Por Martín Fernández Lorenzo.
Com a direita no poder, a comida típica dos argentinos, o “asado a la parrilla“, a carne assada na brasa, tornou-se um luxo a que apenas poucos privilegiados podem se dar hoje em dia. Comer um churrasco sempre foi uma razão para celebrar dos argentinos, e também uma desculpa para se reunir com pessoas queridas, como o agora quase extinto asado aos domingos com a família.
O salário mínimo no país atualmente é de 10.700 pesos. Se considerarmos o valor de um asado, ao redor de 200 pesos por quilo de carne, uma família de quatro pessoas precisaria de pelo menos 1.000 pesos para poder realizar um almoço destes. O asado básico consiste em carne, linguiças, morcilhas, salada de alface e tomate, pão, bebidas e lenha. Para um asado a la parrilla ficar mais completo teria que ter as achuras, que são chinchulines (tripas) e mollejas (timo), mais o vazio e o matambre de carne de porco ou de boi, além de uma entrada chamada “picada”, que consiste em azeitonas, queijo e salame. Ou seja, não sairia por menos de 2.000 pesos, algo exclusivo para os ricos.
Há ainda um corte de carne chamado falda, que é chamado de “asado dos pobres”, e que tem uma semelhança com os cortes que se usam tradicionalmente, só que seu osso é mais largo e tem muito menos carne. O preço do quilo da falda custa em torno de 100 pesos, ainda bastante salgado para as classes média e baixa.
Segundo o último relatório do IPCVA (Instituto para a Promoção da Carne de Boi Argentina, na sigla em castelhano), o consumo per capita em setembro foi um dos três menores dos últimos 60 anos. Em comparação com o mês de agosto, representa uma queda de 12,5% nas vendas. Os argentinos passaram a trocar a carne pelo macarrão e pelo arroz. “Hoje encontrar operários preparando o tradicional ‘asado’ que faziam durante seu descanso às sextas-feiras é quase impossível”, diz esta reportagem do jornal uruguaio El Observador.
“Como muitos argentinos, Alicia Schwartzman consumia carne de boi várias vezes por semana, tão barata e popular no país quanto os espaguetes na Itália. Mas a aceleração da inflação nos últimos meses –pela desvalorização do peso argentino– a fez mudar bruscamente de dieta para adaptá-la à sua pequena aposentadoria, em meio a uma crise que afeta sobretudo a classe média”, conta o jornal. Alicia, de 70 anos, falou que quase não come mais carne nem peixe porque o preço “está nas nuvens”. A carne foi um dos produtos (ao lado do leite, do óleo, da farinha de trigo, do açúcar, do tomate e da alface) que mais encareceram desde que Macri assumiu o poder: os preços subiram acima de 100%.
Neste vídeo, aposentados contam que trocaram a carne pelo fígado e pelo ovo.
como a direita governa? olhem o que aconteceu com os idosos na argentina de macri, que tem um novo parça no brasil agora.#REFORMADAPREVIDENCIA
(via @ali_anzola) pic.twitter.com/uoQ4JLWeg2— cynara menezes ????? (@cynaramenezes) October 31, 2018