Texto e fotos por Lívia Monte.
Nesta quinta-feira, 14 de fevereiro, a Secretária de Justiça e Cidadania de Santa Catarina, Ada de Luca, foi convidada pelo vereador Tiago Silva (PDT) a comparecer a Câmara de Vereadores de Florianópolis para explicar a situação da segurança pública na cidade.
O que dizer sobre o nobre evento? Foi uma conversa fechada que ocorreu no gabinete do presidente da Câmara de Vereadores César Faria (PSD). Estiveram presentes 19 vereadores e alguns outros representantes.
À nós, a imprensa, foi permitida a entrada em alguns momentos da conversa para tirar fotos ou captar imagens. No momento em que entrei, a palavra pertencia ao representante da Assembleia Legislativa Manoel Mota (PMDB), o qual falou a seguinte bobagem: “Para cada ônibus queimado deveria morrer dois lá dentro”! Imagino que o deputado estadual se referia à cadeia quando disse “lá dentro” e espero profundamente que o DEAP (Departamento de Administração Prisional) não siga o conselho do deputado.
O encontro terminou com aquele “ar” de insatisfação. O que foi dito para imprensa foi que os ataques aos ônibus são decorrência de uma facção organizada, que não aprova os processos de resocialização do DEAP e a superlotação nas cadeias. Ao ser perguntada sobre a possibilidade de tropas nacionais interferirem no Estado, Ada se limitou a dizer que era a favor e negou que as mesmas já tivessem sido já solicitadas por Santa Catarina.
Foi interessante notar que a secretária responsável pela justiça e a cidadania de Santa Catarina não mencionou o Toque de Recolher que entra em vigor amanhã. Aos desinformados, os ônibus amanhã funcionarão das 7h às 19h, porque a cidade não é capaz de oferecer segurança para a população e para os funcionários do transporte público.
O vereador Tiago Silva, ao ser questionado sobre a reunião, disse: “O sistema prisional nacional e estadual está falido!” Parece que ele foi um dos únicos que entendeu que a situação caótica pela qual nossa cidade está passando não se trata de segurança pública e sim de um sistema prisional oprimido, falido e desumano.
Até quando a cidade de a Florianópolis pode ficar em estado de Toque de Recolher? Quero ver a Ada de Luca responder essa pergunta.
Isso não é reportagem, mas um exercício de opinião. O Desacato deveria rever sua política editorial.
há tempos espero esse dia em que todos os carros sairiam ao mesmo tempo em florianopolis,trancando-se todas as ruas simultaneamente. Pra quem achava que o transito aqui é caótico, ainda nao viu nosso potencial de iiimobilidade urbana…
Já que tudo nessas cabeças dinossáuricas é uma questão de violência contra violência, poderíamos simplesmente inverter a frase do deputado: “Para cada ônibus queimado deveria morrer dois aqui dentro”, entendendo-se “aqui dentro” como a câmara dos deputados. Ou, é até de se perguntar: se os tais criminosos estão tão articulados politicamente, p q atacam apenas os ônibus e não, por exemplo, a casa do governador? Não tenho muita certeza que a população ficaria muito incomodada se os alvos mudassem… Já que a tortura é completamente desconsiderada pelas otoridades, talvez, tudo mudasse se elas se sentissem ameaçadas, afinal, elas não andam de ônibus e sim, às nossas custas, com carrões e motoristas, jatinhos, helicópteros…
Dá pra entender porque tirar o principal transporte público da cidade é solução quando conhecemos quem está por trás da secretaria de segurança.