa, essa realidade se altera um pouco, mas a gente consegue trabalhar eliminando um conjunto de atravessadores e a rede varejista, indo direto do agricultor ao consumidor,” afirma.
Dados da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), apontam que a agricultura familiar é responsável por 70% do que se consome no país. A indústria do agronegócio, que recebe boa parte do incentivo do governo, está voltada para a exportação. É o caso da soja, milho, laranja e cana-de-açúcar, por exemplo.
Para Krauser uma das principais diferenças na produção de alimentos dos pequenos agricultores está na diversidade de produtos e ao valor cultural que cada alimento possui. Além disso, o agricultor explica para a Radioagência Brasil de Fato, que o MPA tem buscado romper com lógicas estabelecidas no mercado de comercialização.
“Temos desenvolvido uma série de experiências de feiras, que no atual nível nosso, é o que temos conseguido trabalhar com mais viabilidade, porque grande parte dos produtos processados nossos não atendem às demandas da legislação, porque ela existe como barreira de mercado e não uma questão sanitária. Ao se enquadrar na legislação, descaracteriza a produção artesanal,” destaca.
As atividades organizadas pelo Movimento dos Pequenos Agricultores ocorrem em cerca de 17 estados do Brasil. No Rio de Janeiro, o MPA, coordena o espaço Raízes do Brasil, localizado na Rua Áurea, número 80, no bairro de Santa Tereza. O local alia experiências da cultura e gastronomia brasileira.
Fonte: Brasil de Fato