África: embarcadouros de escravos

  Por Roberto Correa Wilson*.

(Português/Español).

Havana (Prensa Latina) – Gorée é na atualidade um lugar tranquilo onde o visitante pode ver hotéis espaçosos para turistas, rodeados de jardins verdes com palmeiras típicas africanas e jovens, nativos ou estrangeiros, tomados pela mão passeando despreocupados pelas proximidades do mar.

Também pode ver numerosas pessoas que ganham a vida vendendo artigos de seu rico artesanato ou oferecendo produtos agrícolas, enquanto não longe da costa os pescadores lançam redes numa pesca que poderia representar o sustento do dia para a família ou a solução a outras necessidades.

Numerosas embarcações ligam a ilha com a terra firme do Senegal em um intenso trânsito que dura até a queda da tarde em que diminuem as andanças do dia. Isso é, em geral, o que o visitante percebe na ilha de Gorée.

Ficam na memória os sujos barracões onde os escravos eram amontoados e presos às paredes, e que depois de uma longa espera e no meio de horríveis sofrimentos eram subidos aos navios negreiros que os levariam ao que por cruel ironia se denominava Novo Mundo.

Nesse mundo novo americano ou caribenho, tinham que realizar trabalho escravo para enriquecer aos proprietários das plantações agrícolas. Os traficantes, portugueses, ingleses ou franceses; holandeses ou espanhóis, encheriam também suas carteiras com o infame negócio. A demanda de força de trabalho cresceria com a implantação de novos fazendeiros.

Da Mosto

Em 1445 o navegante português Ga Da Mosto descobriu a península de Cabo Verde no extremo mais ocidental do Senegal e decidiu estabelecer-se na ilha Gorée. A partir dessa decisão ficou selado o futuro imediato da ilha, pois os portugueses foram os primeiros a praticarem o tráfico, e o lugar foi o primeiro cais.

Gorée não foi o único lugar do continente por onde se embarcaram escravos, mas o mais notável, por isso ficou na história como um dos símbolos do que significou a escravidão para a África, e os gritos de dor ainda podem ser escutados se se presta atenção porque flutuam no ar mexidos pelo vento num interminável vaivém.

Pelas masmorras desse grande armazém passaram milhares de homens e mulheres caçados nas zonas ocidentais, onde a tortura e o chicote estalavam nas costas dos africanos. Nunca se saberá com exatidão os filhos do continente levados à ilha entre os séculos XV e XVIII.

Outros embarcadouros

Em 1446 o navegante português Nuno Tristão chegou a Guiné Bissau. À sua chegada, o território estava ocupado por mandingas e fulas, entre outros grupos étnicos. Nesse mesmo século XV criou-se a Companhia Portuguesa de Guiné que tinha como fim controlar as atividades do país europeu na nova colônia.

A entidade foi autorizada pela Igreja para introduzir escravos na América, uma medida que provocou a rejeição da população autóctone cuja resistência foi vencida pelas armas dos estrangeiros.

As autoridades lusas criaram em Guiné Bissau um novo embarcadouro de escravos, locais e de zonas próximas, ainda que não tenha atingido as dimensões e a notoriedade de Gorée, apesar das tentativas de reproduzir as condições da ilha.

Portugal exerceu o monopólio do comércio humano em Guiné Bissau até o primeiro terço do século XVI em que apareceram outros competidores europeus. Em todo esse tempo teve que enfrentar a hostilidade dos nativos.

São Tomé e Príncipe

Em 1471 apareceram os portugueses neste pequeno arquipélago situado no extremo ocidental do Golfo de Guiné. Os lusos utilizaram as ilhas como depósito de escravos e ponto de partida para o embarque por parte dos denominados mercadores da tarde.

Esses traficantes transportavam da costa de Angola, Congo e Guiné milhares de seres humanos para São Tomé e Príncipe. Esse comércio motivou atos de heroísmo dos habitantes que se traduziram nas rebeliões encabeçadas por Joan Gato em 1530 e a de Amador Vieira, anos mais tarde.

Vieira foi proclamado rei pela maioria dos grupos que sofriam a escravidão portuguesa. Chegou a mobilizar cerca de cinco mil escravos que os portugueses concentraram no lugar e começou a libertar a maiorias do território nacional. Trazido e feito prisioneiro, foi assassinado a 4 de janeiro de 1596 depois de padecer grandes sofrimentos pelas torturas a que foi submetido.

Serra Leoa

O português Pedro de Cintra chegou à costa de Serra Leoa em 1460 e chamou-a assim pelas formas geográficas de suas elevações vistas do litoral. Aqui se criou uma fábrica e naves onde se amontoavam os escravos caçados em diferentes regiões até que chegavam os barcos.

Na grande baía de Freetown, uma das maiores do continente, aglomeravam-se os barcos que depois partiam carregados de escravos para América e Caribe.

Em 1834 a Coroa britânica aboliu o comércio de escravos nas colônias. O país que tinha participado desde o século XVI no tráfico, no XVIII não era de seu interesse por estar em curso a Revolução Industrial. A norma da Coroa foi recusada por fazendeiros e traficantes.

Na baía de Freetown que serviu de importante cais, Londres criou uma base naval para perseguir aos que violassem a disposição da rainha.

Mas o passar do tempo não fez esquecer os horrores do tráfico e os horrendos cais de escravos. Um passado doloroso e triste.

*Colaborador da Prensa Latina.

África: Embarcaderos de esclavos

Por Roberto Correa Wilson*.

La Habana (PL) Gorée es en la actualidad un lugar apacible donde el visitante puede ver espaciosos hoteles para turistas, rodeados de verdes jardines con palmeras típicas africanas, y a jóvenes, nativos o extranjeros, tomados de la mano paseando despreocupados por las proximidades del mar.

También puede ver a numerosas personas que se buscan la vida vendiendo artículos de su rica artesanía u ofreciendo productos agrícolas, mientras no lejos de las costas los pescadores lanzan redes en una pesca que podría representar el sustento del día para la familia o la solución a otras necesidades.

Numerosas embarcaciones conectan la isla con tierra firme de Senegal en un intenso trasiego que dura hasta la caída de la tarde en que disminuyen los trajines del día. Eso es en general, lo que el visitante percibe en la isla de Gorée.

Quedan en la memoria los sucios barracones donde los esclavos eran hacinados y encadenados a las paredes, y que después de larga espera y en medio de horribles sufrimientos los subían a los buques negreros que los llevarían al que por cruel ironía se le denominaba Nuevo Mundo.

En ese mundo nuevo americano o caribeño, tenían que realizar trabajo esclavo para enriquecer a los propietarios de las plantaciones agrícolas. Los traficantes, portugueses, ingleses o franceses; holandeses o españoles, llenarían también sus bolsas con el infame negocio. La demanda de fuerza de trabajo crecería con la implantación de nuevos hacendados.

Da Mosto

En 1445 el navegante portugués Ga Da Mosto descubrió la península de Cabo Verde en el extremo más occidental de Senegal y decidió establecerse en la isla Gorée. A partir de esa decisiónquedó sellado el futuro inmediato de la ínsula, pues los lusitanos fueron los primeros en practicar la Trata, y el sitio fue el primer embarcadero.

Gorée no fue el único lugar del continente por donde se embarcaron esclavos, pero sí el más notable, por eso ha quedado en la historia como uno de los símbolos de lo que significó la esclavitud para Africa, y los ayes de dolor aún pueden escucharse si se pone atención porque flotan en el aire mecidos por el viento en un interminable vaivén.

Por las mazmorras de ese gran almacén pasaron miles de hombres y mujeres cazados en las zonas occidentales, donde la tortura y el látigo restallaban en las espaldas de los africanos. Nunca se sabrá con exactitud los hijos del continente llevados a la isla entre los siglos XV y XVIII.

Otros embarcaderos

En 1446 el navegante portugués Nuno Tristao llegó a Guinea Bissau. A su arribo, el territorio estaba ocupado por mandingas y fulas, entre otros grupos étnicos. En ese mismo siglo XV se creó la Compañía Portuguesa de Guinea que tenía como fin controlar las actividades del país europeo en la nueva colonia.

La entidad fue autorizada por la Iglesia para introducir esclavos en América, una medida que provocó el rechazo de la población autóctona cuya resistencia fue vencida por las armas de los extranjeros.

Las autoridades lusitanas crearon en Guinea Bissau un nuevo embarcadero de esclavos, locales y de zonas cercanas, aunque no alcanzaría las dimensiones y notoriedad de Gorée, a pesar de los intentos de reproducir las condiciones de la isla.

Portugal ejerció el monopolio del comercio humanos en Guinea Bissau hasta el primer tercio del siglo XVI en que aparecieron otros competidores europeos. En todo ese tiempo tuvo que enfrentar la hostilidad de los nativos.

Sao Tomé y Príncipe

En 1471 aparecieron los portugueses en este pequeño archipiélago situado en el extremo occidental del Golfo de Guinea. Los lusitanos utilizaron las islas como depósito de esclavos y punto de partida para el embarque por parte de los denominados mercaderes de la tarde.

Esos traficantes trasladaban desde las costas de Angola, Congo y Guinea, a miles de seres humanos hacia Sao Tomé y Príncipe. Ese comercio motivó actos de heroísmo de los habitantes que se tradujeron en las rebeliones encabezadas por Joan Gato en 1530 y la de Amador Vieira, años más tarde.

Vieira fue proclamado rey por la mayoría de los grupos que sufrían la esclavitud portuguesa. Llegó a movilizar cerca de cinco mil esclavos que los portugueses concentraron en el lugar y comenzó a liberar la mayorías del territorio nacional. Traicionado y hecho prisionero, fue asesinado el 4 de enero de 1596 después de padecer grandes sufrimientos por las torturas a que fue sometido.

Sierra Leona

El portugués Pedro de Cintra arribó a las costas de Sierra Leona en 1460 y la llamó así por las formas geográficas de sus elevaciones vistas desde el litoral. Aquí se creó una factoría y naves donde se hacinaban los esclavos cazados en distintas regiones hasta que llegaban los barcos.

En la gran bahía de Freetown, una de las mayores del continente, se aglomeraban los barcos que luego partían cargados de esclavos hacia América y el Caribe.

En 1834 la Corona británica abolió el comercio de esclavos en las colonias. El país que había participado desde el siglo XVI en la Trata, en el XVIII no era de su interés por estar en curso la Revolución Industrial. La norma de la Corona fue rechazada por hacendados y traficantes.

En la bahía de Freetown que sirvió de importante embarcadero, Londres creó una base naval para perseguir a quienes violaran la disposición de la reina.

Pero el paso del tiempo no ha hecho olvidar los horrores de la Trata y los horrendos embarcaderos de esclavos. Un pasado doloroso y triste.

*Colaborador de Prensa Latina.

Foto: http://ppspatrickpawlowski.centerblog.net

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