Já no primeiro dia após retornar ao exercício do mandato, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) usou rápidos 5 minutos para dizer que é “vítima de uma ardilosa armação, perpetrada por inescrupulosos empresários” e remeteu críticas à Procuradoria-Geral da República, sob o então comando de Rodrigo Janot, na mesma tática de Temer de tentar tirar a credibilidade das acusações.
Diante da decisão do Senado de contrariar a Primeira Turma do STF e mantê-lo no cargo parlamentar, Aécio abusou da reversão de papéis entre criminoso e vítima, usando ainda tons de que “perdoa”: “Fui sim alvo dos mais vis e graves ataques nos últimos dias, mas não retorno a essa Casa [o Senado] com rancor ou ódio. Venho acompanhado da serenidade dos homens de bem”.
“Sou vítima de uma ardilosa armação, perpetrada por inescrupulosos empresários que enriqueceram às custas do dinheiro público, e não tiveram qualquer constrangimento em acusar pessoas de bem, na busca dos benefícios de uma inaceitável delação, ora suspensa em razão de parte da verdade estar vindo à tona”, disse no Plenário.
Atacando a PGR, sob o então comando de Janot, tirou as acusações contra si e reverteu aos investigadores, uma vez que procuradores da equipe do ex-PGR foram acusados de participar de esquema para fechar delações premiadas.
“Mas o que é mais grave, corroboraram, contribuíram para essa trama ardilosa homens de Estado, notadamente alguns que tinham assento até muito pouco tempo, na Procuradoria-Geral da República. Novos depoimentos, delações, gravações que haviam sido omitidas, vão dando contorno claro às razões que levaram àquela construção, repito, criminosa, da qual fui vítima”, insistiu.
Enquanto o senador tucano falava, nenhum tumulto ou diferença no cenário da Casa, que seguia com suas atividades e os parlamentares atuavam como apenas mais um dia de trabalhos.
Conforme vem publicando o GGN, Aécio é figura descartada do PSDB e a mobilização do presidente Michel Temer e de outros senadores em prol do tucano foram feitas com motivações específicas do jogo: enquanto os senadores estavam salvando a própria pele, em possíveis futuras medidas cautelares contra eles pelo STF, o mandatário estava de olho no apoio recíproco dos partidos na denúncia que tramita na Casa baixa, a Câmara.
Ainda que com o retorno de Aécio ao Senado, o PSDB já analisa que o parlamentar não poderá mais presidir o partido: “Acho que ele não tem condições, dentro da circunstância que está, de ficar como presidente do partido. E nós precisamos ter uma solução definitiva e não provisória”, disse o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE).
Fonte: Jornal GGN