Por Dinovaldo Gilioli*, de Florianópolis, para Desacato.info
Ando meio desamparado pelo tempo, como se a aposentadoria fosse o fim de uma trajetória, o ponto final de um percurso. A vida é sempre inconclusa em suas várias fases e facetas, inútil classificá-la, determiná-la somente pela lógica dos homens.
O conceito de eficiência está ligado ao valor de uma moeda. Ledo engano atribuir vida a coisas, desprovidas de real sentido. Só o tempo emerge à razão, ou não. E a razão não está no capital, mas em captar a essência do que é ser humano.
Ando confundindo “dias úteis” com sábados e domingos, com feriados. E essa confusão me liberta, me deserda da produtividade. Esta, endeusada pelo mercado como solução de todos os problemas; criados pelo próprio sistema.
Ah, pobre humanidade, que faz da mentira absoluta verdade. Escravos do dinheiro, pousam de livres em suas bolsas de valores. A vida de muitos na mão de poucos. Os imundos “donos do mundo”.
Daqui, de meu olhar descompromissado com o tempo, rio dos que afirmam que tempo é dinheiro. Tempo é vida pra ser vivida em qualquer dia, e não só na aposentadoria. Descubra isto, antes que seja tarde!
Dinovaldo Gilioli, autor dos livros Sindicato e Cultura (Sinergia/Editora Insular) e Cem poemas (Editora da UFSC), entre outros.
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