A foto de uma menina síria de olhos azuis, vestindo roupas sujas e alheia aos problemas da guerra viralizou em páginas do Facebook e grupos de WhatsApp. Até mesmo alguns famosos, ‘comovidos’, ajudaram a espalhar a mensagem. Autor da imagem veio à público contar a verdadeira história
A frase acima é a legenda que acompanha a foto de uma menina de olhos azuis e que se tornou viral em páginas do Facebook e grupos de WhatsApp nos últimos dias, no Brasil e no mundo.
Uma outra publicação que divulgou a mesma imagem e repercutiu bastante dizia o seguinte: “Seu mundo caindo e ela sorrindo. Essa Princesa foi encontrada sozinha durante o bombardeio da Síria, e sem saber o que está acontecendo ela sorri”.
Uma das pessoas que divulgaram a imagem foi a atriz global Giovana Antonelli. Apenas no post dela, houve cerca de 110 mil curtidas.
A verdade por trás da foto
Após a repercussão mundial da imagem e das inúmeras deturpações do texto que acompanhava a foto a cada vez que ela era divulgada, o autor da fotografia, Ahmad Al-Sabouni, veio à público divulgar a verdadeira história e desmentir os boatos.
Segundo ele, a menina se chama Sidra, mora na cidade de Homs e não “foi encontrada sozinha” no momento do clique. Para deixar tudo às claras, Ahmad Al-Sabouni fez dois posts no Facebook para explicar o episódio.
No primeiro, as fotos mostram a menina com as mesmas roupas sujas, aparentemente no mesmo dia e local das imagens que ganharam o mundo. Desta vez, porém, ela está acompanhada de outras crianças, o que, na prática, desmonta a ideia de que ela estava sozinha.
Na outra postagem, ela está limpa, e com os cabelos penteados, aparentemente no colo de um adulto. O fotógrafo diz que a menina vive com os pais, que estão vivos e saudáveis, numa área segura do país, chamada Bab-Houd, sob controle do governo sírio.
Guerra na Síria
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) divulgou nesta terça-feira (13), pelo menos 353.935 pessoas morreram na guerra na Síria ao longo de sete anos. Destes, quase um terço corresponde a civis.
A apuração contabiliza a morte de 106.390 civis, entre os quais 19.811 eram menores de idade e 12.513, mulheres.
Além disso, o OSDH documentou a morte de 59.424 sírios e 63.360 estrangeiros que combatiam em grupos rebeldes e islamitas, como o Estado Islâmico (EI) e o antigo braço sírio da Al Qaeda.
Já entre as forças leais ao presidente sírio, Bashar al Assad, morreram 63.820 militares, 48.814 milicianos sírios, 1.630 membros do grupo xiita libanês Hezbollah e outros 7.686 estrangeiros xiitas.
A ONG acrescentou que o governo de Assad controla atualmente 57,57% do território sírio, enquanto as Forças da Síria Democrática (FSD), milícias lideradas por curdos, dominam 26,8%.
Diferentes facções islamitas e rebeldes possuem 12,7% do terreno; as forças turcas, que iniciaram uma ofensiva no norte do país em 20 de fevereiro, assumiram o controle de 1,9% da Síria; e o Estado Islâmico (EI) controla uma parte marginal do resto do país.