Acusado de envolvimento com grupo de extermínio assume comando do policiamento em Goiânia

Entre mudanças na área da segurança pública promovidas pelo governador Marconi Perillo (PSDB) está a nomeação do tenente-coronel Ricardo Rocha Batista à frente do Comando de Policiamento da Capital. Em nota, Ministério Público do estado manifestou “preocupação” com a medida uma “vez que o servidor é processado judicialmente por prática de crimes graves”

Redação de Revista Fórum*

O governador de Goiás Marconi Perillo iniciou nesta semana uma série de mudanças na área da segurança pública no estado. No âmbito da operação denominada Tolerância Zero, o tenente-coronel Ricardo Rocha Batista, apontado pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal (PF) como participante de grupo de extermínio, vai assumir o Comando do Policiamento da Capital, em Goiânia.
Ainda que diversos processos tenham sido extintos por falta de testemunhas, Rocha Batista é alvo de investigação sigilosa da Polícia Federal, já que crimes com características de grupo de extermínio cometidos no estado foram federalizados em 2012.
Alguns dos delitos ocorreram em 2009, quando uma série de moradores de rua teriam sido executados por policiais militares em troca de propina de comerciantes. Estes casos estão entre os 50 que culminaram na Operação Sexto Mandamento (que no texto bíblico é “não matarás”), deflagrada em fevereiro de 2011, culminando na prisão de 19 PMs, incluindo à época o então major Rocha Batista.
Além da investigação feita pela PF, o hoje comandante do policiamento de Goiânia foi denunciado pelo Ministério Público do estado por participação em uma chacina que resultou em cinco mortes e crime de pistolagem, quando era o subcomandante da PM em Rio Verde, no Sudoeste goiano. Depois disso, Rocha Batista foi transferido para a capital do estado, onde comandou a Rotam entre 2003 e 2005, período no qual a PM mais matou na capital, registrando-se 117 homicídios atribuídos à corporação.
Em nota, o MP de Goiás manifestou “preocupação” com a nomeação. “O Ministério Público de Goiás, apesar de reconhecer a legitimidade do Governo do Estado para definição de seus auxiliares, expressa preocupação com a nomeação do coronel PM Ricardo Rocha para o Comando do Policiamento da Capital, vez que o servidor é processado judicialmente por prática de crimes graves”, diz nota do órgão.
“Nossos policiais são cidadãos que também têm direito à paz”
O governador Perillo trocou também o titular da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSP-GO), assumindo o vice-governador José Eliton, que substituiu Joaquim Mesquita. A troca na secretaria foi anunciada pelo perfil do Twitter do governador dois dias após a morte da estudante Nathália Zucatelli, de 18 anos, que foi baleada na saída de um cursinho pré-vestibular no Setor Marista, em Goiânia.
Em sua página pessoal no Facebook, Eliton elogiou a polícia goiana após assumir o cargo. “Nossos policiais são cidadãos que também têm direito à paz. É preciso que a sociedade ampare, proteja e reconheça o seu papel. Antes de tudo, ele é um amigo. É a pessoa que vai ajudar, é o cidadão que está presente em todos os momentos”, postou.
Eliton também defendeu a nomeação de Ricardo Rocha em nota, afirmando que o tenente-coronel “empreendeu projetos inovadores na operação policial, com resultados sempre positivos na queda de índices de criminalidade”. “Com 25 anos de atuação na PM, possui todas as medalhas de destaque operacional, além de honrarias concedidas pelo Poder Legislativo e títulos de cidadania em municípios onde atuou, como Rio Verde e Formosa. Não há, portanto, fatos que possam desabonar a sua conduta”, afirma.

*Com informações do Correio Braziliense
Foto de capa: Reprodução
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