A vigência do legado de Chávez, oito anos após a sua partida física

Foto: Captura de tela Chávez no ato Não À Alca

Por Beto Almeida.

Seu legado, sua contribuição à humanidade, à luta de libertação aos povos da América Latina desafiam o tempo e seguem comprovando-se imprescindíveis. Sua exuberante prioridade à educação política permanente dos povos, atuando como um encantador e animador da chama revolucionária que incendeia consciências, abre os olhos dos povos para não cair nos truques infames que o capitalismo arma a da dia para manter sua indecente exploração animal sobre as massas, é um exemplo para todos os que lutam pela transformação da sociedade.

A capacidade de Hugo Chávez que fazer uma dialética recuperação do ideário de Bolivar, trazendo-o para os dias de hoje é pedagógica e contrasta com dirigentes que não aproveitam o espaço e as ferramentas que têm em mãos para uma construção da consciência libertadora. Chávez recuperou o jornal Correio do Orinoco, do qual fez parte do brasileiro Abreu e Lima, general pernambucano que lutou ao lado de Bolívar, fundador do periódico. Destaca Chávez,  aos quatro ventos, a preocupação de Bolívar por levar uma impressora numa caravela pelo Rio Orinoco, fazendo tremendo esforço para conseguir papel num país conflagrado por uma guerra civil, para imprimir o jornal. Pensava na batalha das ideias, na construção da consciência libertária. Esse exemplo de Bolívar foi seguido mais tarde por Mao Tse Tung, na Grande Marcha, na China, quando montou uma imprensa sobre uma carroça, que percorreu mais de 10 mil km, imprimindo periodicamente o jornal, pois a prioridade sempre há de ser a de manter as massas informadas, conscientes, mobilizadas.

Nem em Bolívar, nem em Mao Tse Tung, nem em Hugo Chávez predominavam o pensamento estritamente militar, mas o pensamento revolucionário, rigorosamente necessário e libertador, que, em vários momentos, teve como veículo a ação militar. Mas, sobretudo Chávez destacou-se como uma dirigente social, não como um militar, com proposições claras para reorganizar em novas bases a economia, a produção, a educação, a saúde, a participação política, a cultura, a vida artística do povo, o estímulo sistemático para a elevação do nível de leitura das massas, a começar pela erradicação do analfabetismo, alimentando incessantemente, por rádio e tv, um clima de solidariedade, de amor pela cultura, pelos livros, forjando um ambiente para que toda a sociedade se sentisse digna e orgulhosa em vencer a batalha contra o analfabetismo. Isto só ocorreu no Brasil no Governo de Jango, que nomeou Paulo Freire, o grande educador, diretor da Campanha Nacional de Alfabetização, interrompida, violentamente,  pelo golpe cívico-militar de 1964. Brizola também foi exemplar em praticamente erradicar o analfabetismo quando governador do Rio Grande do Sul. Nos governos petistas, nacional e estaduais, a batalha contra o analfabetismo foi desgraçadamente abandonada, colocada em segundo plano, nunca foi prioridade pagar esta imensa dívida com o povo brasileiro.

Enquanto no Brasil as rádios comunitárias eram perseguidas, fechadas, destruídas pelo governo, Chávez estava montando a Telesur, pela qual os povos do mundo passaram a conhecer de forma digna os presidentes progressistas da América Latina como Fidel, Nestor Kirchner, Lula, Evo Morales, Fernando Lugo, Rafael Correa, Daniel Ortega, Por Telesur o mundo foi informado que Nicarágua, Venezuela, Bolívia, Equador e Cuba erradicaram o analfabetismo. Foi por Telesur que o mundo se informou que a Bolivia nacionalizou seus recursos minerais, bem como o Equador, reduzindo a miséria, expandindo vigorosamente programas sociais. Foi pela Telesur que a humanidade teve a informação correta da execução do Programa Mais Médico no Brasil e que o Brasil descobriu, com recursos tecnológicos genuinamente brasileiros, desenvolvidos pela estatal Petrobrás, o petróleo da camada pré-sal. Não há como deixar de reconhecer que o pensamento de Hugo Chávez é rigorosamente de um dirigente social à altura dos desafios da História.

A capacidade de educação política das massas, formatando uma aliança cívico-militar, produzindo uma formidável revolução cultural nas Forças Armadas da Venezuela colocam Chávez como um dos dirigentes mais geniais de nosso tempo. Seu questionamento ao imperialismo e ao neoliberalismo é de tal modo comprometido que sentiu-se na obrigação de convocar a formação de uma V Internacional, para unificar os movimentos revolucionários mundialmente, consciente de que não se pode vencer a guerra contra o imperialismo sem uma articulação ampla, unitária, de países, partidos e movimentos em escala internacional, pois que a opressão devastadora do imperialismo é igualmente internacional.

Esta capacidade de educador político de Hugo Chávez se reflete hoje na capacidade de resistência das massas bolivarianas, mesmo diante de sanções impostas pelos EUA que lhes causam inúmeros sofrimentos e e dificuldades, como, por exemplo, no desabastecimento dos alimentos e em seus preços manipulados. Assim mesmo, a educação permanente de Hugo Chavez formou dirigentes e gerações de revolucionários que não  possuem a mínima ilusão com Bobama, Trump ou Biden, que já decidiu-se por expandir as agressões contra a Venezuela, seguindo sua trajetória de criminoso de guerra que organizou guerras contra a Síria e a Líbia.  Esta resistência de 22 anos de Revolução Bolivariana só é possível pela arquitetura organizada por Hugo Chávez, construindo politicamente a aliança cívico-militar, reorganizando a política externa venezuelana, que tem suas alianças prioritária com a Rússia, China, Irã, Cuba e Turquia. Inúmeros golpes a Revolução Bolivariana foram derrotados, a mobilização de massas, a sua educação política, a organização de uma Milícia Popular com 4 milhões de membros armados e treinados pelas FFAAs, desestimula e desanima os golpistas. O investimento permamente em informação pública e comunitária, na educação e saúde públicas, em programas de construção e distribuição de 4 milhões de moradias equipadas com fogão, geladeira e televisão, numa população de 30 milhões de habitantes, dá uma noção do que é o Legado de Hugo Chávez e da potência de seu pensamento libertador, transformador e socialista. Enquanto o Brasil perde seu petróleo, seus direitos trabalhistas e sociais pagando um amargo preço por ilusões com os EUA e por não ter organizado uma resistência ao golpe de 2016, a Venezuela mantém o controle nacional sobre seu petróleo, sela programas de cooperação com a indústria petroleira russa, chinesa e iraniana, assegurando sua sagrada soberania sobre  sua mais importante riqueza, inclusive por meio de cooperação militar que assegura uma capacidade de defesa da Venezuela que intimida os inimigos. Entre os preciosos ensinamentos de Hugo Chavez está o de não cultivar ilusões com o palavreado enganoso de Obama, a quem denunciou com rigor por organizar as agressões ilegais à Síria e a Líbia.  Aliás, Obana decretou o lançamento de bombardeios contra a Líbia em visita ao Brasil, quando também já havia decidido espionar e desestabilizar o Governo Dilma, estimulando interferências por meio de ações junto ao Judiciário Brasileiro (Lava Jato) e também das chamadas Jornadas de Julho de 2013, com a clara intenção golpista. Apesar disso, todas estas ações desestabilizadoras foram toleradas e jamais houve uma denúncia claro sobre o papel criminoso de Obama, como Chávez jamais deixou de denunciar.

Tais exemplos, tais condutas, tais realizações, que conformam o seu Legado Revolucionário, seguem plenamente vigentes, desafiando as novas gerações de revolucionários a manter acesa a chama indispensável dos ensinamentos inesgotáveis que Hugo Chávez nos transmitiu, não como uma referência apenas, mas como uma convocação para a ação consciente, para a educação política revolucionária permanente dos movimentos, que alguns abandonaram, e para lembrar que sem a construção de uma Frente Única Antiimperialista  em escala mundial, não poderemos vencer a batalha de ideias contra o criminoso sistema capitalista.

Hugo Chávez e seu legado, são uma necessidade da história. As novas gerações de revolucionários estão na obrigação de zelar por seu patrimônio revolucionário, político e moral, que forma parte do mais elevado das conquistas revolucionárias de toda a América Latina, que não deve deixar de buscar sempre sua unidade, sua integração, como apaixonada e conscientemente Chávez sempre defendeu.

 

A opinião do/a autor/a não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.

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