Por Ivan Longo.
A advogada Margareth Hernandes, presidente da Comissão de Direito Homoafetivo e Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Santa Catarina (OAB-SC), relatou através de suas redes sociais, nos últimos dias, que está sendo alvo de ofensas e ameaças de morte feitas por bolsonaristas.
As ameaças começaram logo após ela se manifestar em repúdio ao estupro coletivo sofrido por um jovem homossexual de Florianópolis, que além de abusado sexualmente, foi torturado e teve seu corpo tatuado à força com palavras homofóbicas. O crime aconteceu na segunda-feira (31) e ele está internado em estado grave.
“Mais um dia de violência no país que mais mata homo e transexuais no mundo. Essa violência que cresce assustadoramente com o incentivo de algumas igrejas, do presidente da República, de alguns prefeitos, governadores e parlamentares. Discursos de ódio são aplaudidos e por conta desses aplausos pessoas morrem de forma cruel, porque seus algozes se encontram legitimados por um governo genocida e homofóbico. Até quando????”, escreveu a advogada, em suas redes sociais, na sexta-feira (4), ao compartilhar a notícia sobre o estupro coletivo. Ela acredita que tenha sido essa a postagem que motivou os ataques de bolsonaristas.
Em vídeo postado no Instagram neste sábado (5), Margareth disse que um jornal de Passo Fundo (RS) criou uma fake news dizendo que ela responsabiliza Jair Bolsonaro pelo estupro sofrido pelo jovem. “Não disse isso em momento algum. Disse que os discursos de ódio feitos por políticos, inclusive o presidente da República, e líderes religiosos, estimulam a violência. Então, precisamos combater o discurso de ódio”, declarou.
“Depois disso as minhas redes foram invadidas. Recebi umas 40 mensagens de ódio terríveis contra minha pessoa, ameaçando minha vida, desejando minha morte por Covid. Fiquei muito nervosa porque só estou lutando pelo bem, o tempo inteiro, lutando em prol dessas pessoas que sofrem essas violências. Então, estou passando para avisar que vou ficar um tempinho afastada. Peço que orem por mim nesse momento tão difícil. Pessoas doentes, não sei o que elas têm”, completou.
Em postagem feita no Facebook, ela reforçou as ameaças que vem sofrendo e informou ainda que vai registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil.
Confira.
O crime
Um crime bárbaro ocorrido em Florianópolis (SC) vem mobilizando a comunidade LGBT. Um jovem de 22 anos sofreu um estupro coletivo de três agressores, foi agredido, torturado e ainda teve seu corpo tatuado à força com palavras homofóbicas.
O caso aconteceu na última segunda-feira (31) na região central da capital catarinense e foi divulgado nesta sexta-feira (4) pela página Universo LGBTQIA+ no Instagram. A ocorrência, inicialmente registrada na Delegacia de Polícia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI), foi encaminhada para a 5ª Delegacia de Polícia de Florianópolis e as investigações ocorrem sob sigilo para preservar a integridade da vítima.
Segundo a polícia, três homens estupraram o jovem homossexual e o violentaram inserindo objetos cortantes em seu ânus, além de tatuá-lo à força. A vítima está internada em estado grave e os criminosos ainda não foram localizados.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (5), a Ordem dos Advogados do Brasil seccional Santa Catarina (OAB-SC) divulgou uma nota em repúdio ao crime bárbaro e manifestando apoio e solidariedade ao jovem agredido.
“As Comissões estão diligenciando esforços, junto às delegacias especializadas e entidades de proteção à comunidade LGBTQI+, para obtenção de informações sobre a apuração da autoria do crime e no auxílio jurídico e atenção aos familiares da vítima, manifestando, desde já, toda a solidariedade”, diz um trecho do texto.